VERSO 36
yad bhrājamānaṁ sva-rucaiva sarvato
lokās trayo hy anu vibhrājanta ete
yan nāvrajañ jantuṣu ye ’nanugrahā
vrajanti bhadrāṇi caranti ye ’niśam
yat — o planeta que; bhrājamānam — iluminando; sva-rucā — pela autorrefulgência; eva — apenas; sarvataḥ — em toda parte; lokāḥ — sistemas planetários; trayaḥ — três; hi — certamente; anu — por isso; vibhrājante — distribuem luz; ete — estes; yat — o planeta que; na — não; avrajan — alcançam; jantuṣu — com as entidades vivas; ye — aqueles que; ananugrahāḥ — não misericordiosos; vrajanti — alcançam; bhadrāṇi — atividades para o bem-estar; caranti — dedicam-se a; ye — aqueles que; aniśam — constantemente.
Os autorrefulgentes planetas Vaikuṇṭha, por cuja iluminação apenas todos os planetas luminosos dentro deste mundo material distribuem luz refletida, não podem ser alcançados por quem não é misericordioso com outras entidades vivas. Podem alcançar os planetas Vaikuṇṭha somente aqueles que constantemente se dedicam a atividades para o bem-estar de outras entidades vivas.
SIGNIFICADO—Eis uma descrição de dois aspectos dos planetas Vaikuṇṭha. O primeiro é que, no céu Vaikuṇṭha, não há necessidade do Sol nem da Lua. Isso é confirmado pelas Upaniṣads, bem como pela Bhagavad-gītā (na tad bhāsayate sūryo na śaśāṅko na pāvakaḥ). No mundo espiritual, os Vaikuṇṭhalokas são autoiluminados; portanto, não há necessidade de Sol, de Lua ou de luz elétrica. De fato, é a iluminação dos Vaikuṇṭhalokas que se reflete no céu material. É esse reflexo apenas que ilumina os sóis nos universos materiais; após a iluminação do Sol, todas as estrelas e luas são iluminadas. Em outras palavras, todos os astros no céu material tomam iluminação emprestada de Vaikuṇṭhaloka. A partir deste mundo material, contudo, as pessoas podem ser transferidas a Vaikuṇṭhaloka, caso se dediquem incessantemente a atividades para o bem-estar de todas as demais entidades vivas. Essas incessantes atividades beneficentes só podem ser realmente executadas em consciência de Kṛṣṇa. Não existe trabalho filantrópico dentro deste mundo material além da consciência de Kṛṣṇa que possa ocupar uma pessoa vinte e quatro horas por dia.
Um ser consciente de Kṛṣṇa vive fazendo planos para levar toda a humanidade sofredora de volta ao lar, de volta ao Supremo. Mesmo que alguém não tenha sucesso em redimir todas as almas caídas de volta ao Supremo, ainda assim, por ele ser consciente de Kṛṣṇa, seu caminho para Vaikuṇṭhaloka está aberto. Ele se qualifica pessoalmente para entrar nos Vaikuṇṭhalokas, e quem segue tal devoto também entra em Vaikuṇṭhaloka. Outros, que se ocupam em atividades invejosas, são conhecidos como karmīs. Os karmīs têm inveja uns dos outros. Simplesmente em troca de gozo dos sentidos, eles são capazes de matar milhares de animais inocentes. Os jñānīs não são tão pecaminosos como os karmīs, mas eles não tentam resgatar outras pessoas de volta ao Supremo. Eles praticam austeridades para sua própria liberação. Os yogīs também estão envolvidos com autoengrandecimento, tentando obter poderes místicos. Mas os devotos, os vaiṣṇavas, que são servos do Senhor, lançam-se ao verdadeiro campo de trabalho em consciência de Kṛṣṇa para redimir as almas caídas. Somente pessoas conscientes de Kṛṣṇa estão aptas a entrar no mundo espiritual. Afirma-se isso claramente neste verso e confirma-se a mesma coisa na Bhagavad-gītā, onde o Senhor diz que ninguém Lhe é mais querido do que aqueles que pregam o evangelho da Bhagavad-gītā ao mundo.