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VERSO 21

māyā manaḥ sṛjati karmamayaṁ balīyaḥ
kālena codita-guṇānumatena puṁsaḥ
chandomayaṁ yad ajayārpita-ṣoḍaśāraṁ
saṁsāra-cakram aja ko ’titaret tvad-anyaḥ

.

māyā — a energia externa da Suprema Personalidade de Deus; manaḥ — a mente; sṛjati — cria; karma-mayam — produzindo centenas e milhares de desejos e agindo de acordo como eles determinam; balīyaḥ — muitíssimo poderoso e intransponível; kālena — pelo tempo; codita-guṇa — cujos três modos da natureza material são agitados; anumatena — permitidos pela misericórdia do olhar (tempo); puṁsaḥ — da porção plenária, Senhor Viṣṇu, a expansão do Senhor Kṛṣṇa; chandaḥ-mayam — influenciados principalmente pelas orientações dos Vedas; yat — os quais; ajayā — devido à profunda ignorância; arpita — oferecidos; ṣoḍaśa — dezesseis; aram — os raios; saṁsāra-cakram — a roda de repetidos nascimentos e mortes em diferentes espécies de vida; aja — ó Senhor não-nascido; kaḥ — quem (está lá); atitaret — capaz de escapar; tvat-anyaḥ — sem se refugiar em Vossos pés de lótus.

Ó Senhor, ó eterno supremo, expandindo Vossa porção plenária, criastes os corpos sutis das entidades vivas por intermédio de Vossa energia externa, que é agitada pelo tempo. Assim, a mente enreda a entidade viva em ilimitadas variedades de desejos a serem satisfeitos através das orientações védicas de karma-kāṇḍa [atividades fruitivas] e através dos dezesseis elementos. Quem poderá escapar deste enredamento a menos que se refugie em Vossos pés de lótus?

SIGNIFICADO—Se a mão da Suprema Personalidade de Deus está presente em tudo, como defender que alguém precisa libertar-se do enredamento material e aderir a uma vida espiritual e bem-aventurada? Kṛṣṇa de fato é a fonte de tudo, como o próprio Kṛṣṇa nos ensina na Bhagavad-gītā (ahaṁ sarvasya prabhavaḥ). Todas as atividades nos mundos espiritual e material decerto são conduzidas sob o impulso das naturezas material ou espiritual e por ordem da Suprema Personalidade de Deus. Como se confirma na Bhagavad-gītā (9.10), mayādhyakṣeṇa prakṛtiḥ sūyate sacarācaram: sem a orientação do Senhor Supremo, a natureza material nada pode fazer; ela não pode agir independentemente. A princípio, portanto, a entidade viva queria desfrutar da energia material, e, para dar toda a facilidade à entidade viva, Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, criou este mundo material e forneceu à entidade viva condições propícias para ela recorrer à mente e inventar diversas ideias e planos. Essas facilidades oferecidas pelo Senhor à entidade viva constituem as dezesseis classes de suportes pervertidos, apresentados em termos dos sentidos com os quais se adquire conhecimento, dos sentidos funcionais, da mente e dos cinco elementos materiais. A roda de repetidos nascimentos e mortes é criada pela Suprema Personalidade de Deus, mas, para que as entidades vivas confusas possam orientar-se, progredindo rumo à liberação de acordo com as várias etapas de avanço, os Vedas fornecem várias instruções (chandomayam). Se alguém quiser elevar-se aos sistemas planetários superiores, pode seguir as orientações védicas. Como o Senhor afirma na Bhagavad-gītā (9.25):

yānti deva-vratā devān
pitṝn yānti pitṛ-vratāḥ
bhūtāni yānti bhūtejyā
yānti mad-yājino ’pi mām

“Aqueles que adoram os semideuses nascerão entre os semideuses, aqueles que adoram os ancestrais irão ter com os ancestrais, aqueles que adoram os fantasmas e espíritos nascerão entre tais seres, e aqueles que Me adoram viverão coMigo.” O verdadeiro objetivo dos Vedas é orientar todos a voltar ao lar, voltar ao Supremo, mas, desconhecendo a verdadeira meta de sua vida, a entidade viva ora quer ir a um lugar, ora quer ir a outra parte, ora faz isso, ora faz aquilo. Dessa maneira, ela vagueia por todo o universo, aprisionada em várias espécies de corpos e se ocupando em várias atividades cujas reações terá que sofrer. Śrī Caitanya Mahāprabhu, portanto, diz:

brahmāṇḍa bhramite kona bhāgyavān jīva
guru-kṛṣṇa-prasāde pāya bhakti-latā-bīja

(Cc. Madhya 19.151)

A entidade viva caída e condicionada, presa à energia externa, perambula pelo mundo material, mas, se tiver a boa fortuna de se encontrar com um representante genuíno do Senhor, capaz de lhe dar a semente do serviço devocional, e, se souber tirar proveito desse guru, ou representante de Deus, receberá a bhakti-lata-bīja, a semente do serviço devocional. Se cultivar de modo apropriado a consciência de Kṛṣṇa, ela se elevará pouco a pouco ao mundo espiritual. A conclusão definitiva é que a pessoa deve render-se aos princípios de bhakti-yoga, pois então, gradualmente, alcançará a liberação. Caso contrário, não lhe será possível escapar da luta pela existência material.

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