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VERSO 59

na yasya cittaṁ bahir-artha-vibhramaṁ
tamo-guhāyāṁ ca viśuddham āviśat
yad-bhakti-yogānugṛhītam añjasā
munir vicaṣṭe nanu tatra te gatim

na — nunca; yasya — cujo; cittam — coração; bahiḥ — externo; artha — interesse; vibhramam — desorientado; tamaḥ — escuridão; guhāyām — na cavidade; ca — também; viśuddham — purificado; āviśat — introduzido; yat — isto; bhakti-yoga — serviço devocional; anugṛhītam — sendo favorecido por; añjasā — alegremente; muniḥ — o pensativo; vicaṣṭe — vê; nanu — contudo; tatra — lá; te — Vossas; gatim — atividades.

O devoto cujo coração foi inteiramente purificado pelo pro­cesso do serviço devocional e que é favorecido por Bhaktidevī não se confunde com a energia externa, a qual é como um poço escuro. Estando, dessa maneira, inteiramente limpo de toda a contami­nação material, o devoto é capaz de entender com muita alegria Vosso nome, fama, forma, atividades etc.

SIGNIFICADO––Como se afirma no Śrīmad-Bhāgavatam (3.25.25):

satāṁ prasaṅgān mama vīrya-saṁvido
bhavanti hṛt-karṇa-rasāyanāḥ kathāḥ
taj-joṣaṇād āśv apavarga-vartmani
śraddhā ratir bhaktir anukramiṣyati

É simplesmente pelo contato com os devotos puros que alguém pode entender o nome, a fama, as qualidades e as atividades transcenden­tais da Suprema Personalidade de Deus. Śrī Caitanya Mahāprabhu diz repetidamente:

‘sādhu-saṅga’, ‘sādhu-saṅga’ — sarva-śāstre kaya
lava-mātra sādhu-saṅge sarva-siddhi haya

(Cc. Madhya 22.54)

É pelo simples fato de associar-se com um devoto puro que alguém se torna maravilhosamente avançado em consciência de Kṛṣṇa. Sādhu-saṅga, ou a associação com um devoto, significa sempre ocupar-se em consciência de Kṛṣṇa, cantando o mantra Hare Kṛṣṇa e agindo para Kṛṣṇa. Especificamente, o cantar do mantra Hare Kṛṣṇa nos purifica, e por isso Śrī Caitanya Mahāprabhu reco­menda este canto. Ceto-darpaṇa-mārjanam: cantando os nomes de Kṛṣṇa, o espelho do coração se limpa, e o devoto perde interesse por todas as coisas externas. Quando alguém está influenciado pela energia externa do Senhor, seu coração é impuro. Alguém cujo coração não é puro não pode ver como tudo está relacionado com a Suprema Personalidade de Deus. Idaṁ hi viśvam bhagavān ivetaraḥ. (Bhāg. 1.5.20) Aquele cujo coração está purificado pode ver que toda a manifestação cósmica nada mais é que a Suprema Personalidade de Deus, mas aquele cujo coração está contaminado vê as coisas de forma diferente. Portanto, através de sat-saṅga, ou associação com os devotos, tornamo-nos perfeitamente puros de coração.

Uma pessoa pura de coração nunca se deixa atrair pela energia externa, que impele a alma individual ao esforço de dominar a natureza material. O coração puro de um devoto nunca é pertur­bado quando ele executa serviço devocional sob a forma de ouvir, cantar, lembrar etc. Ao todo, existem nove processos que se pode seguir na prática do serviço devocional. De qualquer modo, o devoto de coração puro nunca é perturbado. O processo de bhakti-­yoga deve ser executado, evitando as dez ofensas que podem ser cometidas enquanto se canta o mahā-mantra e as sessenta e quatro ofensas que podem ser cometidas enquanto se adora a Deidade. Quando um devoto segue estritamente as regras e regulações, Bhaktidevī fica muito satisfeita com ele, e, nesse momento, nada externo o perturba. O devoto também se chama muni. A palavra muni significa “pensativo”. O devoto é tão pensativo quanto o não devoto é especulador. A especulação do não-devoto é impura, mas os pensamentos do devoto são puros. O Senhor Kapila e Śukadeva Gosvāmī também são chamados de muni, e Vyāsadeva é chamado de Mahāmuni. Um devoto é chamado de muni, ou pensativo, quando entende puramente a Suprema Personalidade de Deus. A conclusão é que, quando o coração de alguém se purifica pelo contato com os devotos e por evitar as ofensas que se cometem ao cantar e adorar o Senhor, o Senhor lhe revela Seu nome, forma e atividades transcendentais.

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