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VERSO 60

yatredaṁ vyajyate viśvaṁ
viśvasminn avabhāti yat
tat tvaṁ brahma paraṁ jyotir
ākāśam iva vistṛtam

yatra — onde; idam — este; vyajyate — manifesto; viśvam — o universo; viśvasmin — na manifestação cósmica; avabhāti — manifesta-­se; yat — isto; tat — aquilo; tvam — Vós; brahma — o Brahman impessoal; param — transcendental; jyotiḥ — refulgência; ākāśam — céu; iva­ — como; vistṛtam — espalhado.

Meu querido Senhor, o Brahman impessoal se espalha por toda parte, assim como a luz do Sol ou o céu. E esse Brahman impessoal, que se espalha por todo o universo e no qual se manifesta todo o universo, sois Vós.

SIGNIFICADO––A literatura védica diz que tudo é Brahman e nada mais. Toda a manifestação cósmica repousa na refulgência Brahman. Os impersonalistas, contudo, não podem entender como tão imensa manifestação cósmica pode repousar em uma pessoa. Assim, os impersonalistas não entendem este poder inconcebível da Suprema Perso­nalidade de Deus; portanto, eles se confundem e negam sempre que a Verdade Absoluta seja uma pessoa. Essa ideia errada é corrigida pelo próprio senhor Śiva, o qual diz que o Brahman impessoal, que se espalha por todo o universo, nada mais é que o próprio Senhor Supremo. Aqui se afirma claramente que o Senhor espalha-Se por toda parte, assim como a luz do Sol, em virtude de Seu aspecto Brahman. Esse exemplo é muito fácil de ser entendido. Todos os sistemas planetários repousam na luz do Sol, mas a luz do Sol e a fonte da luz do Sol estão à parte das manifestações planetárias. Analogamente, o céu ou o ar espalha-se por toda parte; o ar está dentro de um pote, mas também se encontra em lugares imundos, bem como em lugares santos. De qualquer modo, o céu jamais se contamina. O brilho do Sol também se encontra­ ora em lugares sujos, ora em lugares santos, e, na verdade, ambos são produzidos pelo Sol; porém, de qualquer modo, o Sol está à parte de todas as coisas imundas. De modo semelhante, o Senhor existe em toda parte. Há coisas piedosas e coisas ímpias. Todavia, nos śāstras, as coisas piedosas são descritas como a frente do Senhor Supremo, ao passo que as coisas ímpias são descritas como as costas da Suprema Personalidade de Deus. Na Bhagavad-gītā (9.4), o Senhor diz claramente:

mayā tatam idaṁ sarvaṁ
jagad avyakta-mūrtinā
mat-sthāni sarva-bhūtāni
na cāhaṁ teṣv avasthitaḥ

“Eu permeio todo este universo sob Minha forma imanifesta. Todos os seres estão em Mim, mas Eu não estou neles.”

Este verso da Bhagavad-gītā explica como o Senhor espalha-Se por toda parte em virtude de Seu aspecto Brahman. Embora tudo repouse nEle, Ele não Se encontra pessoalmente em tudo. A con­clusão é que, sem bhakti-yoga, sem prestar serviço devocional ao Senhor, mesmo um impersonalista não pode entender o brahma­-tattva, o aspecto Brahman. O Vedānta-sūtra afirma: athāto brahma-­jijñāsā. Isso significa que Brahman, Paramātmā ou Parabrahman devem ser entendidos. No Śrīmad-Bhāgavatam, também, descreve-se a Verdade Absoluta como única e inigualável, embora seja percebida sob três aspectos – o Brahman impessoal, o Paramātmā localizado e a Suprema Personalidade de Deus. A Suprema Personalidade de Deus é a fonte fundamental, e, neste verso, o senhor Śiva confirma que, em última análise, a Verdade Absoluta é uma pessoa. Ele diz claramente: tat tvaṁ brahma paraṁ jyotir ākāśam iva vistṛtam. Veja-se um exemplo comum: um homem de negócios de sucesso pode ter muitas fábricas e escritórios, e tudo depende de sua ordem. Se alguém diz que toda a empresa depende de determinada pessoa, isso não significa que a pessoa carrega todas as fábricas e escritórios sobre sua cabeça. Em vez disso, subentende-se que, através de seu cérebro ou de sua expansão energética, a empresa funciona sem interrupção. Analogamente, o cérebro e a energia da Suprema Personalidade de Deus é que conduzem toda a manifes­tação dos mundos espiritual e material. A filosofia do monismo, explicada muito claramente aqui, ajusta-se ao fato de que a fonte suprema de toda energia é a Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa. Descreve-se isso muito claramente, bem como se declara como o aspecto impessoal de Kṛṣṇa pode ser entendido:

raso ’ham apsu kaunteya
prabhāsmi śaśi-sūryayoḥ
praṇavaḥ sarva-vedeṣu
śabdaḥ khe pauruṣaṁ nṛṣu

“Ó filho de Kuntī [Arjuna], Eu sou o sabor da água, a luz do Sol e da Lua, a sílaba oṁ nos mantras védicos; Eu sou o som no éter e a habilidade no homem.” (Bg. 7.8)

Dessa maneira, pode-se entender Kṛṣṇa como o poder místico em tudo.

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