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Capítulo Dezessete

O Senhor Supremo Aceita Tornar-Se Filho de Aditi

Como se explica neste capítulo, a Suprema Personalidade de Deus, ficando muito satisfeito com a cerimônia payo-vrata reali­zada por Aditi, apareceu diante dela manifestando todas as Suas opulências. A pedido dela, o Senhor concordou em tornar-Se seu filho.

Depois que Aditi realizou a cerimônia payo-vrata durante doze dias seguidos, o Senhor, que decerto estava muito satisfeito com ela, apareceu diante dela com quatro braços e usando roupas amare­las. Logo que viu a Suprema Personalidade de Deus presente diante dela, Aditi se levantou e, com grande amor extático pelo Senhor, caiu ao chão para oferecer-Lhe respeitosas reverências. A garganta de Aditi estava sufocada devido aos sentimentos extáticos, e todo o seu corpo tremia em devoção. Embora quisesse oferecer ao Senhor orações adequadas, ela nada conseguia fazer, daí ter ficado silenciosa por algum tempo. Então, confortando-se com a beleza do Senhor, ofereceu-Lhe suas orações. A Suprema Personalidade de Deus, a Superalma de todas as entidades vivas, estava muito satis­feito com ela e concordou em tornar-Se seu filho, encarnando como expansão plenária. Ele já estava contente com as austeridades de Kaśyapa Muni, e assim concordou em tornar-Se filho deles e socor­rer os semideuses. Após dar Sua palavra de honra com relação a isso, o Senhor desapareceu. Seguindo a ordem da Suprema Personalidade de Deus, Aditi ocupou-se em servir Kaśyapa Muni, que, podendo ver através de samādhi que o Senhor estava dentro dele, depositou o seu sêmen no ventre de Aditi. O senhor Brahmā, que é conhecido como Hiraṇyagarbha, compreendeu que a Suprema Personalidade de Deus havia entrado no ventre de Aditi. Assim, ofereceu orações ao Senhor.

VERSO 1: Śukadeva Gosvāmī disse: Ó rei, depois que recebeu este conselho de seu esposo, Kaśyapa Muni, Aditi, sem nenhuma indolência, seguiu estritamente suas instruções e, dessa maneira, realizou a ce­rimônia ritualística payo-vrata.

VERSOS 2-3: Com a mais completa e indesviável atenção, Aditi pensou na Suprema Personalidade de Deus e, dessa maneira, manteve sob pleno controle sua mente e seus sentidos, que pareciam poderosos cavalos. Ela concentrou sua mente no Senhor Supremo, Vāsudeva. Assim, ela realizou a cerimônia ritualística conhecida como payo-vrata.

VERSO 4: Meu querido rei, a original Suprema Personalidade de Deus, trajando roupas amarelas e portando em Suas quatro mãos o búzio, o disco, a maça e o lótus, apareceu, então, diante de Aditi.

VERSO 5: Quando a Suprema Personalidade de Deus tornou-Se visível aos olhos de Aditi, ela ficou tão dominada pela bem-aventurança trans­cendental que imediatamente levantou-se e, então, prostrou-se ao chão como uma vara para oferecer suas respeitosas reverências ao Senhor.

VERSO 6: De mãos postas, Aditi levantou-se silenciosamente, incapaz de oferecer orações ao Senhor. Devido à bem-aventurança transcenden­tal, lágrimas encheram seus olhos, e os pelos de seu corpo arrepia­ram-se. Porque podia ver a Suprema Personalidade de Deus face a face, ela experimentava o êxtase, e seu corpo tremia.

VERSO 7: Ó Mahārāja Parīkṣit, com a voz balbuciante e com muito amor, a semideusa Aditi começou, então, a oferecer suas orações à Suprema Personalidade de Deus. Era como se ela quisesse beber com seus olhos o Senhor Supremo, que é o esposo da deusa da fortuna, o desfrutador de todas as cerimônias sacrificatórias, e o mestre e Senhor de todo o universo.

VERSO 8: A deusa Aditi disse: Ó mestre e desfrutador de todas as cerimônias de sacrifício, ó infalível e afamadíssima pessoa cujo nome, quando cantado, traz toda a boa fortuna! Ó Suprema Personalidade de Deus original, controlador supremo, refúgio de todos os lugares sagrados, sois o abrigo de todas as pobres entidades vivas sofredo­ras, e aparecestes a fim de diminuir o seu sofrimento. Por favor, sede bondoso conosco e ampliai nossa boa fortuna.

VERSO 9: Meu Senhor, sois a onipenetrante forma universal, o totalmente independente criador, mantenedor e destruidor deste universo. Em­bora deixeis Vossa energia agir na matéria, estais sempre situado em Vossa forma original e jamais cais dessa posição, pois Vosso conhecimento é infalível e sempre adequado a qualquer situação. Nunca Vos deixais confundir pela ilusão. Ó meu Senhor, ofereço-Vos minhas respeitosas reverências.

VERSO 10: Ó pessoa ilimitada, se Vossa Onipotência fica satisfeito, o indivíduo pode facilmente obter uma duração de vida tão longa como a do senhor Brahmā, um corpo nos sistemas planetários superior, inferior ou intermediário, ilimitada opulência material, religião, desenvolvi­mento econômico e satisfação dos sentidos, conhecimento transcen­dental pleno e as oito perfeições ióguicas. O que dizer, então, de realizar conquistas triviais, tais como dominar seus oponentes?

