VERSO 38
etasmin saṁsārādhvani nānā-kleśopasarga-bādhita āpanna-vipanno yatra yas tam u ha vāvetaras tatra visṛjya jātaṁ jātam upādāya śocan muhyan bibhyad-vivadan krandan saṁhṛṣyan gāyan nahyamānaḥ sādhu-varjito naivāvartate ’dyāpi yata ārabdha eṣa nara-loka-sārtho yam adhvanaḥ pāram upadiśanti.
etasmin — nesse; saṁsāra — de condições dolorosas; adhvani — caminho; nānā — várias; kleśa — pelos sofrimentos; upasarga — pelos problemas da existência material; bādhitaḥ — incomodada; āpanna — ora ganhando; vipannaḥ — ora perdendo; yatra — no qual; yaḥ — quem; tam — a ele; u ha vāva — ou; itaraḥ — alguém mais; tatra — logo após; visṛjya — abandonando; jātam jātam — recém-nascido; upādāya — aceitando; śocan — lamentando; muhyan — sendo iludida; bibhyat — temendo; vivadan — ora exclamando alto; krandan — ora chorando; saṁhṛṣyan — ora estando satisfeita; gāyan — cantando; nahyamānaḥ — sendo atada; sādhu-varjitaḥ — estando distante de pessoas santas; na — não; eva — decerto; āvartate — alcança; adya api — mesmo até agora; yataḥ — de quem; ārabdhaḥ — começou; eṣaḥ — isto; nara-loka — do mundo material; sa-arthaḥ — as entidades vivas interessadas no eu; yam — quem (a Suprema Personalidade de Deus); adhvanaḥ — do caminho da existência material; param — a outra extremidade; upadiśanti — as pessoas santas apontam.
O caminho deste mundo material está repleto de sofrimentos materiais, e vários problemas incomodam as almas condicionadas. Ora ela perde, ora ganha, mas, em todo caso, o caminho é repleto de perigos. Às vezes, a alma condicionada vê que a morte ou outras circunstâncias forçam-na a separar-se de seu pai. Deixando-o para trás, aos poucos ela se apega a outras pessoas, tais como seus filhos. Algumas vezes, a alma condicionada fica iludida e temerosa. Há ocasiões em que grita em razão do medo intenso. Outras vezes, sente-se feliz ao manter sua família e, outras vezes ainda, fica muito alegre e canta melodiosamente. Dessa maneira, ela se enreda e se esquece de que, desde tempos imemoriais, afastou-se da Suprema Personalidade de Deus. Desse modo, ela percorre o perigoso caminho da existência material e, nesse caminho, ela definitivamente não é feliz. Para escapar dessa perigosa existência material, as pessoas autorrealizadas simplesmente se refugiam na Suprema Personalidade de Deus. Quem não aceita o caminho devocional não consegue escapar das garras da existência material. A conclusão é que ninguém pode ser feliz na vida material. Todos devem adotar a consciência de Kṛṣṇa.
SIGNIFICADO—Analisando detidamente o modo de vida materialista, qualquer pessoa sóbria pode entender que não existe nem mesmo a mais ínfima felicidade neste mundo. Contudo, pelo fato de continuar desde tempos imemoriais a caminhar em meio a perigos e devido a não se associar com pessoas santas, a alma condicionada, sob os efeitos da ilusão, quer desfrutar deste mundo material. A energia material às vezes lhe dá uma oportunidade de obter essa suposta felicidade, mas o que acontece de fato é que a alma condicionada está sendo perpetuamente punida pela natureza material. Portanto, afirma-se que daṇḍya-jane rājā yena nadīte cubāya (Cc. Madhya 20.118). A vida materialista é sinônimo de uma contínua infelicidade, mas, havendo uma interrupção momentânea dos sofrimentos, tomamos isso como felicidade. Às vezes, um condenado é submerso na água e puxado em seguida. Na verdade, tudo isso lhe é dado como punição, mas ele sente um pouco de conforto quando coloca a cabeça para fora da água. Essa é a situação da alma condicionada. Portanto, todos os śāstras aconselham que nos associemos com os devotos e as pessoas santas.
‘sādhu-saṅga’, ‘sādhu-saṅga’ — sarva-śāstre kaya
lava-mātra sādhu-saṅge sarva-siddhi haya
(Cc. Madhya 22.54)
Mesmo através de uma pequena associação com os devotos, a alma condicionada pode sair dessa condição material dolorosa. Este movimento para a consciência de Kṛṣṇa, portanto, esforça-se em dar a todos a oportunidade de se associarem com pessoas santas. Por isso, todos os membros desta sociedade da consciência de Kṛṣṇa devem ser sādhus perfeitos para dar essa oportunidade às almas condicionadas e caídas. Esse é o melhor trabalho humanitário.