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VERSO 25

harer muhus tatpara-karṇa-pūra-
guṇābhidhānena vijṛmbhamāṇayā
bhaktyā hy asaṅgaḥ sad-asaty anātmani
syān nirguṇe brahmaṇi cāñjasā ratiḥ

hareḥ — da Suprema Personalidade de Deus; muhuḥ — constantemente; tat-para — em relação com a Suprema Personalidade de Deus; karṇa-pūra — decoração do ouvido; guṇa-abhidhānena — comentando sobre as qualidades transcendentais; vijṛmbhamāṇayā — aumentando a consciência de Kṛṣṇa; bhaktyā — pela devoção; hi — decerto; asaṅgaḥ — incontaminado; sat-asati — o mundo material; anātmani — oposto à compreensão espiritual; syāt — deve ser; nirguṇe — em transcendência; brahmaṇi — no Senhor Supremo; ca — e; añjasā — facilmente; ratiḥ — atração.

O devoto deve, aos poucos, aumentar o cultivo de serviço devocional, ouvindo constantemente as qualidades transcendentais da Suprema Personalidade de Deus. Esses passatempos são como decorações ornamentais nos ouvidos dos devotos. Prestando serviço devocional e transcendendo as qualidades materiais, é possível fixar-se facilmente em transcendência na Suprema Personalidade de Deus.

SIGNIFICADO—Este verso é mencionado especialmente para mostrar o valor do processo devocional de ouvir um determinado tema. O devoto não gosta de ouvir qualquer coisa, senão que gosta de ouvir apenas assuntos relacionados com as atividades espirituais, ou os passatempos da Suprema Per­sonalidade de Deus. Podemos aumentar nossa propensão para o serviço devocional ouvindo a Bhagavad-gītā e o Śrīmad-Bhāgavatam de almas realizadas. Quanto mais ouvimos de almas realizadas, mais avançamos em nossa vida devocional. Quanto mais avançamos na vida devocional, mais nos desapegamos do mundo material. Quanto mais nos desapegamos do mundo mate­rial, como aconselha o Senhor Caitanya Mahāprabhu, mais aumentamos o apego à Suprema Personalidade de Deus. Portanto, o devoto que realmente deseja progredir em serviço devocional e voltar ao lar, voltar ao Supremo, deve perder o interesse pelo gozo dos sentidos e pela associação com pessoas que andam atrás de dinheiro e gozo dos sentidos. Este é o conselho do Senhor Caitanya Mahāprabhu:

niṣkiñcanasya bhagavad-bhajanonmukhasya
pāraṁ paraṁ jigamiṣor bhava-sāgarasya
sandarśanaṁ viṣayiṇām atha yoṣitāṁ ca
hā hanta hanta viṣa-bhakṣaṇato ’py asādh

(Cc. Madhya 11.8)

A palavra brahmaṇi usada neste verso é comentada pelos impersonalistas ou recitadores profissionais do Bhāgavatam, que são principalmente advogados do sistema de castas, baseado no demoníaco direito hereditário. Eles dizem que brahmaṇi significa o Brahman impessoal. No entanto, eles não podem concluir isso com referência ao contexto das palavras bhaktyā e guṇābhidhānena. Segundo os impersonalistas, não há qualidades transcendentais no Brahman impessoal; portanto, devemos entender que brahmaṇi significa “na Suprema Personalidade de Deus”. Kṛṣṇa é a Suprema Personali­dade de Deus, como admite Arjuna na Bhagavad-gītā: portanto, onde quer que se use a palavra brahma, ela se refere a Kṛṣṇa, e não à refulgência do Brahman impessoal. Brahmeti paramātmeti bhagavān iti śabdyate. (Śrīmad-Bhāgavatam 1.2.11) Brahman, Paramātmā e Bha­gavān podem ser todos considerados, no todo, como Brahman, mas, quando se faz referência à palavra bhakti, ou à lembrança das qua­lidades transcendentais, isso indica a Suprema Personalidade de Deus, e não o Brahman impessoal.

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