VERSO 16
sa saptabhiḥ śatair eko
viṁśatyā ca śataṁ samāḥ
purañjana-purādhyakṣo
gandharvair yuyudhe balī
saḥ — ela; saptabhiḥ — com sete; śataiḥ — centenas; ekaḥ — sozinha; viṁśatyā — com vinte; ca — também; śatam — cem; samāḥ — anos; purañjana — do rei Purañjana; pura-adhyakṣaḥ — superintendente da cidade; gandharvaiḥ — com os Gandharvas; yuyudhe — lutou; balī — muito corajosa.
A serpente de cinco cabeças, a superintendente e protetora da cidade do rei Purañjana, lutou com os Gandharvas por cem anos. Ela lutou sozinha contra todos eles, embora eles fossem setecentos e vinte.
SIGNIFICADO—Os 360 dias e 360 noites combinam-se para tornarem-se os 720 soldados de Caṇḍavega, o tempo. Todos são obrigados a lutar contra esses soldados durante toda a sua vida, começando com o nascimento e terminando com a morte. Essa batalha se chama “a luta pela vida”. Apesar dessa luta, contudo, a entidade viva não morre. Como se confirma na Bhagavad-gītā (2.20), a entidade viva é eterna:
na jāyate mriyate vā kadācin
nāyaṁ bhūtvā bhavitā vā na bhūyaḥ
ajo nityaḥ śāśvato ’yaṁ purāṇo
na hanyate hanyamāne śarīre
“Para a alma, em tempo algum existe nascimento ou morte. Uma vez que ela existe, jamais deixará de existir. Ela não passou a existir, não passa a existir e nem passará a existir. Ela é não nascida, eterna, sempre existente e primordial. Ela não morre quando o corpo morre.” De fato, a entidade viva não nasce nem morre, mas é obrigada a lutar com as estritas leis da natureza material por toda a duração de sua vida. É forçada, também, a se defrontar com diferentes classes de condições dolorosas. Apesar de tudo isso, a entidade viva, devido à ilusão, pensa que sua situação de gozo dos sentidos é favorável.