VERSO 19
tad ugra-vegaṁ diśi diśy upary adho
visarpad utsarpad asahyam aprati
bhītāḥ prajā dudruvur aṅga seśvarā
arakṣyamāṇāḥ śaraṇaṁ sadāśivam
tat — aquele; ugra-vegam — veneno muito cruel e potente; diśi diśi — em todas as direções; upari — para cima; adhaḥ — para baixo; visarpat — ondeando; utsarpat — subindo; asahyam — insuportável; aprati — incontrolável; bhītāḥ — estando com muito medo; prajāḥ — os habitantes de todos os mundos; dudruvuḥ — moviam-se de um lado a outro; aṅga — ó Mahārāja Parīkṣit; sa-īśvarāḥ — com o Senhor Supremo; arakṣyamāṇāḥ — não estando protegidos; śaraṇam — abrigo; sadāśivam — aos pés de lótus do senhor Śiva.
Ó rei, vendo que aquele veneno incontrolável se espalhava implacavelmente para cima e para baixo e em todas as direções, todos os semideuses, juntamente com o próprio Senhor, aproximaram-se do senhor Śiva [Sadāśiva]. Sentindo-se desprotegidos e amedrontados, buscaram refúgio nele.
SIGNIFICADO—Alguém poderia perguntar: Visto que a Suprema Personalidade de Deus estava pessoalmente presente, por que Ele Se deu ao trabalho de acompanhar todos os semideuses e pessoas em geral que foram refugiar-se no senhor Sadāśiva, em vez de intervir pessoalmente? Em relação a isso, Śrīla Madhvācārya adverte:
rudrasya yaśaso ’rthāya
svayaṁ viṣṇur viṣaṁ vibhuḥ
na sañjahre samartho ’pi
vāyuṁ coce praśāntaye
O Senhor Viṣṇu era competente para retificar a situação, mas, para que o mérito ficasse com o senhor Śiva, que mais tarde bebeu todo o veneno e o manteve em seu pescoço, o Senhor Viṣṇu não agiu.