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VERSO 60

ataḥ śocata mā yūyaṁ
paraṁ cātmānam eva vā
ka ātmā kaḥ paro vātra
svīyaḥ pārakya eva vā
sva-parābhiniveśena
vinājñānena dehinām

ataḥ — portanto; śocata — vós vos lamenteis;  — não; yūyam — todos vós; param — outro; ca — e; ātmānam — vós próprios; eva — decerto;  — ou; kaḥ — quem; ātmā — eu; kaḥ — quem; paraḥ — outro;  — ou; atra — neste mundo material; svīyaḥ — da própria pessoa; pārakyaḥ — para os outros; eva — na verdade;  — ou; sva-para-abhiniveśena — consistindo em absorção no conceito corpóreo da própria pessoa e dos outros; vinā — além disso; ajñānena — a falta de conhecimento; dehinām — de todas as entidades vivas corporificadas.

Portanto, nenhum de vós deve ficar aflito com a perda do corpo – sejam os vossos corpos, sejam os corpos alheios. Somente quem está na ignorância faz distinções corpóreas, pensando: “Quem sou eu? Quem são os outros? O que é meu? O que pertence aos outros?”

SIGNIFICADO—Neste mundo material, o conceito de autopreservação é a primeira lei da natureza. De acordo com esse conceito, cada qual deve estar interessado em sua segurança pessoal e, em seguida, deve considerar a sociedade, a amizade, o amor, a nacionalidade, a comunidade e assim por diante, todos os quais se desenvolveram devido ao conceito de vida corpórea e devido a que não se sabe o que é a alma espiritual. Isso se chama ajñāna. Enquanto a sociedade humana estiver na escuridão da ignorância, os homens continuarão a fazer grandes projetos baseados no conceito de vida corpórea. Prahlāda Mahārāja descreve isso como bharam. Na concepção materialista, a civilização moderna faz enormes arranjos para construir grandes rodovias, casas, moinhos e fábricas, e, para o homem, isso é o avanço da civilização. Entretanto, as pessoas não sabem que, a qualquer momento, podem “sair de cena” e serem forçadas a aceitar corpos que nada têm a ver com essas enormes casas, palácios, estradas e automóveis. Portanto, quando Arjuna pensava em termos de suas relações corpóreas com seus parentes, Kṛṣṇa imediatamente o censurou, dizendo, kutas tvā kaśmalam idaṁ viṣame samupasthitam anārya-juṣṭam: “Este conceito de vida corpórea é próprio dos anāryas, os não-arianos, que não são avançados em conhecimento.” Civilização ariana é aquela civilização avançada em conhecimento espiritual. Não é apenas porque alguém alega ser ariano que ele é, então, um ariano. Manter-se na mais profunda escuridão no que diz respeito ao conhecimento espiritual e, ao mesmo tempo, alegar-se ariano é uma posição não-ariana. Com relação a isso, Śrīla Madhvācārya cita a seguinte passagem do Brahma-vaivarta Purāṇa:

ka ātmā kaḥ para iti dehādy-apekṣayā

na hi dehādir ātmā syān
na ca śatrur udīritaḥ
ato daihika-vṛddhau vā
kṣaye vā kiṁ prayojanam

yas tu deha-gato jīvaḥ
sa hi nāśaṁ na gacchati
tataḥ śatru-vivṛddhau ca
sva-nāśe śocanaṁ kutaḥ

dehādi-vyatiriktau tu
jīveśau pratijānatā
ata ātma-vivṛddhis tu
vāsudeve ratiḥ sthirā
śatru-nāśas tathājñāna-
nāśo nānyaḥ kathañcana

O significado é que, enquanto estamos nesta forma de corpo humano, é nosso dever compreender a alma situada dentro do corpo. O corpo não é o eu; somos diferentes do corpo e, portanto, não existe a possibilidade de amigos, inimigos ou responsabilidades em termos do conceito de vida corpórea. Ninguém deve ficar ansioso pelo fato de o corpo mudar da infância à juventude, da juventude à velhice e, então, à aparente aniquilação. Ao contrário, deve-se estar muito seriamente interessado na alma dentro do corpo e em como libertar a alma das garras materiais. A entidade viva dentro do corpo jamais é aniquilada; portanto, todos devem ter certeza de que, embora alguém tenha muitos amigos ou muitos inimigos, seus amigos não podem ajudá-lo e seus inimigos não podem lhe causar nenhum dano. A pessoa deve saber que ela é uma alma espiritual (ahaṁ brahmāsmi) e que a posição constitucional da alma não é afetada pelas mudanças pelas quais o corpo passa. Em todas as circunstâncias, todos, como almas espirituais, devem ser devotos do Senhor Viṣṇu e não devem se preocupar com as relações corpóreas, seja com os amigos, seja com os inimigos. Devemos saber que, tanto nós mesmos quanto nossos inimigos que estão no conceito de vida corpórea, jamais seremos mortos.

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