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 VERSO 61

śrī-nārada uvāca
iti daitya-pater vākyaṁ
ditir ākarṇya sasnuṣā
putra-śokaṁ kṣaṇāt tyaktvā
tattve cittam adhārayat

śrī-nāradaḥ uvāca — Śrī Nārada Muni disse; iti — assim; daitya-pateḥ — do rei dos demônios; vākyam — a preleção; ditiḥ — Diti, a mãe de Hiraṇyakaśipu e Hiraṇyākṣa; ākarṇya — ouvindo; sa-snuṣā — com a esposa de Hiraṇyākṣa; putra-śokam — a grande aflição por seu filho, Hiraṇyākṣa; kṣaṇāt — imediatamente; tyaktvā — abandonando; tattve — na verdadeira filosofia da vida; cittam — coração; adhārayat — ocupado.

Śrī Nārada Muni continuou: Juntamente com sua nora, Ruṣābhānu, a esposa de Hiraṇyākṣa, Diti, a mãe de Hiraṇyakaśipu e Hiraṇyākṣa, ouviu as instruções de Hiraṇyakaśipu. Ela, então, deixou de lado seu pesar pela morte do filho e, dessa maneira, aplicou sua mente e atenção em compreender a verdadeira filosofia da vida.

SIGNIFICADO—Quando morre um parente seu, a pessoa decerto fica muito interessada em filosofia, mas retorna sua atenção para o materialismo uma vez terminada a cerimônia fúnebre. Mesmo os Daityas, que são materialistas, às vezes pensam em filosofia quando algum parente falece. O termo técnico utilizado para definir esta atitude do materialista é śmaśāna-vairāgya, ou desapego em um cemitério ou crematório. Como se confirma na Bhagavad-gītā, quatro classes de homens recebem a oportunidade de compreender a vida espiritual e Deus – ārta (o aflito), jijñāsu (o curioso), arthārthī (aquele que deseja bens materiais) e jñānī (aquele que busca conhecimento). Especialmente quando alguém está muito angustiado ante as condições materiais, ele se interessa por Deus. Portanto, em suas orações a Kṛṣṇa, Kuntīdevī disse que preferia provações a viver em uma atmosfera de vida feliz. No mundo material, quem é feliz se esquece de Kṛṣṇa, ou Deus, mas, às vezes, se alguém realmente é piedoso, mas está aflito, lembra-se de Kṛṣṇa. A rainha Kuntīdevī, portanto, preferia a aflição porque isso lhe dava a oportunidade de se lembrar de Kṛṣṇa. Quando Kṛṣṇa estava seguindo em direção à Sua própria terra e deixando Kuntīdevī, esta, com muita angústia, disse que se sentia melhor na aflição porque, então, Kṛṣṇa sempre Se fazia presente, ao passo que agora, estando os Pāṇḍavas situados em seu reino, Kṛṣṇa partiria. Para o devoto, a aflição é uma oportunidade para ele se lembrar constantemente da Suprema Personalidade de Deus.

Neste ponto, encerram-se os significados Bhaktivedanta do sétimo canto, segundo capítulo, do Śrīmad-Bhāgavatam, intitulado “Hiraṇyakaśipu, o Rei dos Demônios”.

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