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VERSOS 50-51

dravya-sūkṣma-vipākaś ca
dhūmo rātrir apakṣayaḥ
ayanaṁ dakṣiṇaṁ somo
darśa oṣadhi-vīrudhaḥ

annaṁ reta iti kṣmeśa
pitṛ-yānaṁ punar-bhavaḥ
ekaikaśyenānupūrvaṁ
bhūtvā bhūtveha jāyate

dravya-sūkṣma-vipākaḥ — a parafernália apresentada como oblações no fogo, tal como grãos alimentícios misturados com ghī; ca — e; dhūmaḥ — transformados em fumaça, ou no semideus encarregado da fumaça; rātriḥ — o semideus encarregado da noite; apakṣayaḥ — na quinzena da lua nova; ayanam — o semideus encarregado da passagem do Sol; dakṣiṇam — na zona meridional; somaḥ — a Lua; darśaḥ — retornando; oṣadhi — vida vegetal (na superfície da Terra); vīrudhaḥ — vegetação em geral (o nascimento da lamentação); annam — grãos alimentícios; retaḥ — sêmen; iti — dessa maneira; kṣma-īśa — ó rei Yudhiṣṭhira, senhor da Terra; pitṛ-yānam — o processo de nascer do sêmen do pai; punaḥ-bhavaḥ — repetidas vezes; eka-ekaśyena — consecutivas; anupūrvam — sucessivamente, de acordo com a gradação; bhūtvā — nascendo; bhūtvā — voltando a nascer; iha — neste mundo material; jāyate — a pessoa existe no modo de vida materialista.

Meu querido rei Yudhiṣṭhira, quando se apresentam em sacrifício oblações de ghī e grãos alimentícios, tais como cevada e gergelim, elas se transformam em fumaça celestial, que transporta a pessoa a sistemas planetários sucessivamente superiores, tais como os reinos de Dhumā, Rātri, Kṛṣṇapakṣa, Dakṣiṇam e, por fim, a Lua. Depois, entretanto, os realizadores de sacrifício descem novamente à Terra para se tornarem ervas, trepadeiras, legumes e grãos alimentícios, que são ingeridos por diferentes entidades vivas e se transformam em sêmen, o qual é injetado em corpos femininos. Assim, a pessoa nasce repetidas vezes.

SIGNIFICADOIsso é explicado na Bhagavad-gītā (9.21):

te taṁ bhuktvā svarga-lokaṁ viśālaṁ
kṣīṇe puṇye martya-lokaṁ viśanti
evaṁ trayī-dharmam anuprapannā
gatāgataṁ kāma-kāmā labhante

“Após desfrutarem do prazer sensual celestial, aqueles que seguem o pravṛtti-mārga regressam a este planeta mortal. Logo, através dos princípios védicos, eles alcançam apenas uma felicidade efêmera.” Seguindo o pravṛtti-marga, a entidade viva que deseja promover-se aos sistemas planetários superiores executa sacrifícios regulares, e, nesta passagem do Śrīmad-Bhāgavatam, bem como na Bhagavad-gītā, descreve-se como ela sobe e volta a descer. Também se afirma que traiguṇya-viṣayā vedā: “Os Vedas tratam principalmente dos três modos da natureza material.” Os Vedas, especialmente três deles, a saber, o Sāma, o Yajur e o Ṛk, descrevem vividamente este processo de ascensão aos planetas superiores e o consequente retorno. Mas Kṛṣṇa aconselha a Arjuna que traiguṇya-viṣayā vedā nistraiguṇyo bhavārjuna: a pessoa deve transcender esses três modos da natureza material e, então, ela se libertará do ciclo de nascimentos e mortes. Caso contrário, mesmo que alguém seja promovido a um sistema planetário superior, tal como Candraloka, terá que descer novamente (kṣīṇe puṇye martya-lokaṁ viśanti). Depois que expira o desfrute a que alguém teve direito porque executou atividades piedosas, ele terá de retornar a este planeta durante a chuva e, primeiramente, nascer como planta ou trepadeira, que são comidas por vários animais, inclusive pelos seres humanos, e transformadas em sêmen. Esse sêmen é injetado no corpo feminino, e, dessa maneira, a entidade viva nasce. Aqueles que retornam à Terra através desse processo nascem em especial em famílias superiores, tais como as famílias dos brāhmaṇas.

Pode-se comentar a este respeito que mesmo os ditos cientistas modernos que estão indo à Lua não conseguem permanecer lá, senão que voltam a seus laboratórios. Portanto, quer alguém vá à Lua através de modernos aparelhos mecânicos ou realizando atividades piedosas, terá de regressar à Terra. Isso é claramente afirmado neste verso e explicado na Bhagavad-gītā. Mesmo que alguém vá aos sistemas planetários superiores (yānti deva-vratā devān), ele não conseguirá uma posição segura; ele acabará retornando a martya-loka. Ābrahma-bhuvanāl lokāḥ punar āvartino ’rjuna: assim como acontece com quem vai à Lua, mesmo que alguém chegue a Brahmaloka, terá de retornar. Yaṁ prāpya na nivartante tad dhāma paramaṁ mama: mas se a pessoa volta ao lar, volta ao Supremo, ela não precisa retornar a este mundo material.

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