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VERSO 9

etāvān avyayo dharmaḥ
puṇya-ślokair upāsitaḥ
yo bhūta-śoka-harṣābhyām
ātmā śocati hṛṣyati

etāvān — esse tanto; avyayaḥ — imperecível; dharmaḥ — princípio religioso; puṇya-ślokaiḥ — pelas pessoas famosas que são célebres como piedosas; upāsitaḥ — reconhecido; yaḥ — o qual; bhūta — das entidades vivas; śoka — pelo sofrimento; harṣābhyām — e pela felicidade; ātmā — a mente; śocati — lamenta; hṛṣyati — sente alegria.

Se uma pessoa se entristece ao ver o sofrimento de outras entidades vivas e se alegra ao ver sua felicidade, os princípios religiosos dessa pessoa são apreciados como imperecíveis por parte de personalidades elevadas e consideradas piedosas e benevolentes.

SIGNIFICADO—De modo geral, a pessoa segue diferentes espécies de princípios religiosos ou exerce vários deveres ocupacionais de acordo com o corpo que lhe é dado pelos modos da natureza material. Neste verso, entretanto, explicam-se os verdadeiros princípios religiosos. Todos devem sentir-se infelizes ao ver os outros em aflição e felizes ao ver os outros felizes. Ātmavat sarva-bhūteṣu: devem-se sentir a felicida­de e a aflição alheias como se fossem suas próprias. É com base nisso que se estabelece o princípio religioso budista que defende a não-­violência – ahiṁsaḥ parama-dharmaḥ. Sentimos dor quando alguém nos perturba; portanto, não devemos infligir dores a outros seres vivos. A missão do Senhor Buddha foi deter a desnecessária matan­ça de animais, de modo que ele pregava que o maior princípio religio­so é a não-violência.

Ninguém pode continuar matando animais e, ao mesmo tempo, ser um homem religioso. Isso é muita hipocrisia. Jesus Cristo disse: “Não mates”, mas, mesmo assim, os hipócritas mantêm milhares de matadouros enquanto se fazem passar por cristãos. Essa hipocrisia é conde­nada neste verso. A pessoa deve ficar feliz ao ver os outros felizes, e deve ficar infeliz ao ver os outros infelizes. Esse é o princípio a ser seguido. Infelizmente, no momento atual, os pretensos filantro­pos e humanitaristas advogam a felicidade da humanidade à custa da vida dos pobres animais. Isso é reprovado aqui. Este verso diz claramente que se deve ter compaixão de todas as entidades vivas. Não importa se nos referimos a seres humanos, animais, árvores ou plantas: todas as entidades vivas são filhos da Suprema Personali­dade de Deus. Na Bhagavad-gītā (14.4), o Senhor Kṛṣṇa diz:

sarva-yoniṣu kaunteya
mūrtayaḥ sambhavanti yāḥ
tāsāṁ brahma mahad yonir
ahaṁ bīja-pradaḥ pitā

“Ó filho de Kuntī, deve-se compreender que é com o nascimento nesta natureza material que todas as entidades vivas, em todas as espécies de vida, tornam-se possíveis, e que Eu sou o pai que dá a semente.” As diferentes formas das entidades vivas são apenas as suas vestes externas. Todo ser vivo é, de fato, uma alma espiritual, parte integrante de Deus. Portanto, ninguém deve favorecer apenas uma classe de seres vivos. O vaiṣṇava percebe todas as entidades vivas como partes integrantes de Deus. Como o Senhor afirma na Bhagavad-gītā (5.18 e 18.54):

vidyā-vinaya-sampanne
brāhmaṇe gavi hastini
śuni caiva śvapāke ca
paṇḍitāḥ sama-darśinaḥ

“Os sábios humildes, em virtude do conhecimento verdadeiro, veem com uma visão equânime o brāhmaṇa erudito e cortês, a vaca, o elefante, o cachorro e o comedor de cachorro [pária].”

brahma-bhūtaḥ prasannātmā
na śocati na kāṅkṣati
samaḥ sarveṣu bhūteṣu
mad-bhaktiṁ labhate parām

“Aquele que está situado nessa posição transcendental compreende de imediato o Brahman Supremo e se torna completamente feliz. Ele nunca se lamenta nem deseja ter nada, e é equânime para com todas as entidades vivas. Nesse estado, ele passa a Me prestar serviço devocional puro.” Por conseguinte, o vaiṣṇava é uma pessoa verdadeiramente perfeita porque se lamenta de ver os outros infelizes e sente prazer ao ver a felicidade alheia. O vaiṣṇava é para-duḥkha-duḥkhī, isto é, sempre fica infeliz ao ver as almas condicionadas mergulhadas no materialismo deso­lador. Portanto, o vaiṣṇava está sempre dedicado à pregação da consciência de Kṛṣṇa pelo mundo inteiro.

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