Capítulo Nove
Dhruva Mahārāja Volta para Casa
VERSO 1: O grande sábio Maitreya disse a Vidura: Quando os semideuses foram assim tranquilizados pela Personalidade de Deus, eles se livraram de todos os temores e, após prestarem suas reverências, retornaram a seus planetas celestiais. Então, o Senhor, que não é diferente da encarnação Sahasraśīrṣā, montou nas costas de Garuḍa, que O transportou até a floresta Madhuvana para ver Seu servo Dhruva.
VERSO 2: A forma do Senhor, que era tão brilhante como o relâmpago e na qual Dhruva Mahārāja, em seu maduro processo ióguico, estava plenamente absorto em meditação, subitamente desapareceu. Assim, Dhruva ficou perturbado, e sua meditação interrompeu-se. Contudo, logo que abriu seus olhos, ele viu a Suprema Personalidade de Deus presente pessoalmente, assim como estivera vendo o Senhor presente em seu coração.
VERSO 3: Quando Dhruva Mahārāja viu seu Senhor bem na sua frente, ficou muitíssimo confuso e ofereceu-Lhe reverências e respeito. Ele caiu esticado perante o Senhor como uma vara e se absorveu em amor a Deus. Dhruva Mahārāja, em êxtase, olhou para o Senhor como se estivesse bebendo o Senhor com os olhos, beijando os pés de lótus do Senhor com a boca e abraçando o Senhor com os braços.
VERSO 4: Embora Dhruva Mahārāja fosse um menininho, ele quis oferecer orações à Suprema Personalidade de Deus em linguagem adequada. Porém, como era inexperiente, não pôde adaptar-se à situação imediatamente. A Suprema Personalidade de Deus, estando no coração de todos, pôde entender a posição incômoda de Dhruva Mahārāja. Por Sua misericórdia imotivada, Ele tocou com Seu búzio a testa de Dhruva Mahārāja, que se encontrava parado diante dele de mãos postas.
VERSO 5: Nessa altura, Dhruva Mahārāja tornou-se perfeitamente consciente da conclusão védica e compreendeu a Verdade Absoluta e Sua relação com todas as entidades vivas. Segundo a linha do serviço devocional ao Senhor Supremo, cuja fama se espalha amplamente, Dhruva, que no futuro receberia um planeta que não seria jamais aniquilado, mesmo durante o momento da dissolução, ofereceu suas deliberadas e conclusivas orações.
VERSO 6: Dhruva Mahārāja disse: Meu querido Senhor, sois todo-poderoso. Após entrardes em mim, vivificastes todos os meus sentidos adormecidos – minhas mãos, pernas, ouvidos, sentido do tato, força vital e especialmente minha capacidade de falar. Ofereço-Vos minhas respeitosas reverências.
VERSO 7: Meu Senhor, sois o Supremo Único, mas, através de Vossas diferentes energias, apareceis de modo diverso nos mundos material e espiritual. Vós criais a energia total do mundo material mediante Vossa potência externa e, após a criação, entrais no mundo material como a Superalma. Sois a Pessoa Suprema e, através dos modos temporários da natureza material, criais variedades de manifestações, assim como o fogo, entrando em madeiras de diferentes qualidades, arde com brilhos variados.
VERSO 8: Ó meu amo, o senhor Brahmā é plenamente rendido a Vós. No princípio, Vós lhe destes conhecimento, em virtude do que ele pôde ver e entender todo o universo, assim como alguém que desperta do sono e visualiza seus deveres imediatos. Sois o único refúgio de todas as pessoas que desejam a liberação, e sois o amigo de todos os aflitos. Como, portanto, uma pessoa erudita que tenha conhecimento perfeito pode esquecer-se de Vós em algum momento?
VERSO 9: Pessoas que Vos adoram simplesmente em troca do gozo dos sentidos deste saco de pele estão sem dúvida influenciadas por Vossa energia ilusória. Apesar de terem a Vós, que sois como uma árvore-dos-desejos e sois a causa da liberação do nascimento e da morte, pessoas tolas, tais como eu, desejam Vossas bênçãos para o gozo dos sentidos, que está disponível inclusive para aqueles que vivem em condições infernais.
