VERSOS 21-23
adhunā putriṇāṁ tāpo
bhavataivānubhūyate
evaṁ dārā gṛhā rāyo
vividhaiśvarya-sampadaḥ
śabdādayaś ca viṣayāś
calā rājya-vibhūtayaḥ
mahī rājyaṁ balaṁ koṣo
bhṛtyāmātya-suhṛj-janāḥ
sarve ’pi śūraseneme
śoka-moha-bhayārtidāḥ
gandharva-nagara-prakhyāḥ
svapna-māyā-manorathāḥ
adhunā — no momento atual; putriṇām — de pessoas que têm filhos; tāpaḥ — o tormento; bhavatā — por ti; eva — na verdade; anubhūyate — é experimentado; evam — dessa maneira; dārāḥ — boa esposa; gṛhāḥ — residência; rāyaḥ — riqueza; vividha — várias; aiśvarya — opulências; sampadaḥ — prosperidade; śabda-ādayaḥ — som e assim por diante; ca — e; viṣayāḥ — os objetos de gozo dos sentidos; calāḥ — temporários; rājya — do reino; vibhūtayaḥ — opulências; mahī — terra; rājyam — reino; balam — força; koṣaḥ — tesouro; bhṛtya — servos; amātya — ministros; suhṛt-janāḥ — aliados; sarve — todos; api — na verdade; śūrasena — ó rei de Śūrasena; ime — esses; śoka — da lamentação; moha — da ilusão; bhaya — do temor; arti — da angústia; dāḥ — outorgadores; gandharva-nagara-prakhyāḥ — liderados pela visão ilusória de um gandharva-nagara, um grande palácio dentro da floresta; svapna — sonhos; māyā — ilusões; manorathāḥ — e invenções mentais.
Meu querido rei, realmente agora estás experimentando o sofrimento que aflige uma pessoa que tem filhos e filhas. Ó rei, proprietário do estado de Śūrasena, a esposa, o lar, a opulência do reinado e várias outras opulências e objetos de percepção sensorial são todos iguais, no sentido de que são temporários. O reino, o poder militar, o tesouro, os servos, os ministros, os amigos e os parentes – todos são causa de medo, ilusão, lamentação e angústia. São como um gandharva-nagara, um palácio inexistente que alguém imagina estar em uma floresta. Porque são impermanentes, não passam de ilusões, sonhos e invenções mentais.
SIGNIFICADO—Este verso descreve o enredamento que nos prende à existência material. Na existência material, a entidade viva possui muitas coisas – o corpo material, filhos, esposa e assim por diante (dehāpatyakalatrādiṣu). Alguém pode pensar que essas coisas lhe darão proteção, mas isso é impossível. Apesar de todas essas posses, a alma espiritual tem que abandonar sua condição presente e aceitar outra. A próxima condição talvez seja desfavorável – porém, mesmo que seja favorável, a pessoa tem que abandonar essa situação e voltar a aceitar mais um corpo. Dessa maneira, sua tribulação na existência material continua. Um homem sensato deve ter perfeita ciência de que essas coisas jamais conseguirão fazê-lo feliz. A pessoa deve estar convicta de sua identidade espiritual e, como devoto, servir eternamente à Suprema Personalidade de Deus. Aṅgirā Ṛṣi e Nārada Muni deram essas instruções a Mahārāja Citraketu.