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VERSO 33

yadā rahitam ātmānaṁ
bhūtendriya-guṇāśayaiḥ
svarūpeṇa mayopetaṁ
paśyan svārājyam ṛcchati

yadā — quando; rahitam — livre de; ātmānam — o eu; bhūta — elementos materiais; indriya — sentidos materiais; gua-āśayaiḥ — sob a influência dos modos materiais da natureza; svarūpeṇa — em existência pura; mayā — por Mim; upetam — aproximando-te; paśyan — vendo; svārājyam — reino espiritual; ṛcchati — desfrutar.

Quando estiveres livre da concepção dos corpos grosseiro e sutil e quando teus sentidos estiverem livres de todas as influências dos modos da natureza material, compreenderás tua forma pura em Minha companhia. Nessa altura, estarás situado em consciência pura.

SIGNIFICADO—No Bhakti-rasāmṛta-sindhu, afirma-se que uma pessoa cujo único desejo é prestar transcendental serviço amoroso ao Senhor é uma pessoa livre sob qualquer condição de existência material. Essa atitude de serviço é o svarūpa, ou forma real, da entidade viva. O Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu, no Caitanya-caritāmṛta, também confirma essa afirmação, declarando que a verdadeira forma espiritual da entidade viva é o serviço eterno ao Senhor Supremo. A escola māyāvāda estremece ao pensar em uma atitude de serviço na entidade viva, não sabendo que, no mundo transcendental, o serviço ao Senhor baseia-se em amor transcendental. O transcendental serviço amoroso não deve ser comparado de forma alguma ao serviço forçado do mundo material. No mundo material, mesmo que tenhamos o conceito de que não somos servos de ninguém, ainda assim somos servos de nossos sentidos, sob o ditame dos modos materiais. Na realidade, ninguém é senhor aqui no mundo material, e, em razão disso, os servos dos sentidos têm uma péssima experiência da postura de serviço. Eles estremecem ao pensar em serviço porque não têm conhecimento da posição transcendental. No transcendental serviço amoroso, o servo é tão livre quanto o Senhor. O Senhor é svarāṭ, ou totalmente independente, e o servo também é totalmente independente, ou svarāṭ, na atmosfera espiritual, porque ali não há serviço forçado. Ali, o transcendental serviço amoroso se deve ao amor espontâneo. Um vislumbre refletido de tal serviço é experimentado no serviço que a mãe presta ao filho, no serviço que o amigo presta a seu amigo ou no serviço que a esposa presta ao esposo. Esses reflexos de serviço por parte de amigos, pais ou esposas não são forçados, mas são, isto sim, devidos apenas ao amor. Aqui neste mundo material, entretanto, o serviço amoroso é mero reflexo. O verdadeiro serviço, ou serviço em svarūpa, está presente no mundo transcendental, na companhia do Senhor. O mesmíssimo serviço com amor transcendental pode ser praticado com devoção aqui.

Este verso também pode ser aplicado à escola dos jñānīs. O jñāni iluminado, ao se livrar de todas as contaminações materiais, a saber, os corpos grosseiro e sutil, juntamente com os sentidos dos modo materiais da natureza, é situado no Supremo, libertando-se, assim do cativeiro material. Na verdade, os jñānīs e os devotos concordam até o ponto da liberação da contaminação material. Todavia, enquanto os jñānīs se contentam com a plataforma do simples entendimento, os devotos desenvolvem mais avanço espiritual no serviço amoroso. Os devotos desenvolvem uma individualidade espiritual em sua atitude espontânea de serviço, que aumenta cada vez mais, até chegar ao estágio de mādhurya-rasa, ou o transcendental serviço amoroso reciprocado entre o amante e a amada.

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