VERSO 10: Meu Senhor, a bem-aventurança transcendental obtida ao meditar em Vossos pés de lótus ou ao ouvir sobre Vossas glórias da parte de devotos puros é tão ilimitada que está muito além da fase de brahmānanda, na qual a pessoa julga-se imersa no Brahman impessoal como se estivesse una com o Supremo. Uma vez que brahmānanda também é superada pela bem-aventurança transcendental obtida do serviço devocional, o que dizer, então, da bem-aventurança temporária de elevar-se aos planetas celestiais, a qual é destruída pela espada separadora do tempo? Mesmo que alguém se eleve aos planetas celestiais, ele cai no decorrer do tempo.
VERSO 11: Dhruva Mahārāja continuou: Ó ilimitado Senhor, abençoai-me, por favor, para que eu possa associar-me com os grandes devotos que se ocupam em Vosso transcendental serviço amoroso constantemente, assim como a correnteza do rio flui constantemente. Tais devotos transcendentais estão inteiramente situados em um estado de vida incontaminado. Através do processo de serviço devocional, decerto serei capaz de cruzar o oceano de ignorância da existência material, que está encapelado de ondas de perigos ardentes, semelhantes ao fogo. Isso me será muito fácil, pois estou enlouquecendo com a audição de Vossas qualidades e passatempos transcendentais, que existem eternamente.
VERSO 12: Ó Senhor que tendes um umbigo de lótus, se acontece de alguém se associar com um devoto cujo coração sempre anseia por Vossos pés de lótus, buscando sempre a fragrância deles, ele não se apega de modo algum ao corpo material, ou, numa relação corpórea, à progênie, a amigos, ao lar, à riqueza e à esposa, que são extremamente queridos por pessoas materialistas. Na verdade, ele não se importa com essas coisas.
VERSO 13: Meu querido Senhor, ó Supremo Não-nascido, sei que as diferentes variedades de entidades vivas, tais como as bestas, árvores, pássaros, répteis, semideuses e seres humanos, espalham-se por todo o universo, o qual é causado pela totalidade da energia material, e sei que às vezes elas se encontram manifestas e outras vezes imanifestas; mas jamais tive experiência da forma suprema que vejo agora, em Vossa pessoa. Agora, toda sorte de métodos de teorização chegou ao fim.
VERSO 14: Meu querido Senhor, ao final de cada milênio, a Suprema Personalidade de Deus Garbhodakaśāyī Viṣṇu dissolve em Seu ventre todas as coisas manifestas dentro do universo. Deitado no colo de Śeṣa Nāga, de Seu umbigo brota uma flor de lótus dourada sobre um caule, e o senhor Brahmā é criado naquele lótus. Posso entender que Vós sois a mesma Divindade Suprema. Portanto, ofereço-Vos minhas respeitosas reverências.
VERSO 15: Meu Senhor, com Vosso penetrante olhar transcendental, sois a testemunha suprema de todas as fases de atividades intelectuais. Sois eternamente liberado, Vossa existência está situada em bondade pura, e existis como a Superalma, imutável. Vós sois a Personalidade de Deus original, plena de seis opulências, e sois eternamente o mestre dos três modos da natureza material. Deste modo, sois sempre diferente das entidades vivas comuns. Como o Senhor Viṣṇu, mantendes todos os afazeres de todo o universo, apesar do que permaneceis à parte e sois o desfrutador dos resultados de todos os sacrifícios.
VERSO 16: Meu querido Senhor, em Vossa manifestação impessoal de Brahman há sempre dois elementos opostos – conhecimento e ignorância. Vossas múltiplas energias manifestam-se continuamente, mas o Brahman impessoal, que é indiviso, original, imutável, ilimitado e bem-aventurado, é a causa da manifestação material. Como sois o mesmo Brahman impessoal, ofereço-Vos minhas respeitosas reverências.
