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VERSOS 5-6

brāhmaṇa uvāca
ayaṁ jano nāma calan pṛthivyāṁ
yaḥ pārthivaḥ pārthiva kasya hetoḥ
tasyāpi cāṅghryor adhi gulpha-jaṅghā-
jānūru-madhyora-śirodharāṁsāḥ

aṁse ’dhi dārvī śibikā ca yasyāṁ
sauvīra-rājety apadeśa āste
yasmin bhavān rūḍha-nijābhimāno
rājāsmi sindhuṣv iti durmadāndhaḥ

brāhmaṇaḥ uvāca — o brāhmaṇa disse; ayam — esta; janaḥ — pessoa; nāma — tida como tal; calan — movendo-se; pṛthivyām — sobre a Terra; yaḥ — quem; pārthivaḥ — uma transformação da terra; pārthiva — ó rei, possuidor de um corpo terreno correlato; kasya — por qual; hetoḥ — razão; tasya api — dele também; ca — e; aṅghryoḥ — pés; adhi — acima; gulpha — tornozelos; jaṅghā — panturrilhas; jānu — joelhos; uru — coxas; madhyora — cintura; śiraḥ-dhara — pescoço; aṁsāḥ — ombros; aṁse — ombro; adhi — sobre; dārvī — feito de madeira; śibikā — palanquim; ca — e; yasyām — sobre o qual; sauvīra-rājā — o rei de Sauvīra; iti — assim; apadeśaḥ — conhecido como; āste — encontra-se; yasmin — no qual; bhavān — Vossa Onipotência; rūḍha — imposto sobre; nija-abhimānaḥ — tendo uma concepção de falso prestígio; rājā asmi — eu sou o rei; sindhuṣu — no estado de Sindhu; iti — assim; durmada-andhaḥ — cativado pelo falso prestígio.

O brāhmaṇa autorrealizado Jaḍa Bharata disse: Entre as várias combinações e permutações materiais, existem várias formas e transformações terrenas. Por alguma razão, algumas se movem sobre a superfície da terra e se chamam “carregadores de palanquim”. Aquelas transformações materiais que não se movem são objetos materiais grosseiros, tais como as pedras. Em todo caso, o corpo material é feito de terra e pedra sob a forma de pés, tornozelos, panturrilhas, joelhos, coxas, tronco, pescoço e cabeça. Sobre os ombros, está o palanquim de madeira, e, dentro do palanquim, encontra-se o dito rei de Sauvīra. O corpo do rei é simplesmente outra transformação da terra, mas Vossa Majestade está situado dentro desse corpo, deixando-se influenciar pela falsa impressão de que é o rei do estado de Sauvīra.

SIGNIFICADO—Após analisar os corpos materiais do carregador e do passageiro do palanquim, Jaḍa Bharata conclui que a verdadeira força viva é a entidade viva. A entidade viva é o rebento ou a progênie do Senhor Viṣṇu; portanto, dentro deste mundo material, entre as coisas móveis e inertes, o princípio real é o Senhor Viṣṇu. Devido à Sua presença, tudo está funcionando, e ocorrem ações e reações. Aquele que sabe que o Senhor Viṣṇu é a causa original de tudo deve ser visto como estando situado em conhecimento perfeito. Embora tivesse o falso orgulho de ser um monarca, o rei Rahūgaṇa não estava situado em conhecimento verdadeiro. Portanto, ele estava admoestando os carregadores do palanquim, incluindo Jaḍa Bharata, o brāhmaṇa autorrealizado. Essa é a primeira acusação que Jaḍa Bharata lançou contra o rei, que, do terreno volúvel da ignorância, ousava falar com um brāhmaṇa erudito, identificando tudo com a matéria. O rei Rahūgaṇa argumentava que a entidade viva está dentro do corpo e que, quando o corpo está fatigado, a entidade viva que reside nesse corpo deve, portanto, estar sofrendo. Nos versos seguintes, fica bem evidente que a entidade viva não sofre devido à fadiga do corpo. Śrīla Viśvanātha Cakravartī apresenta o exemplo de uma criança revestida de muitos adornos – embora seu corpo seja muito delicado, a criança não sente fadiga, tampouco os pais pensam que devem tirar-lhe os enfeites. A entidade viva nada tem a ver com as dores e os prazeres físicos, os quais não passam de criações mentais. O homem inteligente descobrirá a causa que deu origem a tudo. Nos relacionamentos mundanos, talvez as combinações e permutações materiais sejam palpáveis, mas, na verdade, a força viva, a alma, nada tem a ver com elas. Aqueles que estão agitados materialmente preocupam-se com o corpo e inventam o daridra-nārāyaṇa (Nārāyaṇa indigente). Entretanto, não é verdade que a alma e a Superalma tornem-se pobres simplesmente porque o corpo é pobre. Essas afirmações partem de pessoas ignorantes. A alma e a Superalma estão sempre à parte das dores e dos prazeres físicos.

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