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VERSO 62

bṛhaspatir brahma-vāde
ātmavattve svayaṁ hariḥ
bhaktyā go-guru-vipreṣu
viṣvaksenānuvartiṣu
hriyā praśraya-śīlābhyām
ātma-tulyaḥ parodyame

bṛhaspatiḥ — o sacerdote dos planetas celestiais; brahma-vāde — quanto à compreensão espiritual; ātma-vattve — quanto ao autocontrole; svayam — pessoalmente; hariḥ — a Suprema Personalidade de Deus; bhaktyā — em devoção; go — vaca; guru — mestre espiritual; vipreṣu — aos brāhmaṇas; viṣvaksena — a Personalidade de Deus; anuvartiṣu — seguidores; hriyā — por recato; praśraya-śīlābhyām­ — por comportamento muito amável; ātma-tulyaḥ — exatamente como seu interesse pessoal; para-udyame — quanto a obras filantrópicas.

Em seu comportamento pessoal, Pṛthu Mahārāja manifestava todas as boas qualidades, e, em conhecimento espiritual, ele era exatamente como Bṛhaspati. Em autocontrole, ele era como a própria Suprema Personalidade de Deus. Quanto a seu serviço devocional, ele era um grande seguidor dos devotos apegados à proteção às vacas e à prestação de toda classe de serviços ao mestre espiritual e aos brāhmaṇas. Ele era perfeito em seu recato e em sua amabilidade e, quando se dedicava a alguma atividade filantrópica, agia como se estivesse trabalhando para seu próprio interesse.

SIGNIFICADO—Ao conversar com Sārvabhauma Bhaṭṭācārya, o Senhor Caitanya o honrou como a encarnação de Bṛhaspati. Bṛhaspati é o principal sacerdote do reino celestial, sendo seguidor da filosofia conhecida como brahma-vāda, ou māyāvāda. Bṛhaspati é, também, um grande lógico. Essa afirmação parece indicar que Mahārāja Pṛthu, apesar de ser um grande devoto constantemente ocupado no serviço amoroso ao Senhor, podia derrotar todas as classes de impersona­listas e māyāvādīs com seu profundo conhecimento das escrituras védicas. Devemos aprender com o exemplo de Mahārāja Pṛthu que um vaiṣṇava, ou devoto, deve não apenas ser fixo no serviço ao Senhor, mas também, se necessário, deve estar preparado para argumentar com os impersonalistas māyāvādīs com toda lógica e filosofia e derrotar a alegação deles de que a Verdade Absoluta é impessoal.

A Suprema Personalidade de Deus é o autocontrolado ou o brahmacārī ideal. Ao elegerem Kṛṣṇa para presidir o yajña Rājasūya realizado por Mahārāja Yudhiṣṭhira, o avô Bhīṣmadeva louvou o Senhor Kṛṣṇa como o maior dos brahmacārīs. Como o avô Bhīṣmadeva era brahmacārī, ele era bastante competente para distinguir um brahmacārī de um vyabhicārī. Muito embora Pṛthu Mahā­rāja fosse chefe de família e pai de cinco filhos, era considerado o mais autocontrolado. Aquele que gera filhos conscientes de Kṛṣṇa para o benefício da humanidade é um brahmacārī de verdade. Quem gera filhos como cães e gatos não é um pai digno. A palavra brahmacārī também se refere àquele que age na plataforma de Brahman, ou seja, em serviço devocional. Na con­cepção do Brahman impessoal, não existe atividade, mas quem realiza atividades em relação com a Suprema Personalidade de Deus deve ser considerado um brahmacārī. Assim, Pṛthu Mahārāja era um brahmacārī ideal e gṛhastha simultaneamente. Viṣvaksenānuvartiṣu refere-se aos devotos que vivem ocupados a serviço do Senhor. Outros devotos devem seguir seus passos. Śrīla Narottama Dāsa Ṭhākura dizia que ei chaya gosāñi yāṅra, muñi tāṅra dāsa: “Estou pronto para me tornar discípulo de qualquer pessoa que siga os passos dos seis Gosvāmīs.”

Além disso, como todos os vaiṣṇavas, Mahārāja Pṛthu era um devo­tado protetor das vacas, dos mestres espirituais e dos brāhmaṇas qualificados. Pṛthu Mahārāja era, também, muito humilde, manso e amável, e sempre que realizava qualquer obra filantrópica ou ativi­dade beneficente para o público em geral, agia exatamente como se estivesse atendendo a suas próprias necessidades pessoais. Em outras palavras, ele não realizava atividades filantrópicas para se exibir, mas sim por uma questão de sentimento e compromisso. Todas as atividades filantrópicas devem ser realizadas dessa maneira.

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