VERSO 17: Meu Senhor, ó Senhor Supremo, sois a suprema forma personificada de todas as bênçãos. Portanto, para alguém que se atém a Vosso serviço devocional sem nenhum outro desejo, adorar Vossos pés de lótus é melhor do que se tornar rei e se assenhorear de um reino. Essa é a bênção para quem adora Vossos pés de lótus. Para devotos ignorantes como eu, Vós sois o mantenedor imotivadamente misericordioso, tal qual uma vaca, que cuida do bezerro recém-nascido fornecendo-lhe leite e protegendo-o de quaisquer ataques.
VERSO 18: O grande sábio Maitreya continuou: Meu querido Vidura, quando Dhruva Mahārāja, que tinha boas intenções em seu coração, terminou sua oração, o Senhor Supremo, a Personalidade de Deus, que é muito bondoso com Seus devotos e servos, congratulou-Se com ele, falando o seguinte.
VERSO 19: A Personalidade de Deus disse: Meu querido Dhruva, filho do rei, tu executaste votos piedosos, além do que Eu conheço o desejo dentro de teu coração. Embora teu desejo seja muito ambicioso e muito difícil de ser atendido, Eu o realizarei para tua pessoa. Toda a boa fortuna a ti!
VERSOS 20-21: A Suprema Personalidade de Deus continuou: Meu querido Dhruva, hei de conceder-te o refulgente planeta conhecido como Estrela Polar, o qual continuará a existir mesmo após a dissolução ao final do milênio. Ninguém jamais governou esse planeta, que está cercado por todos os sistemas solares, planetas e estrelas. Todos os astros no céu gravitam em torno desse planeta, assim como touros giram em volta de uma estaca central com o propósito de moer grãos. Mantendo a Estrela Polar à sua direita, todas as estrelas habitadas pelos grandes sábios, como Dharma, Agni, Kaśyapa e Śukra gravitam em torno desse planeta, que continua a existir mesmo após a destruição de todos os demais.
VERSO 22: Depois que teu pai for para a floresta e conceder-te o encargo de seu reino, governarás o mundo inteiro por trinta e seis mil anos consecutivos, e todos os teus sentidos continuarão tão fortes como o são agora. Jamais envelhecerás.
VERSO 23: O Senhor prosseguiu: Em algum momento no futuro, teu irmão, Uttama, caçará na floresta e, enquanto estiver absorto caçando, será morto. Tua madrasta, Suruci, enlouquecendo com a morte de seu filho, sairá à procura dele na floresta, mas será devorada por um incêndio.
VERSO 24: O Senhor continuou: Eu sou o coração de todos os sacrifícios. Serás capaz de executar muitos sacrifícios excelentes e também farás grande caridade. Dessa maneira, serás capaz de gozar das bênçãos de felicidade material nesta vida e, no momento de tua morte, serás capaz de lembrar-te de Mim.
VERSO 25: A Personalidade de Deus continuou: Meu querido Dhruva, após tua vida material neste corpo, irás ao Meu planeta, que é sempre reverenciado pelos habitantes de todos os demais sistemas planetários. Ele está situado acima dos planetas dos sete ṛṣis, e, tendo ido lá, jamais terás de voltar a este mundo material.
VERSO 26: O grande sábio Maitreya disse: Após ser adorado e honrado por Dhruva Mahārāja, o menino, e após oferecer-lhe Sua morada, o Senhor Viṣṇu, montado em Garuḍa, regressou à Sua morada, enquanto Dhruva Mahārāja O observava.
VERSO 27: Apesar de ter alcançado o resultado desejado de sua determinação, adorando os pés de lótus do Senhor, Dhruva Mahārāja não estava muito satisfeito. Assim, retornou ele a seu lar.
VERSO 28: Śrī Vidura perguntou: Meu querido brāḥmana, é dificílimo alcançar a morada do Senhor. Ela só pode ser alcançada mediante o serviço devocional puro, que por si só satisfaz o afetuosíssimo e misericordioso Senhor. Dhruva Mahārāja alcançou essa posição em uma só vida e era muito sábio e consciencioso. Por que, então, não estava muito satisfeito?
