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VERSO 44

prāyeṇa deva munayaḥ sva-vimukti-kāmā
maunaṁ caranti vijane na parārtha-niṣṭhāḥ
naitān vihāya kṛpaṇān vimumukṣa eko
nānyaṁ tvad asya śaraṇaṁ bhramato ’nupaśye

prāyeṇa — de um modo geral, ou em quase todos os casos; deva — ó meu Senhor; munayaḥ — as grandes pessoas santas; sva — pessoal, ou própria; vimukti-kāmāḥ — desejosas de conseguir a liberação escapando deste mundo material; maunam — em silêncio; caranti — elas vagueiam (em lugares como as florestas dos Himalaias, onde não se entra em contato com as atividades dos materialistas); vijane — em lugares solitários; na — não; para-artha-niṣṭhāḥ — interessadas em trabalhar para os outros, dando-lhes o benefício do movimento da consciência de Kṛṣṇa, iluminando-os com a consciência de Kṛṣṇa; na — não; etān — esses; vihāya — deixando de lado; kṛpaṇān — tolos e patifes (que, ocupados em atividades materialistas, não conhecem o valor da forma de vida humana); vimumukṣe — desejo libertar-me e retornar ao lar, retornar ao Supremo; ekaḥ — sozinho; na — não; anyam — outro; tvat — diferente de Vós; asya — desse; śaraṇam — refúgio; bhramataḥ — da entidade viva que gira e vagueia em todos os universos materiais; anupaśye — consigo ver.

Meu querido Senhor Nṛsiṁhadeva, vejo que, na verdade, existem muitas pessoas santas, mas elas estão interessadas unicamente em sua própria liberação. Não se preocupando com as grandes cidades e províncias, elas, sob voto de silêncio [mauna-vrata], vão aos Himalaias ou às florestas para meditar. Elas não estão interessadas em libertar os outros. Quanto a mim, entretanto, não quero me libertar sozinho e deixar de lado todos esses pobres tolos e patifes. Sei que, sem a consciência de Kṛṣṇa, sem se refugiar em Vossos pés de lótus, ninguém pode ser feliz. Portanto, desejo trazer todos de volta ao refúgio de Vossos pés de lótus.

SIGNIFICADO—Esta é a determinação do vaiṣṇava, do devoto puro do Senhor. Mesmo que tenha de permanecer neste mundo material, isso não constitui nenhum problema para ele, pois sua única atividade é se manter consciente de Kṛṣṇa. A pessoa em consciência de Kṛṣṇa não deixa de ser feliz mesmo que esteja no inferno. Logo, Prahlāda Mahārāja disse que naivodvije para duratyaya-vaitaraṇyāḥ: “Ó melhor das grandes personalidades, não estou nem um pouco com medo da existência material.” Em nenhuma condição de vida, o devoto puro se sente infeliz. Confirma-se isso no Śrīmad-Bhāgavatam (6.17.28):

nārāyaṇa-parāḥ sarve
na kutaścana bibhyati
svargāpavarga-narakeṣv
api tulyārtha-darśinaḥ

“Os devotos ocupados única e exclusivamente no serviço devocional à Suprema Personalidade de Deus, Nārāyaṇa, jamais temem alguma condição de vida. Para eles, os planetas celestiais, a liberação e os planetas infernais são a mesma coisa, pois esses devotos estão interessados apenas em servir ao Senhor.”

Para o devoto, não existe diferença entre ficar nos planetas celestiais ou nos planetas infernais, pois o devoto não vive nem no céu nem no inferno, mas com Kṛṣṇa, no mundo espiritual. Os karmīs e os jñānīs não conseguem entender o segredo do sucesso do devoto. Os karmīs, portanto, tentam ser felizes através de medidas materiais, e os jñānīs tentam ser felizes se tornando unos com o Supremo. O devoto não tem nenhum desses interesses. Ele não está interessado em praticar meditação nos Himalaias ou na floresta. Ao contrário, seu interesse se concentra nas regiões mais atarefadas do mundo, onde se possa ensinar às pessoas a consciência de Kṛṣṇa. O movimento da consciência de Kṛṣṇa existe com este propósito. Não ensinamos pessoa alguma a meditar em um lugar solitário simplesmente para que ela possa mostrar que se tornou muito avançada e fique orgulhosa de sua suposta meditação transcendental, embora se ocupe em toda espécie de atividades materiais tolas. Um vaiṣṇava como Prahlāda Mahārāja não está interessado nesse tipo de avanço espiritual, o qual é mero embuste. Ao contrário, ele está interessado em iluminar as pessoas com a consciência de Kṛṣṇa porque esta é a única maneira de se tornarem felizes. Prahlāda Mahārāja diz claramente que nānyaṁ tvad asya śaraṇaṁ bhramato ’nupaśye: “Sei que, sem a consciência de Kṛṣṇa, sem se refugiar nos Vossos pés de lótus, ninguém pode ser feliz.” Embora, vida após vida, alguém vagueie dentro do universo, se ele tiver a fortuna de se encontrar com um devoto, um servo de Śrī Caitanya Mahāprabhu, conseguirá desvendar o segredo da consciência de Kṛṣṇa e, então, não somente se tornará feliz neste mundo, mas também retornará ao lar, retornará ao Supremo. Essa é a verdadeira meta da vida. Os membros do movimento da consciência de Kṛṣṇa não têm qualquer interesse em praticar meditação nos Himalaias ou na floresta, onde apenas se fará um espetáculo, tampouco estão interessados em abrir nas cidades escolas de yoga e de meditação. Ao contrário, todo membro do movimento da consciência de Kṛṣṇa procura ir de porta em porta esforçando-se por apresentar às pessoas os ensinamentos do Bhagavad-gītā Como Ele É e as mensagens do Senhor Caitanya. Eis o propósito do movimento Hare Kṛṣṇa. Os membros do movimento da consciência de Kṛṣṇa devem ter plena convicção de que, sem Kṛṣṇa, ninguém pode ser feliz. Assim, a pessoa consciente de Kṛṣṇa evita toda classe de espiritualistas, transcendentalistas, meditadores, monistas, filósofos e filantropos farsantes.

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