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CAPÍTULO VINTE E UM

Os Movimentos do Sol

Este capítulo nos informa sobre os movimentos do Sol. O Sol não está parado; como os outros planetas, ele também se move. Os movimentos do Sol determinam a duração do dia e da noite. Ao percorrer o norte do equador, o Sol se move vagarosamente durante o dia e muito rapidamente à noite, aumentando, assim, a duração do dia e diminuindo a duração da noite. Então, ao percorrer o sul do equador, ocorre o fenômeno oposto – a duração do dia diminui e a duração da noite aumenta. Quando o Sol entra em Karkaṭa-rāśi (Câncer) e depois viaja até Siṁha-rāśi (Leão), e, progredindo mais, percorre Dhanuḥ-rāśi (Sagitário), sua rota se chama Dakṣiṇāyana, o percurso sul, e quando entra em Makara-rāśi (Capricórnio) e depois viaja por Kumbha-rāśi (Aquário) e, mais adiante, percorre Mithuna-rāśi (Gêmeos), sua rota se chama Uttarāyaṇa, o percurso norte. Quando está em Meṣa-rāśi (Áries) e Tulā-rāśi (Libra), a duração do dia e da noite é igual.

Sobre a montanha Mānasottara, encontram-se as moradas de quatro semideuses. A leste da montanha Sumeru, está Devadhānī, onde vive o rei Indra, ao passo que, ao sul de Sumeru, encontra-se Saṁyamanī, a morada de Yamarāja, o superintendente da morte. Do mesmo modo, a oeste de Sumeru, figura Nimlocanī, a morada de Varuṇa, o semideus que controla a água, e, ao norte de Sumeru, está Vibhāvarī, onde vive o semideus da Lua. O alvorecer, o meio-dia, o pôr do sol e a meia-noite ocorrem em todos esses lugares por causa dos movimentos do Sol. Diametralmente oposto ao lugar onde o Sol nasce e é visto pelos olhos humanos, ele estará se pondo e se escondendo da visão humana. Do mesmo modo, as pessoas que residem no ponto diametralmente oposto ao lugar onde ele está ao meio-dia experimentam a meia-noite. O Sol nasce e se põe juntamente com todos os outros planetas, liderados pela Lua e outros luzeiros.

Todo o kāla-cakra, ou a roda do tempo, está estabelecido na roda da quadriga do deus do Sol. Essa roda é conhecida como Saṁvatsara. Os sete cavalos que puxam a quadriga do Sol são conhecidos como Gāyatrī, Bṛhatī, Uṣṇik, Jagatī, Triṣṭup, Anuṣṭup e Paṅkti. O semideus Aruṇadeva coloca-lhes os arreios, atrelando-os a uma canga de 900.000 yojanas de largura. Assim, a quadriga transporta Ādityadeva, o deus do Sol. Permanecendo sempre na frente do deus do Sol e lhe oferecendo suas orações, estão sessenta mil sábios conhecidos como Vālikhilyas. Existem quatorze Gandharvas, Apsarās e outros semideuses, que se dividem em sete grupos e que todos os meses realizam atividades ritualísticas para adorar a Superalma através do deus do Sol, de acordo com diferentes nomes. Assim, o deus do Sol viaja pelo universo, em um percurso de 95.100.000 yojanas (1.218.000.000 de quilômetros), à velocidade de 25.606 quilômetros a cada instante.

VERSO 1: Śukadeva Gosvāmī disse: Meu querido rei, até então descrevi o diâmetro do universo [quinhentos milhões de yojanas, ou seis bilhões e quatrocentos milhões de quilômetros] e suas características gerais, de acordo com as estimativas de estudiosos eruditos.

VERSO 2: Assim como se dividindo um grão de trigo em duas partes é possível calcular o tamanho da parte superior conhecendo o tamanho da inferior, do mesmo modo, ensinam os geógrafos peritos que se podem entender as medidas da parte superior do universo conhecendo as medidas da parte inferior. O espaço entre a esfera terrestre e a esfera celestial se chama antarikṣa, ou espaço exterior. Ele une o topo da esfera terrestre à base da esfera celestial.

VERSO 3: No meio dessa região do espaço exterior [antarikṣa], fica o opulentíssimo Sol, o rei de todos os planetas que emitem calor, tais como a Lua. Pela influência de sua radiação, o Sol aquece o universo e o mantém na devida ordem. Ele também fornece luz para ajudar todas as entidades vivas a verem. Enquanto passa pelo norte, pelo sul ou pelo equador, de acordo com a ordem da Suprema Personalidade de Deus, afirma-se que ele move-se vagarosa, rápida ou moderadamente. De acordo com os movimentos através dos quais ele nasce, põe-se ou passa pelo equador – e, correspondentemente, entra em contato com vários signos do zodíaco, a começar por Makara [Capricórnio] –, os dias e as noites são curtos, longos ou de igual duração.

VERSO 4: Quando o Sol passa por Meṣa [Áries] e Tulā [Libra], a duração do dia e da noite é igual. Quando ele passa pelos cinco signos liderados por Vṛṣabha [Touro], a duração dos dias aumenta [até Câncer], e depois gradualmente diminui meia hora por mês, até que o dia e a noite voltam a se tornar iguais [em Libra].

VERSO 5: Quando o Sol passa pelos cinco signos que começam com Vṛścika [Escorpião], a duração dos dias diminui [até Capricórnio], e depois aumenta gradualmente mês após mês, até que o dia e a noite se tornam iguais [em Áries].