VERSO 29: Maitreya respondeu: O coração de Dhruva Mahārāja, que fora trespassado pelas flechas das palavras ásperas de sua madrasta, estava muito pesaroso, e assim, quando ele se fixou na meta de sua vida, não se esqueceu do mau comportamento dela. Ele não pediu verdadeira liberação deste mundo material, porém, no final de seu serviço devocional, quando a Suprema Personalidade de Deus apareceu diante dele, Dhruva só fez envergonhar-se das necessidades materiais que tinha em sua mente.
VERSO 30: Dhruva Mahārāja pensou consigo mesmo: Esforçar-se para situar-se à sombra dos pés de lótus do Senhor não é uma tarefa comum, porque mesmo os grandes brahmacārīs encabeçados por Sanandana, que praticaram o aṣṭāṅga-yoga em transe, alcançaram o refúgio dos pés de lótus do Senhor somente após muitíssimos nascimentos. Dentro de seis meses, obtive o mesmo resultado, mas, por pensar diferentemente do Senhor, caí de minha posição.
VERSO 31: Ai de mim! Olhai só para mim! Sou tão desventurado. Aproximei-me dos pés de lótus da Suprema Personalidade de Deus, que pode de imediato cortar a corrente da repetição de nascimentos e mortes, mas, ainda assim, devido à minha tolice, orei pedindo coisas perecíveis.
VERSO 32: Uma vez que todos os semideuses que estão situados no sistema planetário superior terão que descer novamente, todos eles invejam minha elevação a Vaikuṇṭhaloka através do serviço devocional. Esses semideuses intolerantes dissiparam minha inteligência, e somente por essa razão não pude aceitar a bênção genuína das instruções do sábio Nārada.
VERSO 33: Dhruva Mahārāja lamentou-se: Eu estava sob a influência da energia ilusória – ignorando os fatos verdadeiros, dormia no colo dela. Com visão de dualidade, vi meu irmão como inimigo, e falsamente me lamentei dentro do coração, pensando: “Eles são meus inimigos.”
VERSO 34: É muito difícil satisfazer a Suprema Personalidade de Deus, mas, no meu caso, embora eu tenha satisfeito a Superalma de todo o universo, orei somente por coisas inúteis. Minhas atividades eram exatamente como o tratamento dado a uma pessoa que já está morta. Vede só quão desventurado eu sou, pois, apesar de encontrar o Senhor Supremo, que pode cortar nossa ligação com nascimentos e mortes, orei pelas mesmas condições novamente.
VERSO 35: Devido a meu estado de completa tolice e falta de atividades piedosas, embora o Senhor me tivesse oferecido Seu serviço pessoal, desejei nome, fama e prosperidade materiais. Meu caso é semelhante ao do homem pobre que, ao satisfazer um grande imperador que queria dar-lhe qualquer coisa que ele pedisse, por ignorância pediu somente alguns grãos quebrados de arroz.
VERSO 36: O grande sábio Maitreya continuou: Meu querido Vidura, pessoas como tu, que são devotas puras dos pés de lótus de Mukunda [a Suprema Personalidade de Deus, que pode oferecer a liberação] e que vivem apegadas ao mel de Seus pés de lótus, estão sempre satisfeitas servindo aos pés de lótus do Senhor. Em qualquer condição de vida, tais pessoas permanecem satisfeitas e, deste modo, jamais pedem prosperidade material ao Senhor.
VERSO 37: Quando o rei Uttānapāda ouviu que seu filho Dhruva estava de regresso ao lar, como se estivesse ressuscitando após a morte, ele não pôde depositar sua fé nessa mensagem, pois tinha dúvidas sobre como isso poderia acontecer. Ele se considerava o mais deplorável entre os homens, de maneira que achava que não lhe era possível obter tamanha boa fortuna.
