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VERSO 31

varaṁ vṛṇīmahe ’thāpi
nātha tvat parataḥ parāt
na hy antas tvad-vibhūtīnāṁ
so ’nanta iti gīyase

varam — bênção; vṛṇīmahe — queremos implorar; atha api — portanto; nātha — ó Senhor; tvat — a Vós; parataḥ parāt — além da transcendência; na — não; hi — decerto; antaḥ — fim; tvat — Vossas; vibhūtīnām — das opulências; saḥ — Vós; anantaḥ — ilimitado; iti­ — assim; gīyase — sois célebre.

Querido Senhor, portanto, queremos implorar Vossa bênção porque sois o Supremo, além de toda a transcendência, e porque são infinitas as Vossas opulências. Em consequência disso, sois célebre pelo nome de Ananta.

SIGNIFICADO—Não havia necessidade de os Pracetās pedirem qualquer bênção ao Senhor Supremo porque a presença da Suprema Personalidade de Deus é suficiente para satisfazer os devotos. Dhruva Mahārāja praticou rigorosas austeridades e penitências para ver o Senhor Supremo, e sua intenção era pedir uma bênção ao Senhor. Ele queria obter o trono de seu pai – ou mesmo alcançar uma posição melhor –, mas, ao se ver realmente na presença do Senhor Su­premo, esqueceu-se de tudo. Ele disse: “Meu querido Senhor, não desejo pedir-Vos nenhuma bênção.” Essa é a verdadeira posição do devoto. Tudo que o devoto deseja é estar na presença do Senhor Supremo – quer neste mundo, quer no próximo – e ocupar-se em Seu serviço. Essa é a meta e bênção última almejada pelos devotos.

Tendo o Senhor solicitado aos Pracetās que Lhe pedissem alguma bên­ção, eles Lhe disseram: “Que tipo de bênção devemos pedir? O Senhor é ilimitado e há bênçãos ilimitadas.” Isso quer dizer que, se alguém deve pedir uma bênção, deve pedir uma bênção ilimitada. As palavras tvat parataḥ são muito significativas neste verso. A Suprema Personalidade de Deus é parataḥ parāt. A palavra para significa “transcendental, além deste mundo material”. A refulgência do Brahman impessoal está além deste mundo mate­rial, e fundir-se nela chama-se paraṁ padam. Āruhya kṛcchreṇa paraṁ padam. (Śrīmad-Bhāgavatam 10.2.32) Fundir-se na refulgência impessoal do Senhor chama-se paraṁ padam, mas há uma posição trans­cendental superior, a saber, a associação com a Suprema Personali­dade de Deus. Brahmeti paramātmeti bhagavān iti śabdyate. (Śrīmad-Bhāgavatam 1.2.11) A princípio, percebe-se a Verdade Absoluta como o Brahman impessoal, depois como Paramātmā e, enfim, como Bhagavān. Assim, a Personalidade de Deus, Bhagavān, é parataḥ parāt, além das percepções de Brahman e de Paramātmā. A esse respeito, Śrīla Jīva Gosvāmī ressalta que parataḥ parāt significa “melhor que o melhor”. O melhor é o mundo espiritual, que é conhecido como Brahman. A Suprema Personalidade de Deus, entretanto, é conhe­cida como Parabrahman. Portanto, parataḥ parāt significa “melhor do que a compreensão Brahman”.

Como se explicará nos versos seguintes, os Pracetās planejaram pedir ao Senhor algo que não tivesse limite. Os passatempos, qualidades, formas e nomes do Senhor são todos ilimitados. Não há limite para Seu nome, formas, passatempos, criação e parafernália. A entidade viva não pode conceber a natureza ilimitada do ilimitado. Con­tudo, se as entidades vivas se dedicarem a ouvir sobre as potências ilimitadas do Senhor Supremo, não há dúvidas de que elas estarão direta­mente ligadas ao ilimitado. Ouvindo e cantando, nossa compreen­são do ilimitado torna-se ilimitada.

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