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VERSO 30

atha bhāgavatā yūyaṁ
priyāḥ stha bhagavān yathā
na mad bhāgavatānāṁ ca
preyān anyo ’sti karhicit

atha — portanto; bhāgavatāḥ — devotos; yūyam — todos vós; priyāḥ — muito queridos por mim; stha — vós sois; bhagavān — a Suprema Personalidade de Deus; yathā — como; na — nem; mat­ — que eu; bhāgavatānām — dos devotos; ca — também; preyān — muito querido; anyaḥ — outros; asti — há; karhicit — em tempo algum.

Como todos vós sois devotos do Senhor, eu posso entender que sois tão respeitáveis como a própria Suprema Personalidade de Deus. Dessa maneira, sei que os devotos também me respeitam e que lhes sou muito querido. Assim, ninguém pode ser tão querido aos devotos quanto eu.

SIGNIFICADO––Afirma-se que vaiṣṇavānāṁ yathā śambhuḥ: o senhor Śiva é o melhor de todos os devotos. Portanto, todos os devotos do Senhor Kṛṣṇa também são devotos do senhor Śiva. Em Vṛndāvana, existe um templo do senhor Śiva chamado Gopīśvara. As gopīs costuma­vam adorar, não somente o senhor Śiva, mas também Kātyāyanī, ou Durgā, mas a meta delas era obter o favor do Senhor Kṛṣṇa. O devoto do Senhor Kṛṣṇa não desrespeita o senhor Śiva, mas adora o senhor Śiva como o devoto mais elevado do Senhor Kṛṣṇa. Con­sequentemente, sempre que o devoto adora o senhor Śiva, ele ora ao senhor Śiva para obter o favor de Kṛṣṇa, e não para obter benefícios materiais. A Bhagavad-gītā (7.20) diz que, de um modo geral, as pessoas adoram os semideuses em troca de alguma vanta­gem material (kāmais tais tair hṛta-jñānāḥ prapadyante ’nya-devatāḥ). Movidas pela luxúria material, elas adoram os semideuses; o devoto, porém, nunca faz isso, pois jamais é arrastado pela luxúria material. Essa é a dife­rença entre o respeito que o devoto tem pelo senhor Śiva e o respeito do asura por ele. O asura adora o senhor Śiva, obtém alguma bênção dele, abusa dessa bênção e, finalmente, é morto pela Suprema Personalidade de Deus, que lhe outorga a liberação.

Como o senhor Śiva é um grande devoto da Suprema Personali­dade de Deus, ele ama todos os devotos do Senhor Supremo. O senhor Śiva disse aos Pracetās que, visto serem eles devotos do Senhor, ele os amava muito. Não foi apenas com os Pracetās que o senhor Śiva foi bondoso e misericordioso; todo aquele que seja devoto da Suprema Personalidade de Deus é muito querido pelo senhor Śiva. Além de amar muito os devotos, o senhor Śiva também os respeita tanto quanto respeita a Suprema Personalidade de Deus. De forma semelhante, os devotos do Senhor Supremo tam­bém adoram o senhor Śiva como o devoto mais querido do Senhor Kṛṣṇa. Eles não o adoram como se ele fosse uma Personalidade de Deus distinta. Consta na lista de nāma-aparādhas que é uma ofensa pen­sar que o cantar do nome de Hari e o cantar de Hara, ou Śiva, são a mesma coisa. Os devotos devem entender sempre que o Senhor Viṣṇu é a Suprema Personalidade de Deus e que o senhor Śiva é Seu devoto. O devoto deve receber o mesmo grau de respeito que a Suprema Personalidade de Deus, e às vezes até mais respeito. Na verdade, o Senhor Rāma, a própria Personalidade de Deus, às vezes adorava o senhor Śiva. Se até o Senhor adora Seu devoto, por que outros devotos não deveriam adorar um devoto no mesmo nível que adoram o Senhor? Essa é a conclusão. Este verso indica que o senhor Śiva abençoa os asuras simplesmente por questão de for­malidade. Na verdade, ele ama todos que são devotados à Su­prema Personalidade de Deus.

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