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VERSO 1

brahmovāca
jñāto ’si me ’dya sucirān nanu deha-bhājāṁ
na jñāyate bhagavato gatir ity avadyam
nānyat tvad asti bhagavann api tan na śuddhaṁ
māyā-guṇa-vyatikarād yad urur vibhāsi

brahmā uvāca — o Senhor Brahmā disse; jñātaḥ — conhecido; asi sois; me — por mim; adya — hoje; sucirāt — depois de muito tempo; nanu — mas; deha-bhājām — daquele que tem um corpo material; na — não; jñāyate — é conhecido; bhagavataḥ — da Personalidade de Deus; gatiḥ — curso; iti — assim o é; avadyam — grande ofensa; na anyat — ninguém além; tvat — Vós; asti — há; bhagavan — ó meu Senhor; api — mesmo que haja; tat — qualquer coisa que haja; na — nunca; śuddham — absoluto; māyā — energia material; guṇa-vyatikarāt — por causa da mistura dos modos de; yat — aos quais; uruḥ — transcendental; vibhāsi — sois.

O senhor Brahmā disse: Ó meu Senhor, hoje, depois de muitos e muitos anos de penitência, pude finalmente Vos conhecer. Oh! Quão desventuradas são as entidades vivas corporificadas que não são capazes de conhecer Vossa personalidade! Meu Senhor, sois o único objeto que se pode conhecer porque não há nada superior a Vós. Se existe algo supostamente superior a Vós, tal coisa não é o Absoluto. Vós existis como o Supremo, manifestando a energia criadora da matéria.

SIGNIFICADO—O ponto máximo da ignorância das entidades vivas, que estão condicionadas por corpos materiais, é que elas não têm conhecimento da causa suprema da manifestação cósmica. Diferentes pessoas têm diferentes teorias relativas à causa suprema, mas nenhuma delas é genuína. A única causa suprema é Viṣṇu, e o obstáculo interveniente é a energia ilusória do Senhor. O Senhor emprega Sua maravilhosa energia material para manifestar muitas e muitas distrações maravilhosas no mundo material, e as almas condicionadas, iludidas por essa energia, são, deste modo, incapazes de conhecer a causa suprema. Os cientistas e filósofos mais vigorosos, portanto, não podem ser aceitos como magníficos. Eles apenas parecem maravilhosos porque são instrumentos nas mãos da energia ilusória do Senhor. Iludida, a massa popular em geral nega a existência do Senhor Supremo e aceita os produtos disparatados da energia ilusória como sendo supremos.

Pode-se conhecer a causa suprema, a Personalidade de Deus, pela misericórdia sem causa do Senhor, que é concedida aos devotos puros do Senhor, tais como Brahmā e aqueles que estão em sua sucessão discipular. Somente através dos atos de penitência é que o senhor Brahmā pôde ver o Garbhodakaśāyī Viṣṇu, e somente através da realização pôde ele compreender o Senhor tal como Ele é. Brahmā ficou extremamente satisfeito ao observar a beleza e opulência magnificentes do Senhor, e reconheceu que não há nada comparável a Ele. É somente através de penitências que podemos apreciar a beleza e a opulência do Senhor, e, quando nos familiarizamos com essa beleza e opulência, não somos mais atraídos por nada mais. Isso é confirmado na Bhagavad-gītā (2.59): paraṁ dṛṣṭvā nivartate.

Os seres humanos tolos, que não se esforçam por investigar a beleza e opulência supremas do Senhor, são condenados aqui por Brahmā. É indispensável que todo ser humano tente obter tal conhecimento, e aquele que não o tentar desperdiçará sua vida. Qualquer coisa que seja bela e opulenta no sentido material é desfrutada pelas entidades vivas que são como corvos. Os corvos ocupam-se sempre em remexer o lixo rejeitado, ao passo que os cisnes brancos não se misturam com os corvos. Pelo contrário, sentem prazer em lagos transparentes com flores de lótus, rodeados por belos pomares. Contudo, não resta dúvidas de que os corvos e os cisnes são aves por nascimento, mas não são da mesma plumagem.

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