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VERSO 11

maitreya uvāca
gaṅgā-yamunayor nadyor
antarā kṣetram āvasan
ārabdhān eva bubhuje
bhogān puṇya-jihāsayā

maitreyaḥ uvāca — o grande santo Maitreya disse; gaṅgā — o rio Ganges; yamunayoḥ — do rio Yamunā; nadyoḥ — dos dois rios; an­tarā — entre; kṣetram — a terra; āvasan — vivendo ali; ārabdhān — destinada; eva — como; bubhuje — desfrutava; bhogān — fortunas; puṇya — atividades piedosas; jihāsayā — com o propósito de reduzir.

O grande sábio e santo Maitreya disse a Vidura: Meu querido Vidura, o rei Pṛthu viveu na região entre os dois grandes rios Ganges e Yamunā. Por ser muito opulento, parecia que estava des­frutando da fortuna a ele destinada a fim de reduzir os resultados de suas atividades piedosas passadas.

SIGNIFICADO—Os termos “piedoso” e “ímpio” são aplicáveis apenas em referên­cia às atividades de um ser vivo comum. Porém, Mahārāja Pṛthu era uma encarnação diretamente dotada de poder pelo Senhor Viṣṇu; portanto, ele não estava sujeito às reações de atividades pie­dosas ou impiedosas. Como já explicamos anteriormente, quando um ser vivo é especificamente dotado de poder pelo Senhor Su­premo para agir com um objetivo em particular, ele se chama śaktyāveśa-avatāra. Pṛthu Mahārāja era não apenas um śaktyāveśa­-avatāra, mas também um grande devoto. O devoto não está sujeito às reações resultantes de atos passados. A Brahma-saṁhitā afirma que karmāṇi nirdahati kintu ca bhakti-bhājām: a Suprema Persona­lidade de Deus anula os resultados de atividades passadas piedosas ou impiedosas dos devotos. As palavras ārabdhān eva significam “como se alcançadas mediante atividades passadas”, mas, no caso de Pṛthu Mahārāja, não havia possibilidade de reação a atos passa­dos, e, deste modo, a palavra eva é usada aqui para indicar compa­ração com as pessoas comuns. Na Bhagavad-gītā, o Senhor diz: avajānanti māṁ mūḍhāḥ. Isso significa que às vezes as pessoas confundem uma encarnação da Suprema Personalidade de Deus com um homem comum. A Divindade Suprema, Suas encarnações ou Seus devotos podem se fazer passar por homens comuns, mas jamais devem ser considerados assim. Tampouco deve um homem comum, sem o apoio das afirmações autorizadas dos śāstras e dos ācāryas, ser aceito como uma encarnação ou devoto. Apoiado na evidência dos śāstras, Sanātana Gosvāmī percebeu que o Senhor Caitanya Mahāprabhu era uma encarnação direta de Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, embora o Senhor Caita­nya nunca tivesse revelado o fato. Portanto, recomenda-se geral­mente que não se entenda o ācārya, ou guru, como um homem comum.

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