VERSO 35
tava vibhavaḥ khalu bhagavan
jagad-udaya-sthiti-layādīni
viśva-sṛjas te ’ṁśāṁśās
tatra mṛṣā spardhanti pṛthag abhimatyā
tava — Vossas; vibhavaḥ — opulências; khalu — na verdade; bhagavan — ó Suprema Personalidade de Deus; jagat — da manifestação cósmica; udaya — a criação; sthiti — manutenção; laya-ādīni — dissolução e assim por diante; viśva-sṛjaḥ — os criadores do mundo manifesto; te — eles; aṁśa-aṁśāḥ — partes de Vossa porção plenária; tatra — nisto; mṛṣā — em vão; spardhanti — rivais mútuos; pṛthak — da separação; abhimatyā — por uma falsa concepção.
Meu querido Senhor, esta manifestação cósmica e sua criação, manutenção e aniquilação são meras opulências Vossas. Uma vez que o senhor Brahmā e outros criadores não passam de uma pequena porção de uma porção Vossa, o poder parcial de que estão dotados e com o qual podem criar não os transforma em Deus [īśvara]. A consciência que eles têm como senhores à parte, portanto, é meramente falso prestígio. Ela não é válida.
SIGNIFICADO—O devoto que se rendeu plenamente aos pés de lótus do Senhor sabe muito bem que a energia criadora de que as entidades vivas, desde o senhor Brahmā descendo até a pequena formiga, são dotadas existe porque elas são partes integrantes do Senhor. Na Bhagavad-gītā (15.7), o Senhor diz que mamaivāṁśo jīva-loke jīva-bhūtaḥ sanātanaḥ: “As entidades vivas presentes neste mundo condicionado são Minhas eternas partes fragmentárias.” Como as centelhas do fogo, as entidades vivas não passam de pequenas porções do espírito supremo. Porque são partes do Supremo, têm capacidade criativa em quantidade muito diminuta.
Os ditos cientistas do mundo materialista moderno se orgulham de terem criado facilidades modernas, tais como grandes aviões, mas o mérito de criar os aviões deve ser atribuído à Suprema Personalidade de Deus, não aos cientistas que criaram ou inventaram esses produtos supostamente maravilhosos. O primeiro aspecto a ser considerado é a inteligência dos cientistas; é por determinação do Senhor Supremo que alguém consegue elevar-se. Na Bhagavad-gītā (15.15), o Senhor diz que mattaḥ smṛtir jñānam apohanaṁ ca: “É de Mim que vêm a lembrança, o conhecimento e o esquecimento.” Porque o Senhor Supremo, como a Superalma, situa-Se no âmago do coração de toda entidade viva, a ordem pela qual alguém avança em conhecimento científico ou em faculdades criativas vem dEle. Ademais, os ingredientes para fabricar máquinas maravilhosas, tais como aviões, também são fornecidos pelo Senhor, e não pelos cientistas. Antes que o avião fosse criado, seus ingredientes já existiam, tendo sido causados pela Suprema Personalidade de Deus, mas, quando a criação manifesta do avião é destroçada, os detritos restantes se tornam um problema para os seus pretensos criadores. Outro exemplo é que o ocidente está criando muitos automóveis. É óbvio que os ingredientes para esses carros são supridos pelo Senhor Supremo, e a inteligência com a qual se executa a dita criação também é suprida pelo Senhor. Em última análise, quando os carros são demolidos, os seus pretensos criadores encontram sérias dificuldades para resolver o problema causado pelos detritos. O verdadeiro criador, o criador original, é a Personalidade de Deus. É apenas circunstancialmente que alguém cria algo com a inteligência fornecida pelo Senhor, e, mais tarde, a criação volta a ser um problema. Portanto, o pretenso criador não deve receber o mérito do ato da criação; o único mérito fica com a Suprema Personalidade de Deus. Aqui, afirma-se corretamente que o mérito de todas as opulências da criação, manutenção e aniquilação pertence ao Senhor Supremo, e não às entidades vivas.