VERSO 5
kanda-mūla-phalāhāraḥ
śuṣka-parṇāśanaḥ kvacit
ab-bhakṣaḥ katicit pakṣān
vāyu-bhakṣas tataḥ param
kanda — talo; mūla — raízes; phala — frutos; āhāraḥ — comendo; śuṣka — secas; parṇa — folhas; aśanaḥ — comendo; kvacit — às vezes; ap-bhakṣaḥ — água potável; katicit — por várias; pakṣān — quinzenas; vāyu — o ar; bhakṣaḥ — respirando; tataḥ param — depois disso.
No tapo-vana, Mahārāja Pṛthu ora comia talos e raízes de árvores, ora comia frutos e folhas secas, e, por algumas semanas, bebia só água. Por fim, vivia apenas respirando.
SIGNIFICADO—A Bhagavad-gītā aconselha os yogīs a se retirarem para um lugar isolado na floresta e viverem ali sozinhos, em um lugar santificado. O comportamento de Pṛthu Mahārāja nos indica que, quando ele foi para a floresta, não comia nenhum alimento cozido, enviado da cidade por algum devoto ou discípulo. Tão logo alguém se submeta ao voto de viver na floresta, deve comer apenas raízes, talos de árvores, frutas, folhas secas ou qualquer coisa que a natureza forneça dessa maneira. Pṛthu Mahārāja adotou estritamente esses princípios de vida na floresta e, às vezes, comia apenas folhas secas e só bebia um pouco d’agua. Às vezes, ele vivia somente de ar, e, outras vezes, comia algum fruto das árvores. Dessa maneira, ele viveu na floresta e se submeteu a rigorosas austeridades, especialmente no que diz respeito à alimentação. Em outras palavras, comer em excesso não é algo recomendado de modo algum para quem deseja avançar na vida espiritual. Śrī Rūpa Gosvāmī também adverte que comer em demasia e se esforçar em demasia (atyāhāraḥ prayāsaś ca) são atividades contrárias aos princípios pelos quais alguém pode avançar na vida espiritual.
Note-se também que, segundo o preceito védico, viver na floresta é viver no modo da bondade plena, ao passo que viver na cidade é viver no modo da paixão, e viver em um bordel ou em uma casa de bebidas é viver no modo da ignorância. Entretanto, viver em um templo é viver em Vaikuṇṭha, que é transcendental a todos os modos da natureza material. Este movimento para a consciência de Kṛṣṇa proporciona a todos a oportunidade de viver no templo do Senhor, o qual é tão bom como Vaikuṇṭha. Consequentemente, uma pessoa consciente de Kṛṣṇa não precisa ir para a floresta e tentar imitar artificialmente Mahārāja Pṛthu ou os grandes sábios e munis que costumavam viver na floresta.
Após se afastar de seu cargo de ministro do governo, Śrīla Rūpa Gosvāmī foi para Vṛndāvana, onde viveu debaixo de uma árvore, assim como Mahārāja Pṛthu. Desde então, muitas pessoas têm ido a Vṛndāvana para imitar o comportamento de Rūpa Gosvāmī. Ao invés de avançarem na vida espiritual, muitas delas caem em hábitos materiais e, mesmo em Vṛndāvana, tornam-se vítimas de sexo ilícito, jogos e intoxicação. O movimento para a consciência de Kṛṣṇa foi introduzido nos países ocidentais, mas não é possível aos ocidentais irem à floresta e praticarem as rigorosas austeridades que foram praticadas idealmente por Pṛthu Mahārāja ou Rūpa Gosvāmī. Contudo, os ocidentais ou qualquer outra pessoa podem seguir os passos de Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura, vivendo em um templo, que é transcendental à vida na floresta, e fazer voto de aceitar kṛṣṇa-prasāda e nada mais, de seguir os princípios reguladores e de cantar dezesseis voltas do mantra Hare Kṛṣṇa diariamente. Dessa maneira, sua vida espiritual nunca será perturbada.