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VERSO 40

evaṁ hi lokāḥ kratubhiḥ kṛtā amī
kṣayiṣṇavaḥ sātiśayā na nirmalāḥ
tasmād adṛṣṭa-śruta-dūṣaṇaṁ paraṁ
bhaktyoktayeśaṁ bhajatātma-labdhaye

evam — de modo semelhante (assim como a riqueza e posses terrestres são impermanentes); hi — na verdade; lokāḥ — sistemas planetários superiores, tais como o firmamento, a Lua, o Sol e Brahmaloka; kratubhiḥ — executando grandes sacrifícios; kṛtāḥ — alcançaram; amī — todos aqueles; kṣayiṣṇavaḥ — perecíveis, impermanentes; sātiśayāḥ — embora mais confortáveis e agradáveis; na — não; nirmalāḥ — puros (livres de perturbações); tasmāt — portanto; adṛṣṭa-śruta — nunca visto ou ouvido; dūṣaṇam — cujo defeito; param — o Supremo; bhaktyā — com grande amor e devoção; uktayā — como se descreve na literatura védica (não misturados com jñāna ou karma); īśam — o Senhor Supremo; bhajata — adorai; ātma-labdhaye — para a autorrealização.

Na literatura védica, aprende-se que quem executa grandes sacrifícios pode elevar-se aos planetas celestiais. Entretanto, embora a vida nos planetas celestiais seja centenas e milhares de vezes mais confortável do que a vida na Terra, os planetas celestiais não são puros [nirmalam], nem são livres da mácula da existência material. Os planetas celestiais também são temporários e, portanto, eles não são a meta da vida. Contudo, a Suprema Personalidade de Deus jamais foi visto em estado de embriaguez, tampouco alguém teve notícias de que Ele ficasse em tal situação de ebriedade. Consequentemente, para vosso próprio benefício e autorrealização, deveis adorar o Senhor com muita devoção, como se descreve nas escrituras reveladas.

SIGNIFICADO—Como se afirma na Bhagavad-gītā, kṣīṇe puṇye martya-lokaṁ viśanti. Mesmo que alguém seja promovido aos sistemas planetários superiores através da execução de grandes sacrifícios, que são acompanhados do ato pecaminoso de imolar animais, o padrão de felicidade em Svargaloka também não está livre de perturbações. Até mesmo Indra, o rei dos céus, deve empenhar-se na luta pela existência. Logo, promover-se aos planetas celestiais não representa nenhum benefício prático. Na verdade, a partir dos planetas celestiais, deve-se retornar a esta Terra depois de se esgotar o resultado das atividades piedosas. Os Vedas dizem que tad yatheha karma-jito lokaḥ kṣīyate evam evāmutra puṇya-jito lokaḥ kṣīyata. Assim como as posições materiais aqui adquiridas através do trabalho árduo se desmoronam no decorrer do tempo, chegará a hora, então, em que a permanência concedida a alguém nos planetas celestiais expirará. De acordo com os diferentes graus de atividades piedosas, obtêm-se diferentes padrões de vida, nenhum dos quais é permanente e, portanto, nenhum é puro. Consequentemente, ninguém deve esforçar-se para ser promovido aos sistemas planetários superiores e depois retornar a esta Terra ou se afundar ainda mais, caindo nos planetas infernais. Para interromper esse ciclo de subidas e descidas, deve-se adotar a consciência de Kṛṣṇa. Śrī Caitanya Mahāprabhu, portanto, disse:

brahmāṇḍa bhramite kona bhāgyavān jīva
guru-kṛṣṇa-prasāde pāya bhakti-latā-bīja

(Cc. Madhya 19.151)

A entidade viva gira no ciclo de nascimentos e mortes, ora indo aos planetas superiores, ora indo aos planetas inferiores, mas essa não é a solução para os problemas da vida. Mas se, pela graça de Kṛṣṇa, alguém for bastante afortunado para encontrar o guru, o representante de Kṛṣṇa, ele, tendo alcançado a autorrealização, obtém a indicação de como voltar ao lar, voltar ao Supremo. É isso que se deve realmente desejar. Bhajatātma-labdhaye: deve-se adotar a consciência de Kṛṣṇa e, com ela, atingir a autorrealização.

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