VERSO 22
yasya bhaktir bhagavati
harau niḥśreyaseśvare
vikrīḍato ’mṛtāmbhodhau
kiṁ kṣudraiḥ khātakodakaiḥ
yasya — de quem; bhaktiḥ — serviço devocional; bhagavati — à Suprema Personalidade de Deus; harau — o Senhor Hari; niḥśreyasa-īśvare — o controlador da perfeição suprema da vida, ou da liberação suprema; vikrīḍataḥ — nadando ou se divertindo; amṛta-ambhodhau — no oceano de néctar; kim — qual é a utilidade; kṣudraiḥ — de pequenas; khātaka-udakaiḥ — poças d’água.
Quem é fixo no serviço devocional ao Senhor Supremo, Hari, o Senhor da prosperidade suprema, nada no oceano de néctar. Para ele, que utilidade tem a água de pequenas poças?
SIGNIFICADO—Em outra ocasião, Vṛtrāsura havia orado (Bhagavad-gītā 6.11.25) dizendo que na nāka-pṛṣṭhaṁ na ca pārameṣṭhyaṁ na sārva-bhaumaṁ na rasādhipatyam: “Se não desejo facilidades para gozar de felicidade em Brahmaloka, Svargaloka e nem mesmo em Dhruvaloka, por que me daria ao trabalho de procurá-las nesta Terra ou nos planetas inferiores? Tudo o que desejo é regressar ao lar, regressar ao Supremo.” Esta é a determinação de um devoto puro. O devoto puro nunca se sente atraído por alguma posição de nobreza dentro deste mundo material. Ele quer unicamente se associar com a Suprema Personalidade de Deus, como os habitantes de Vṛndāvana – Śrīmatī Rādhārāṇī, as gopīs, o pai e a mãe de Kṛṣṇa (Nanda Mahārāja e Yaśodā), os amigos de Kṛṣṇa e os servos de Kṛṣṇa. Ele quer associar-se com a atmosfera de Kṛṣṇa existente na beleza de Vṛndāvana. Essas são as ambições mais elevadas de um devoto de Kṛṣṇa. Talvez os devotos do Senhor Viṣṇu aspirem a uma posição em Vaikuṇṭhaloka, mas o devoto de Kṛṣṇa jamais deseja nem mesmo as facilidades de Vaikuṇṭha; ele quer regressar a Goloka Vṛndāvana e se associar com o Senhor Kṛṣṇa e participar de Seus passatempos eternos. Qualquer felicidade material é como a água contida em uma poça, ao passo que a felicidade espiritual eterna, desfrutada no mundo espiritual, é como um oceano de néctar no qual o devoto deseja nadar.