VERSO 38: Embora não pudesse acreditar nas palavras do mensageiro, ele tinha plena fé na palavra do grande sábio Nārada. Assim, ficou muito emocionado com a notícia, e imediatamente ofereceu, com grande satisfação, um colar preciosíssimo ao mensageiro.
VERSOS 39-40: Então, o rei Uttānapāda, estando muito ansioso para ver o rosto de seu filho perdido, subiu a uma quadriga puxada por excelentes cavalos e adornada com filigranas douradas. Levando com ele muitos brāhmaṇas eruditos, todas as personalidades mais velhas de sua família, seus funcionários, ministros e amigos imediatos, ele deixou prontamente a cidade. Enquanto o desfile avançava, ouviam-se sons auspiciosos de búzios, tambores, flautas e o canto de mantras védicos para indicar toda a boa fortuna.
VERSO 41: Ambas as rainhas do rei Uttānapāda, Sunīti e Suruci, juntamente com seu outro filho, Uttama, apareceram no desfile. As rainhas estavam sentadas em um palanquim.
VERSOS 42-43: Ao ver Dhruva Mahārāja aproximando-se da pequena floresta vizinha, o rei Uttānapāda desceu de sua quadriga, apressado. Por longo tempo, ele ansiara ver seu filho Dhruva, em razão do que, com grande amor e afeição, adiantou-se para abraçar seu filho há muito perdido. Respirando ofegante, o rei o abraçou com ambos os braços. Contudo, Dhruva Mahārāja não era o mesmo de antes: ele estava inteiramente santificado pelo avanço espiritual devido a ter sido tocado pelos pés de lótus da Suprema Personalidade de Deus.
VERSO 44: O reencontro com Dhruva Mahārāja satisfez o desejo há muito acalentado do rei Uttānapāda, e, por essa razão, ele cheirou repetidamente a cabeça de Dhruva e o banhou com torrentes de lágrimas muito frias.
VERSO 45: Então, Dhruva Mahārāja, o principal de todos os nobres, primeiramente ofereceu suas reverências aos pés de seu pai, que o honrou com várias perguntas. Em seguida, prostrou a cabeça aos pés de suas duas mães.
VERSO 46: Suruci, a mãe mais nova de Dhruva Mahārāja, vendo que o inocente menino caíra a seus pés, imediatamente o levantou, abraçando-o com suas mãos, e, com lágrimas emocionadas, ela o abençoou com as palavras: “Meu querido menino, que tenhas uma vida longa!”
VERSO 47: Todas as entidades vivas prestam honras a quem tem qualidades transcendentais por se relacionar amistosamente com a Suprema Personalidade de Deus, assim como a água flui automaticamente para baixo, por sua própria natureza.
VERSO 48: Os dois irmãos Uttama e Dhruva Mahārāja também trocaram lágrimas. Eles estavam dominados pelo êxtase de amor e afeição, e, ao se abraçarem, os pelos de seus corpos se arrepiaram.
VERSO 49: Sunīti, a mãe verdadeira de Dhruva Mahārāja, abraçou o tenro corpo de seu filho, que lhe era mais querido do que sua própria vida, e assim se esqueceu de todo o pesar material, pois estava muito satisfeita.
VERSO 50: Meu querido Vidura, Sunīti era a mãe de um grande herói. Suas lágrimas, juntamente com o leite que escorria de seus seios, umedeceram todo o corpo de Dhruva Mahārāja. Isso era um sinal muito auspicioso.
VERSO 51: Os habitantes do palácio louvaram a rainha: Querida rainha, vosso amado filho estava perdido há muito tempo, mas agora tendes a grande fortuna de tê-lo de volta. Parece, portanto, que vosso filho será capaz de proteger-vos por muitíssimo tempo e dará fim a todas as vossas dores materiais.
VERSO 52: Querida rainha, deveis ter adorado a Suprema Personalidade de Deus, que liberta Seus devotos do maior perigo. As pessoas que constantemente meditam nEle superam o curso de nascimentos e mortes. Essa perfeição é muito difícil de ser alcançada.