VERSO 11: Śukadeva Gosvāmī disse: Ó rei Parīkṣit, ó melhor da dinastia Bharata, quando o Senhor de olhos de lótus, a Superalma de todas as entidades vivas, recebeu essa adoração da parte de Aditi, Ele respondeu da seguinte maneira.

VERSO 12: A Suprema Personalidade de Deus disse: Ó mãe dos semideuses, já compreendi teu desejo longamente acalentado de que teus filhos, que foram despojados de todas as opulências e expulsos de sua residência pelos seus inimigos, gozem de bem-estar.

VERSO 13: Ó Devī, ó deusa, posso entender que desejas reaver teus filhos e ficar com eles para Me adorardes após os inimigos terem sido derrota­dos na batalha e tua morada e tuas opulências terem sido recuperadas.

VERSO 14: Queres ver as esposas dos demônios lamentando a morte dos seus maridos quando aqueles demônios, os inimigos de teus filhos, forem mortos na batalha pelos semideuses, dos quais Indra é o líder.

VERSO 15: Queres que teus filhos recuperem sua reputação e opulência perdi­das e voltem a ter sua vida costumeira no seu planeta celestial.

VERSO 16: Ó mãe dos semideuses, em Minha opinião, quase todos os líderes dos demônios agora são invencíveis, pois estão sendo protegidos pelos brāhmaṇas, a quem o Senhor Supremo sempre favorece. Por­tanto, o uso da força contra eles neste momento não será de modo algum uma fonte de felicidade.

VERSO 17: Entretanto, como fiquei satisfeito com as atividades que realizaste para cumprires o teu voto, ó deusa Aditi, devo encontrar algum meio de favorecer-te, pois a adoração a Mim nunca é em vão, senão que certamente, de acordo com o merecimento da pessoa, confere o resultado desejado.

VERSO 18: Oraste a Mim e adoraste-Me adequadamente, realizando a grande cerimônia payo-vrata com o propósito de proteger os teus filhos. Devido às austeridades de Kaśyapa Muni, concordarei em tornar-­Me teu filho e, assim, proteger teus outros filhos.

VERSO 19: Sempre pensando em Mim como alguém situado dentro do corpo do teu esposo, Kaśyapa, presta adoração ao teu esposo, que se purificou com sua austeridade.

VERSO 20: Ó senhora, mesmo que alguém pergunte, não deves revelar este fato a ninguém. Aquilo que é muito confidencial é exitoso caso mantido em segredo.

VERSO 21: Śukadeva Gosvāmī disse: Após falar essas palavras, a Suprema Personalidade de Deus desapareceu daquele lugar. Aditi, tendo rece­bido a extremamente valiosa bênção de que o Senhor apareceria como seu filho, considerou-se muito exitosa e, com grande devoção, aproxi­mou-se do seu esposo.

VERSO 22: Estando situado em um transe meditativo, Kaśyapa Muni, cuja visão nunca se confunde, pôde ver que uma porção plenária da Suprema Personalidade de Deus entrara nele.

VERSO 23: Ó rei, assim como o vento provoca fricção entre dois pedaços de madeira, produzindo então o fogo, Kaśyapa Muni, cuja posição transcendental era de plena absorção na Suprema Personalidade de Deus, transferiu sua potência ao ventre de Aditi.

VERSO 24: Ao compreender que a Suprema Personalidade de Deus agora estava dentro do ventre de Aditi, o senhor Brahmā começou a ofere­cer orações ao Senhor recitando nomes transcendentais.

VERSO 25: O senhor Brahmā disse: Ó Suprema Personalidade de Deus, todas as glórias a Vós, que sois glorificado por todos e cujas atividades são todas incomuns. Ofereço-Vos minhas respeitosas reverências, ó Senhor dos transcendentalistas, ó controlador dos três modos da natureza. Ofereço-Vos repetidas vezes minhas respeitosas reverências.

VERSO 26: Ofereço-Vos minhas respeitosas reverências, ó onipenetrante Senhor Viṣṇu, que entrastes no âmago do coração de todas as entidades vivas. Embora todos os três mundos residam em Vosso umbigo, estais acima dos três mundos. Outrora, aparecestes como o filho de Pṛśni. A Vós, o criador supremo, que sois compreendido somente através do conhecimento védico, ofereço-Vos minhas respeitosas re­verências.

VERSO 27: Ó meu Senhor, sois o começo, a manifestação e a dissolução última dos três mundos, e sois celebrado nos Vedas como o reservatório de potências ilimitadas, a Pessoa Suprema. Ó meu Senhor, assim como as ondas atraem ramos e folhas que caíram em águas profundas, Vós, o supremo e eterno fator tempo, atrais tudo neste universo.

VERSO 28: Meu Senhor, sois o progenitor que origina todas as entidades vivas, inertes ou móveis, e também sois o genitor dos Prajāpatis. Ó meu Senhor, assim como um barco é a única esperança para alguém que está se afogando, sois o único refúgio dos semideuses, que agora estão desprovidos de sua posição celestial.

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