VERSO 6: Até o Sol viajar para o sul, os dias vão se tornando mais longos, e até ele viajar para o norte, as noites ficam mais longas.

VERSO 7: Śukadeva Gosvāmī prosseguiu: Meu querido rei, como se afirmou antes, os eruditos dizem que o Sol viaja em torno da montanha Mānasottara, em um círculo cuja extensão é de 95.100.000 yojanas [1.217.000.000 de quilômetros]. Na montanha Mānasottara, diretamente a leste da montanha Sumeru, há um local conhecido como Devadhānī, de propriedade do rei Indra. Do mesmo modo, ao sul fica um local conhecido como Saṁyamanī, propriedade de Yamarāja, a oeste há um lugar conhecido como Nimlocanī, pertencente a Varuṇa, e ao norte fica um lugar chamado Vibhāvarī, pertencente ao deus da Lua. O alvorecer, o meio-dia, o pôr do sol e a meia-noite ocorrem em todos esses lugares de acordo com tempos específicos, mantendo assim todas as entidades vivas em seus vários deveres ocupacionais e também determinando o momento em que elas devem cessar tais deveres.

VERSOS 8-9: As entidades vivas que residem na montanha Sumeru sempre estão quentes, como acontece ao meio-dia, pois, para elas, o Sol sempre está a pino. Embora o Sol se mova no sentido anti-horário, de frente para as constelações e com a montanha Sumeru à sua esquerda, ele também se move no sentido horário e parece ter a montanha à sua direita porque é influenciado pelo vento dakṣiṇāvarta. As pessoas que vivem nas regiões localizadas em pontos diametralmente opostos ao local onde se detecta o nascer do Sol, verão o Sol se pondo, e caso se traçasse uma linha reta de um ponto onde o Sol está ao meio-dia, as pessoas nas regiões situadas no lado oposto da linha estariam em plena meia-noite. Igualmente, se as pessoas que residem onde o Sol se põe fossem visitar regiões localizadas diametralmente opostas, não veriam o Sol nas mesmas condições.

VERSO 10: Ao viajar de Devadhānī, a residência de Indra, até Saṁyamanī, a residência de Yamarāja, o Sol percorre 23.775.000 yojanas [304.320.000 quilômetros] em quinze ghaṭikās [seis horas].

VERSO 11: Da residência de Yamarāja, o Sol viaja até Nimlocanī, a residência de Varuṇa, de onde vai até Vibhāvarī, a residência do deus da Lua, e daí segue rumo à residência de Indra. De modo semelhante, a Lua, juntamente com outras estrelas e planetas, torna-se visível na esfera celestial e depois se põe e volta a se tornar invisível.

VERSO 12: Assim, a quadriga do deus do Sol, o qual é trayīmaya, ou adorado com as palavras oṁ bhūr bhuvaḥ svaḥ, viaja pelas quatro residências acima mencionadas à velocidade de 3.400.800 yojanas [43.530.200 quilômetros] em um muhūrta.

VERSO 13: A quadriga do deus do Sol tem apenas uma roda, conhecida como Saṁvatsara. Calcula-se que os doze meses são seus doze raios, as seis estações são as seções de seu aro, e os três períodos de cāturmāsya são seu cubo tripartido. Uma extremidade do eixo que suporta a roda repousa no topo do monte Sumeru, e a outra repousa na montanha Mānasottara. Afixada à extremidade externa do eixo, a roda gira continuamente sobre a montanha Mānasottara, como a roda de uma prensa com que se extrai óleo de sementes.

VERSO 14: Como em uma prensa para extração de óleo de sementes, esse primeiro eixo está acoplado ao segundo eixo, que mede um quarto em tamanho [3.937.500 yojanas, ou 50.400.000 quilômetros]. A extremidade superior desse segundo eixo está fixada em Dhruvaloka por uma corda de vento.

VERSO 15: Meu querido rei, calcula-se que o carro da quadriga do deus do Sol tem 3.600.000 yojanas [46.080.000 quilômetros] de comprimento, e que sua largura, medindo um quarto do comprimento, é de 900.000 yojanas [11.520.000 quilômetros]. Os cavalos da quadriga, cujos nomes lhes são emprestados do Gāyatrī e de outras métricas védicas, usam arreios que Aruṇadeva lhes coloca e, então, atrela-os a uma canga cuja largura também é de 900.000 yojanas. Essa quadriga carrega continuamente o deus do Sol.

VERSO 16: Embora fique sentado na frente do deus do Sol e se ocupe em conduzir a quadriga e controlar os cavalos, Aruṇadeva olha para trás, em direção ao deus do Sol.

VERSO 17: Existem sessenta mil santos chamados Vālikhilyas, cada um deles do tamanho de um polegar, que se situam diante do deus do Sol e lhe oferecem eloquentes orações de glorificação.

VERSO 18: Do mesmo modo, outros quatorze santos, os Gandharvas, as Apsarās, os Nāgas, os Yakṣas, os Rākṣasas e semideuses, que se dividem aos pares, assumem diferentes nomes todos os meses e continuamente executam diferentes cerimônias ritualísticas para adorar o Senhor Supremo como o poderosíssimo semideus Sūryadeva, que tem muitos nomes.

VERSO 19: Meu querido rei, em sua órbita através de Bhū-maṇḍala, o deus do Sol percorre uma distância de 95.100.000 yojanas [1.217.000.000 quilômetros] à velocidade de 2.000 yojanas e dois krośas [25.606 quilômetros] a cada instante.

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