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VERSO 45

haṁsāya dahra-nilayāya nirīkṣakāya
kṛṣṇāya mṛṣṭa-yaśase nirupakramāya
sat-saṅgrahāya bhava-pāntha-nijāśramāptāv
ante parīṣṭa-gataye haraye namas te

haṁsāya — ao mais elevado e puro (pavitraṁ paramam, a pureza suprema); dahra — no âmago do coração; nilayāya — cuja morada; nirīkṣakāya — supervisionando as atividades da alma individual; kṛṣṇāya — à Superalma, que é uma manifestação parcial de Kṛṣṇa; mṛṣṭa-yaśase — cuja reputação brilha imensamente; nirupakramāya — que não tem começo; sat-saṁgrahāya — compreendido apenas pelos devotos puros; bhava-pāntha-nija-āśrama-āptau — sendo a obtenção do refú­gio de Kṛṣṇa reservada às pessoas que vivem dentro deste mundo material; ante — no fim definitivo; parīṣṭa-gataye — a Ele, que é a meta última, o sucesso máximo da vida; haraye — à Suprema Personalidade de Deus; namaḥ — respeitosas reverências; te — a Vós.

Ó Senhor, ó pureza suprema, viveis no âmago do coração de todos e observais todos os desejos e atividades das almas condicio­nadas. Ó Suprema Personalidade de Deus, conhecida como o Senhor Kṛṣṇa, Vossa reputação é brilhante e luminosa. Não tendes come­ço, pois sois o começo de tudo. Os devotos puros compreendem isso, porque sois facilmente acessível a quem é puro e veraz. Ao libertarem-se e, então, refugiarem-se em Vossos pés de lótus após terem divagado muitos milhões de anos por todo o mundo material, as almas condicionadas alcançam o sucesso máximo da vida. Portan­to, ó Senhor, ó Suprema Personalidade de Deus, oferecemos nossas respeitosas reverências a Vossos pés de lótus.

SIGNIFICADO—Os semideuses decerto queriam que o Senhor Viṣṇu aliviasse sua ansiedade, mas agora eles se aproximam diretamente do Senhor Kṛṣṇa, pois, embora não haja diferença entre o Senhor Kṛṣṇa e o Senhor Viṣṇu, Kṛṣṇa, sob a Sua forma de Vāsudeva, desce a este planeta com o propósito de paritrāṇāya sādhūnāṁ vināśāya ca duṣkṛtām – proteger Seus devotos e aniquilar os canalhas. Os demô­nios, ou ateístas, estão sempre perturbando os semideuses, ou devotos, daí Kṛṣṇa fazer Seu advento para punir os ateístas e demônios e satisfa­zer o desejo de Seus devotos. Kṛṣṇa, sendo a causa da qual tudo se origina, é a Pessoa Suprema, e está situado acima até mesmo de Viṣṇu e Nārāyaṇa, embora não haja diferença entre essas diversas formas do Senhor. Como se explica na Brahma-saṁhitā (5.46):

dīpārcir eva hi daśāntaram abhyupetya
dīpāyate vivṛta-hetu-samāna-dharmā
yas tādṛg eva hi ca viṣṇutayā vibhāti
govindam ādi-puruṣaṁ tam ahaṁ bhajāmi

Kṛṣṇa expande-Se como Viṣṇu, da mesma forma que a chama de uma vela acende outra. Embora não haja diferença entre o poder de uma ou outra vela, Kṛṣṇa é comparado à vela original.

Nesta passagem, a palavra mṛṣṭa yaśase é significativa porque Kṛṣṇa sempre é famoso por libertar do perigo o Seu devoto. O de­voto que sacrificou tudo para servir a Kṛṣṇa e cuja única fonte de alívio é o Senhor é conhecido como akiñcana.

Como demonstram as orações oferecidas pela rainha Kuntī, o Senhor é akiñcana-vitta, ou seja, tal devoto é Seu proprietário. Aqueles que estão livres do cativeiro da vida condicionada são ele­vados ao mundo espiritual, onde alcançam cinco espécies de libe­ração – sāyujya, sālokya, sārūpya, sārṣṭi e sāmīpya. Associam-se pessoalmente com o Senhor em cinco doçuras – śānta, dāsya, sakhya, vātsalya e mādhurya. Todas essas rasas emanam de Kṛṣṇa. Como descreve Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura, a doçura original, ādi-rasa, é o amor conjugal. Kṛṣṇa é a origem do amor conjugal puro e espiritual.

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