VERSO 66
pramattam uccair iti kṛtya-cintayā
pravṛddha-lobhaṁ viṣayeṣu lālasam
tvam apramattaḥ sahasābhipadyase
kṣul-lelihāno ’hir ivākhum antakaḥ
pramattam — pessoas que são loucas; uccaiḥ — em voz alta; iti — assim; kṛtya — ser feito; cintayā — por semelhante desejo; pravṛddha — avançadíssimo; lobham — cobiça; viṣayeṣu — no gozo material; lālasam — desejando assim; tvam — Vossa Onipotência; apramattaḥ — plenamente em transcendência; sahasā — de repente; abhipadyase — captura-as; kṣut — faminta; lelihānaḥ — com a língua cobiçosa; ahiḥ — serpente; iva — como; ākhum — rato; antakaḥ — destruidor.
Meu querido Senhor, todas as entidades vivas neste mundo material fazem planos ensandecidamente, e desejam a todo momento fazer diferentes coisas. Isso se deve à cobiça incontrolável. A avidez por gozo material sempre existe na entidade viva, mas Vossa Onipotência está sempre alerta e, em tempo oportuno, Vós a golpeais, assim como uma serpente captura um rato e o engole com muita facilidade.
SIGNIFICADO––Todos são cobiçosos, e todos fazem planos de gozar materialmente. Em seu anseio de gozo material, a entidade viva é comparada a um indivíduo insano. Como se afirma na Bhagavad-gītā (3.27):
prakṛteḥ kriyamāṇāni
guṇaiḥ karmāṇi sarvaśaḥ
ahaṅkāra-vimūḍhātmā
kartāham iti manyate
“A alma espiritual desorientada, sob a influência dos três modos da natureza material, julga-se autora de atividades que na verdade são executadas pela natureza.”
Tudo é sancionado pelas leis da natureza, as quais estão sob a direção da Suprema Personalidade de Deus. Os ateístas, ou homens sem inteligência, não sabem disso. Eles vivem atarefados fazendo seus próprios planos, e as grandes nações vivem atarefadas expandindo seus impérios. E, apesar disso, sabemos que, no decorrer do tempo, muitos impérios surgiram e foram destruídos. Muitas famílias aristocráticas foram criadas por pessoas em sua loucura extrema, mas podemos ver que, no decorrer do tempo, essas famílias e impérios foram todos destruídos. Contudo, ainda assim, os ateístas tolos não aceitam a autoridade suprema do Senhor. Esses tolos inventam desnecessariamente seus próprios deveres, sem recorrerem à autoridade suprema do Senhor. Os ditos líderes políticos vivem atarefados fazendo planos para aumentar a prosperidade material de suas nações, mas, na verdade, tudo o que esses líderes políticos querem é uma posição elevada para eles mesmos. Devido à sua cobiça por posições materiais, eles fingem ser líderes do povo e angariam seus votos, embora estejam inteiramente sob as garras das leis da natureza material. Essas são algumas das falhas da civilização moderna. Sem adotar a consciência de Deus e seguir a autoridade do Senhor, as entidades vivas, em última análise, veem-se confusas e frustradas em suas tentativas de fazer planos. Devido a seus desautorizados planos de desenvolvimento econômico, o preço das mercadorias sobe dia a dia em todo o mundo, tanto que as classes mais pobres passam por muitas dificuldades e estão sofrendo as consequências. Devido à falta de consciência de Kṛṣṇa, ditos líderes e planejadores estão enganando o povo. Em decorrência disso, aumentam o sofrimento do povo. De acordo com as leis da natureza, que se baseiam no Senhor, nada pode ser permanente neste mundo material; portanto, deve-se dar a todos a oportunidade de se refugiarem no Absoluto para serem salvos. A esse respeito, o Senhor Kṛṣṇa diz na Bhagavad-gītā (5.29):
bhoktāraṁ yajña-tapasāṁ
sarva-loka-maheśvaram
suhṛdaṁ sarva-bhūtānāṁ
jñātvā māṁ śāntim ṛcchati
“Sabendo que Eu sou o objetivo último de todos os sacrifícios e austeridades, o Senhor Supremo de todos os planetas e semideuses e o benfeitor e benquerente de todas as entidades vivas, os sábios alcançam a paz, aliviando-se das dores dos sofrimentos materiais.”
Se alguém quer paz de espírito e tranquilidade na sociedade, precisa aceitar o fato de que o verdadeiro desfrutador é a Suprema Personalidade de Deus. O Senhor é o proprietário de tudo em todo o universo, bem como o amigo supremo de todas as entidades vivas. Compreendendo isso, as pessoas podem tornar-se felizes e pacíficas, individual e coletivamente.