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VERSO 14

sampīḍya pāyuṁ pārṣṇibhyāṁ
vāyum utsārayañ chanaiḥ
nābhyāṁ koṣṭheṣv avasthāpya
hṛd-uraḥ-kaṇṭha-śīrṣaṇi

sampīdya — bloqueando; pāyum — a entrada do ânus; pārṣṇi­bhyām — pelas batatas da perna; vāyum — o ar que sobe; utsā­rayan — empurrando para cima; śanaiḥ — aos poucos; nābhyām­ — pelo umbigo; koṣṭheṣu — no coração e na garganta; avasthāpya­ — fixando; hṛt — no coração; uraḥ — para cima; kaṇṭha — garganta; śīrṣaṇi — entre as duas sobrancelhas.

Ao praticar uma postura ióguica sentada em particular, Mahārāja Pṛthu bloqueou a entrada de seu ânus com o tornozelo, pressio­nou suas batatas da perna direita e esquerda e, aos poucos, elevou seu ar vital, fazendo-o passar do círculo de seu umbigo para seu coração e garganta e, enfim, empurrou-o para cima até a posição central entre as duas sobrancelhas.

SIGNIFICADO—A postura sentada descrita nesta passagem chama-se muktāsana. No processo de yoga, após seguir os estritos princípios reguladores para controlar o dormir, o comer e o acasalar-se, a pessoa tem permissão de praticar as diferentes posturas sentadas. A meta última do yoga é nos capacitar a abandonar este corpo de acordo com nosso próprio livre arbítrio. Alguém que tenha alcançado o ápice da prática de yoga pode viver no corpo enquanto desejar, ou, enquanto não for inteiramente perfeito, pode deixar o corpo para ir a qualquer parte dentro ou fora do universo. Alguns yogīs deixam seus corpos para irem aos sistemas planetários superiores e goza­rem dos recursos materiais ali existentes. Entretanto, os yogīs inteligentes não desejam, de modo algum, perder seu tempo dentro deste mundo material; eles não se importam com os recursos materiais nos sistemas planetários superiores, senão que estão interessados em ir diretamente para o céu espiritual, de volta ao lar, de volta ao Supremo.

A partir da descrição neste verso, parece que Mahārāja Pṛthu não tinha o desejo de promover-se aos sistemas planetários superiores. Ele queria, sem mais demora, voltar ao lar, voltar ao Supremo. Apesar de Mahārāja Pṛthu ter parado toda a prática de yoga místico após compreender a consciência de Kṛṣṇa, aproveitou-se de sua práti­ca anterior e se situou de imediato na plataforma brahma-bhūta a fim de acelerar sua volta ao Supremo. A meta deste sistema especí­fico de āsana, conhecido como a postura sentada para a liberação, muktāsana, é obter sucesso em kuṇḍalinī-cakra e, aos poucos, elevar a vida do mūlādhāra-cakra até o svādhiṣṭhāna-cakra, e depois ao maṇipūra-cakra, ao anāhata-cakra, ao viśuddha-cakra e, enfim, ao ājñā-cakra. Ao alcançar o ājñā-cakra, entre as duas sobrancelhas, o yogī é capaz de penetrar o brahma-randhra, ou o orifício em seu crânio, e ir a qualquer planeta que deseje, inclusive o reino espiritual de Vaikuṇṭha ou Kṛṣṇaloka. Concluindo, é pre­ciso chegar à fase brahma-bhūta para voltar ao Supremo. Contudo, aqueles que estão em consciência de Kṛṣṇa, ou que praticam bhakti-yoga (śravaṇaṁ kirtanaṁ viṣṇoḥ smaraṇaṁ pāda-sevanam), podem voltar ao lar mesmo sem praticar o processo de muktāsana. O propósito da prática de muktāsana é atingir a fase brahma-bhūta, pois, sem estar na fase brahma-bhūta, ninguém pode ser promovido ao céu espiritual. Como se afirma na Bhagavad-gītā (14.26):

māṁ ca yo ’vyabhicāreṇa
bhakti-yogena sevate
sa guṇān samatītyaitān
brahma-bhūyāya kalpate

Praticando bhakti-yoga, o bhakti-yogī está sempre situado na fase brahma-bhūta (brahma-bhūyāya kalpate). Se um devoto é capaz de continuar na plataforma brahma-bhūta, ele entra no céu espiritual imediatamente após a morte e retorna ao Supremo. Logo, o devoto não precisa lamentar-se por não ter praticado kuṇḍalinī-cakra, ou por não ter penetrado os seis cakras, um após o outro. Quanto a Mahārāja Pṛthu, ele já havia praticado esse processo e, como não queria esperar até o momento em que sua morte ocorreria natural­mente, aproveitou-se do processo de penetração ṣaṭ-cakra e assim abandonou o corpo de acordo com sua própria vontade, entrando imediatamente no céu espiritual.

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