VERSO 53: O sábio Maitreya continuou: Meu querido Vidura, enquanto todos assim louvavam Dhruva Mahārāja, o rei ficou muito feliz, e sentou Dhruva e seu irmão nas costas de uma elefanta. Então, ele regressou à sua capital, onde foi louvado por homens de todas as classes.
VERSO 54: Toda a cidade estava decorada com colunas de bananeiras contendo cachos de frutas e ramalhetes de flores, e árvores de nozes-de-betel com suas folhas e galhos eram vistas em toda parte. Havia também muitos portões cuja estrutura lembrava a forma de tubarões.
VERSO 55: Em cada portão, havia lamparinas acesas e grandes potes d’água decorados com panos de variadas cores, colares de pérolas, guirlandas de flores e folhas de manga.
VERSO 56: Na cidade capital, havia muitos palácios, portões urbanos e muros rodeando-a, os quais já eram belíssimos, e, nessa ocasião, todos estavam decorados com ornamentos dourados. As cúpulas dos palácios da cidade cintilavam, assim como as cúpulas dos belos aeroplanos que pairavam sobre ela.
VERSO 57: Todos os pátios, alamedas e ruas da cidade, e as sentinelas nos cruzamentos, estavam bem limpos e borrifados com água de sândalo; e grãos auspiciosos, tais como arroz e cevada, e flores, frutas e muitos outros presentes auspiciosos, espalhavam-se por toda a cidade.
VERSOS 58-59: Assim, enquanto Dhruva Mahārāja passava pela estrada, amáveis donas de casa, de todos os cantos da vizinhança, reuniam-se para vê-lo e, com afeição maternal, abençoavam-no, fazendo cair sobre ele uma chuva de sementes de mostarda branca, cevada, coalhada, água, grama tenra, frutas e flores. Dessa maneira, Dhruva Mahārāja, ouvindo os agradáveis cânticos entoados pelas senhoras, entrou no palácio de seu pai.
VERSO 60: Dhruva Mahārāja viveu então no palácio de seu pai, cujas paredes eram incrustadas de joias muito preciosas. Seu afetuoso pai cuidava dele com carinho especial, e Dhruva morava naquela casa assim como os semideuses vivem em seus palácios nos sistemas planetários superiores.
VERSO 61: A roupa de cama do palácio era branca como a espuma do leite e muito macia. As armações de cama eram feitas de marfim com embelezamento de ouro, e as cadeiras, bancos e outros assentos e móveis eram feitos de ouro.
VERSO 62: O palácio do rei era cercado por muros feitos de mármore com muitas gravações feitas de joias preciosas, como safiras, que representavam belas mulheres com brilhantes lamparinas de joias em suas mãos.
VERSO 63: A residência do rei era rodeada por jardins onde havia variedades de árvores trazidas dos planetas celestiais. Naquelas árvores, havia casais de pássaros docemente canoros e abelhas quase enlouquecidas, que faziam um zumbido agradabilíssimo.
VERSO 64: Havia escadarias de esmeralda que levavam a lagos cheios de flores de lótus de cores diversas e lírios. Além disso, cisnes, kāraṇḍavas, cakravākas, grous e outros pássaros raros semelhantes eram visíveis naqueles lagos.
VERSO 65: Ouvindo as gloriosas façanhas de Dhruva Mahārāja e vendo pessoalmente quão influente e grandioso ele era, o santo rei Uttānapāda se sentiu muito satisfeito, pois as atividades de Dhruva eram maravilhosas ao extremo.
VERSO 66: Após a devida ponderação, o rei Uttānapāda entronou Dhruva Mahārāja como imperador deste planeta, vendo que ele estava adequadamente maduro para se encarregar do reino e que seus ministros concordavam com a ideia e os cidadãos também gostavam muito dele.
VERSO 67: Após considerar sua idade avançada e deliberar sobre o bem-estar de seu eu espiritual, o rei Uttānapāda desligou-se dos afazeres mundanos e adentrou a floresta.