VERSO 10
avyakta-vartmaiṣa nigūḍha-kāryo
gambhīra-vedhā upagupta-vittaḥ
ananta-māhātmya-guṇaika-dhāmā
pṛthuḥ pracetā iva saṁvṛtātmā
avyakta — imanifesta; vartmā — sua política; eṣaḥ — esse rei; nigūḍha — confidenciais; kāryaḥ — suas atividades; gambhīra — graves, secretas; vedhāḥ — suas realizações; upagupta — mantido secretamente; vittaḥ — seu tesouro; ananta — ilimitadas; māhātmya — de glórias; guṇa — de boas qualidades; eka-dhāmā — o único reservatório; pṛthuḥ — rei Pṛthu; pracetāḥ — Varuṇa, o rei dos mares; iva — como; saṁvṛta — coberto; ātmā — o eu.
Os recitadores continuaram: Ninguém será capaz de entender que política o rei adotará. Suas atividades serão também muito confidenciais, e ninguém será capaz de entender como ele tornará exitosas todas as atividades. Seu tesouro permanecerá sempre desconhecido para todos. Ele será o reservatório de glórias e boas qualidades ilimitadas, e sua posição será mantida e coberta assim como Varuṇa, a deidade dos mares, é totalmente encoberto pela água.
SIGNIFICADO—Há uma deidade predominante para todos os elementos materiais, e Varuṇa, ou Pracetā, é a deidade predominante dos mares e oceanos. Externamente, parece que os mares e oceanos são desprovidos de vida, mas uma pessoa familiarizada com o mar sabe que, dentro da água, existem muitas variedades de vida. O rei desse reino submarino é Varuṇa. Assim como ninguém pode entender o que está acontecendo no fundo do mar, ninguém poderia entender a política adotada pelo rei Pṛthu para que tudo se tornasse exitoso. Na verdade, o caminho diplomático do rei Pṛthu era muito sério. Seu sucesso se tornou possível por ele ser um reservatório de ilimitadas qualidades gloriosas.
A expressão upagupta-vittaḥ é muito significativa neste verso. Ela indica que ninguém conheceria a extensão das riquezas que o rei Pṛthu manteria confidencialmente. A ideia é que, não somente o rei, mas todos, devem manter seu dinheiro ganho com muita dificuldade confidencial e secretamente para que, oportunamente, esse dinheiro possa ser gasto para propósitos bons e práticos. Em Kali-yuga, entretanto, o rei ou o governo não tem um tesouro bem protegido, e as cédulas feitas de papel são o único meio de circulação. Assim, em momentos difíceis, o governo artificialmente inflaciona a moeda corrente imprimindo papel, e isso aumenta o preço das mercadorias de maneira artificial, tornando muito precária a condição geral dos cidadãos. Assim, guardar dinheiro muito secretamente é uma prática antiga, pois encontramos essa prática presente mesmo durante o reinado de Mahārāja Pṛthu. Assim como o rei tem o direito de manter seu tesouro confidencial e secreto, as pessoas também devem manter em segredo seus ganhos individuais. Esse tipo de conduta não é algo errado. O ponto principal é que todos devem ser treinados no sistema de varṇāśrama-dharma para que o dinheiro seja gasto apenas com boas causas, e nada mais.