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VERSO 21

sa ādi-rājo racitāñjalir hariṁ
vilokituṁ nāśakad aśru-locanaḥ
na kiñcanovāca sa bāṣpa-viklavo
hṛdopaguhyāmum adhād avasthitaḥ

saḥ — ele; ādi-rājaḥ — o rei original; racita-añjaliḥ — de mãos postas; harim — a Suprema Personalidade de Deus; vilokitum — de contemplar; na — não; aśakat — era capaz; aśru-locanaḥ — seus olhos cheios de lágrimas; na — não; kiñcana — nada; uvāca — falou; saḥ­ — ele; bāṣpa-viklavaḥ — sua voz estando trêmula; hṛdā — com seu co­ração; upaguhya — abraçando; amum — o Senhor; adhāt — ele per­maneceu; avasthitaḥ — de pé.

O rei original, Mahārāja Pṛthu, com os olhos cheios de lágrimas e sua voz embargada e trêmula, não podia ver o Senhor muito distintamente nem conseguiu dirigir palavra alguma ao Senhor. Ele sim­plesmente abraçou o Senhor em seu coração e permaneceu assim, de pé e com as mãos postas.

SIGNIFICADO—Assim como Kṛṣṇa é chamado na Brahma-saṁhitā de ādi­-puruṣa, a personalidade original, do mesmo modo, o rei Pṛthu, sendo uma encarnação dotada de poder do Senhor, é chamado neste verso de ādi-rājaḥ, o rei original ou ideal. Ele era um grande devoto e, ao mesmo tempo, um grande herói que derrotou todos os elementos indesejáveis em seu reino. Ele era tão poderoso que, na luta, rivali­zava Indra, o rei do céu. Ele protegia seus cidadãos mantendo-os ocupados em atividades piedosas e devotadas ao Senhor. Ele não reco­lheria um centavo sequer de impostos dos cidadãos se não fosse capaz de lhes dar proteção contra todas as calamidades. A maior calami­dade na vida é se tornar ateu e, portanto, pecaminoso. Se o líder do estado ou rei permite que os cidadãos se tornem pecaminosos, prati­cando vida sexual ilícita, usando drogas, consumindo carne e jogando jogos de azar, então o rei é responsável, tendo que sofrer a resultante sequência de reações das vidas pecaminosas dos cidadãos por cobrar­-lhes impostos desnecessariamente. São esses os princípios para o poder executivo, e, como Mahārāja Pṛthu observava todos os princí­pios de um chefe governamental, ele é chamado aqui de ādi-rājaḥ.

Mesmo um rei responsável como Mahārāja Pṛthu pode tornar-se um devoto puro de primeira ordem. Pelo comportamento do rei Pṛthu, podemos ver distintamente como ele se tornou extático, tanto externa quanto internamente, em serviço devocional puro.

Hoje mesmo vimos nos jornais de Bombaim que o governo pre­tende revogar suas leis proibitivas. Desde o movimento de não-­cooperação de Gandhi, Bombaim tem mantido a “lei seca”, não permitindo que seus cidadãos bebam. Mas, infelizmente, os cida­dãos são tão espertos que aumentaram a destilação ilícita de be­bidas, e, embora não sejam vendidas em estabelecimentos públicos, as bebidas estão sendo vendidas em lavatórios públicos e outros lugares clandestinos semelhantes. Incapaz de coibir essa contravenção, o governo decidiu fabricar bebida a preços mais baratos para que as pessoas possam obter seu suprimento de intoxicação direta­mente do governo ao invés de comprá-lo nos lavatórios públicos. Os membros do governo não conseguiram transformar os corações dos cidadãos, desviando-os da prática de vida pecaminosa, e assim, ao invés de perderem os impostos que coletam para engrossar o tesou­ro, decidiram fabricar bebida para fornecer aos cidadãos que anseiam por ela.

Essa espécie de governo não é capaz de coibir as ações resultantes da vida pecaminosa, a saber, guerra, peste, fome, terremotos e outros distúrbios semelhantes. A lei da natureza dita que, tão logo haja discrepâncias com relação à lei de Deus (o que a Bhagavad-gītā descreve como dharmasya glāniḥ, ou desobediência às leis da natu­reza ou de Deus), imediatamente haverá pesada punição sob a forma de súbitas deflagrações de guerra. Recentemente experimen­tamos uma guerra entre a Índia e o Paquistão. Dentro de catorze dias, houve imensas perdas de homens e dinheiro, e tem havido distúrbios no mundo inteiro. Essas são as reações da vida pecami­nosa. O movimento para a consciência de Kṛṣṇa destina-se a tornar as pessoas puras e perfeitas. Se nos tornarmos mesmo que parcialmente puros, como se descreve no Bhāgavatam (nasta prāyeṣv abhadreṣu), através do desenvolvimento da consciência de Kṛṣṇa, a luxúria e a cobiça, as doenças materiais dos cidadãos, serão reduzi­das. Isso pode ser possível simplesmente pela difusão da mensagem pura do Śrīmad-Bhāgavatam, ou a consciência de Kṛṣṇa. Grandes firmas comerciais e industriais têm contribuído com muitos milhares de rúpias para um fundo de defesa que queima o dinheiro sob a forma de pólvora, mas, infelizmente, se são solicitadas a contribuir liberalmente para o avanço do movimento para a consciência de Kṛṣṇa, elas ficam relutantes. Em tais circunstâncias, o mundo perio­dicamente sofrerá com revoltas e guerras semelhantes, que são as consequências de ele não ser consciente de Kṛṣṇa.

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