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VERSO 39

rāyaḥ kalatraṁ paśavaḥ sutādayo
gṛhā mahī kuñjara-kośa-bhūtayaḥ
sarve ’rtha-kāmāḥ kṣaṇa-bhaṅgurāyuṣaḥ
kurvanti martyasya kiyat priyaṁ calāḥ

rāyaḥ — riqueza; kalatram — esposa e amigas; paśavaḥ — animais domésticos, tais como vacas, cavalos, asnos, cães e gatos; suta-ādayaḥ — filhos e assim por diante; gṛhāḥ — grandes edifícios e residências; mahī — terra; kuñjara — elefantes; kośa — tesouro; bhūtayaḥ — e outros luxos próprios para o gozo dos sentidos e para o prazer material; sarve — tudo; artha — desenvolvimento econômico; kāmāḥ — e gozo dos sentidos; kṣaṇa-bhaṅgura — perecível a qualquer momento; āyuṣaḥ — de alguém cuja duração de vida; kurvanti — causa ou acarreta; martyasya — daquele que está destinado a morrer; kiyat — quanto; priyam — prazer; calāḥ — inconstante e temporário.

Riquezas, bela esposa e amigas, filhos e filhas, residência, animais domésticos, tais como vacas, elefantes e cavalos, tesouro, desenvolvimento econômico e gozo dos sentidos referentes a alguém – na verdade, mesmo a duração de vida na qual ele possa desfrutar de todas essas opulências materiais – decerto são temporários e inconstantes. Uma vez que a vida humana é uma oportunidade temporária, que benefícios essas opulências materiais podem dar a um homem sensato que atingiu a compreensão de que ele é eterno?

SIGNIFICADO—Este verso mostra como os defensores do desenvolvimento econômico são derrotados pelas leis da natureza. Como pergunta o verso anterior, kiṁ viṣayopapādanaiḥ: Qual o verdadeiro benefício do suposto desenvolvimento econômico? A história do mundo provou de fato que as tentativas de melhores confortos físicos consequentes a um desenvolvimento econômico produzido à custa de um avanço da civilização material não conseguiram de modo algum solucionar a inevitabilidade de nascimentos e mortes, velhice e doença. Através da história do mundo, é bem notória a existência de impérios colossais – o império romano, o império mongol, o império britânico e assim por diante –, mas todas as sociedades que se dedicaram a esse desenvolvimento econômico (sarve ’rtha-kāmā) foram frustradas pelas leis da natureza, que impuseram guerras periódicas, peste, fome e assim por diante. Logo, todas as suas tentativas foram inconstantes e temporárias. Neste verso, portanto, afirma-se que kurvanti martyasya kiyat priyaṁ calāḥ: talvez alguém sinta muito orgulho de possuir um vasto império, mas esse seu império é impermanente; após cem ou duzentos anos, tudo acabará. Todas essas propostas de desenvolvimento econômico, embora defendidas com grande esforço e rigidez, são exterminadas muito rapidamente. Portanto, são descritas como calāḥ. O homem inteligente deve concluir que o desenvolvimento econômico material não é agradável de modo algum. Na Bhagavad-gītā, o mundo inteiro é descrito como duḥkhālayam aśāśvatam – doloroso e temporário. Embora o desenvolvimento econômico talvez seja agradável por algum tempo, ele não durará muito. Assim, muitos homens de negócios de renome acabam se decepcionando porque sofrem a investida de vários governantes saqueadores. Concluindo, por que alguém deveria desperdiçar seu tempo em busca do suposto desenvolvimento econômico, o qual não é permanente nem agradável para a alma?

Por outro lado, nossa relação com Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, é eterna. Nitya-siddha kṛṣṇa-prema. As almas puras amam Kṛṣṇa eternamente, e esse amor permanente, seja como servo, amigo, pai, mãe ou amante conjugal, não é nem um pouco difícil de ser revivido. Especialmente nesta era, a vantagem é que basta cantar o mantra Hare Kṛṣṇa (harer nāma harer nāma harer nāmaiva kevalam) para a pessoa reviver sua original relação com Deus e, assim, tornar-se tão feliz a ponto de não desejar nada material. Como enunciou Śrī Caitanya Mahāprabhu: na dhanaṁ na janaṁ na sundarīṁ kavitāṁ vā jagad-īśa kāmaye. O devoto que é muito avançado em consciência de Kṛṣṇa não quer riquezas, seguidores nem posses. Rāyaḥ kalatraṁ paśavaḥ sutādayo gṛhā mahī kuñjara-kośa-bhūtayaḥ. Embora talvez se manifeste em um padrão diferente, a satisfação de possuir opulências materiais está ao alcance até mesmo dos cães e dos porcos, que não podem reviver sua relação eterna com Kṛṣṇa. Na vida humana, entretanto, nossa eterna, porém adormecida, relação com Kṛṣṇa pode ser revivida. Portanto, Prahlāda Mahārāja descreve esta vida como arthadam. Consequentemente, em vez de desperdiçarmos o nosso tempo em desenvolvimento econômico, que não pode conceder-nos felicidade alguma, simplesmente devemos tentar reviver nossa relação eterna com Kṛṣṇa, o que indicará que sabemos utilizar nossa vida.

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