VERSOS 1a-2a
sarveṣām eva jantūnāṁ
satataṁ deha-poṣaṇe
asti prajñā samāyattā
ko viśeṣas tadā nṛṇām
labdhvehānte manuṣyatvaṁ
hitvā dehādy-asad-graham
ātma-sṛtyā vihāyedaṁ
jīvātmā sa viśiṣyate
sarveṣām — todos; eva — decerto; jantūnām — de animais; satatam — sempre; deha-poṣaṇe — para manter o corpo; asti — há; prajñā — inteligência; samāyattā — repousando em; kaḥ — qual; viśeṣaḥ — diferença; tadā — então; nṛṇām — dos seres humanos; labdhvā — tendo alcançado; iha — aqui; ante — ao fim de muitos nascimentos; manuṣyatvam — uma vida humana; hitvā — após abandonar; deha-ādi — no corpo grosseiro e no sutil; asat-graham — uma concepção de vida incorreta; ātma — de conhecimento espiritual; sṛtyā — pelo caminho; vihāya — tendo abandonado; idam — este corpo; jīva-ātmā — a alma espiritual individual; saḥ — esta; viśiṣyate — torna-se proeminente.
Na sociedade animal, também, observa-se o desejo de manter o corpo, a esposa e os filhos. Os animais têm plena inteligência para administrar tais afazeres. Se um ser humano só é avançado nesse sentido, qual é, então, a diferença entre ele e um animal? Deve-se ter muito cuidado em entender que esta vida humana é alcançada depois de muitos e muitos nascimentos no processo evolutivo. Um homem erudito que abandone o conceito corpóreo de vida, tanto grosseiro quanto sutil, haverá de se tornar, através da iluminação pelo conhecimento espiritual, uma proeminente alma espiritual individual, assim como o Senhor Supremo.
SIGNIFICADO—Afirma-se que o homem é um animal racional, mas este verso nos indica, também, que a racionalidade existe inclusive na vida animal. Se não houvesse racionalidade, como um animal poderia manter seu corpo trabalhando tão arduamente? Não é verdade que os animais são irracionais; a racionalidade deles, contudo, não é muito avançada. De qualquer modo, não podemos negar-lhes a racionalidade. A ideia é que devemos usar nossa razão para entender a Suprema Personalidade de Deus, pois essa é a perfeição da vida humana.