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VERSO 57

na hy asya janmano hetuḥ
karmaṇo vā mahīpate
ātma-māyāṁ vineśasya
parasya draṣṭur ātmanaḥ

na — não; hi — na verdade; asya — dEle (a Suprema Personalidade de Deus); janmanaḥ — do aparecimento, ou nascimento; hetuḥ — há alguma causa; karmaṇaḥ — ou para agir; — ou; mahīpate — ó rei (Mahārāja Parīkṣit); ātma-māyām — Sua compaixão suprema pelas almas caídas; vinā — sem; īśasya — do controlador supremo; parasya — da Personalidade de Deus, que está além do mundo material; draṣṭuḥ — da Superalma, que testemunha as atividades de todos; ātmanaḥ — da Superalma de todos.

Ó rei, Mahārāja Parīkṣit, o único motivo do aparecimento, desaparecimento ou atividades do Senhor é o Seu desejo pessoal. Como a Superalma, Ele conhece tudo. Logo, não há causa que O afete – não O afetam nem mesmo os resultados das atividades fruitivas.

SIGNIFICADO—Este verso assinala a diferença entre a Suprema Personalidade de Deus e um ser vivo comum. O ser vivo comum recebe um tipo específico de corpo de acordo com suas atividades passadas (karmaṇā daiva-netreṇa jantur dehopapattaye). O ser vivo jamais é independente e nunca pode aparecer de maneira independente. Em vez disso, ele é forçado a aceitar um corpo que lhe é imposto por māyā de acordo com o seu karma passado. Como se explica na Bhagavad-gītā (18.61), yantrārūḍhāni māyayā. O corpo é uma espécie de má­quina criada e oferecida para a entidade viva pela energia material, que age sob a direção da Suprema Personalidade de Deus. Portanto, a entidade viva deve aceitar um tipo específico de corpo que māyā, a energia material, concede-lhe de acordo com o seu karma. Ninguém pode julgar-se independente e dizer: “Dá-me um corpo como este”­ ou “Dá-me um corpo como aquele”. Todos devem aceitar o corpo que a energia material oferece. Essa é a posição do ser vivo comum.

Todavia, ao descer, Kṛṣṇa adota esse procedimento devido à Sua compaixão misericordiosa para com as almas caídas. Como o Senhor diz na Bhagavad-gītā (4.8):

paritrāṇāya sādhūnāṁ
vināśāya ca duṣkṛtām
dharma-saṁsthāpanārthāya
sambhavāmi yuge yuge

“Para libertar os piedosos e aniquilar os canalhas, bem como para restabelecer os princípios religiosos, Eu mesmo advenho, milênio após milênio.” O Senhor Supremo não é forçado a aparecer. Na verdade, ninguém pode forçá-lO a sujeitar-Se, pois Ele é a Suprema Personalidade de Deus. Todos estão sob Seu controle, mas Ele não está sob o controle de nenhuma outra pessoa. Os tolos que, devido a seu pobre fundo de conhecimento, pensam que alguém pode se igualar a Kṛṣṇa ou tornar-se Kṛṣṇa, estão condenados sob todos os aspectos. Ninguém pode igualar ou superar Kṛṣṇa, daí Ele ser descrito como asamordhva. De acordo com o dicionário Viśva-kośa, a palavra māyā é usada no sentido de “falso orgulho” e também no sentido de “compaixão”. Para um ser vivo comum, o corpo no qual ele aparece lhe serve de punição. Como o Senhor diz na Bhagavad-gītā (7.14), daivī hy eṣā guṇamayī mama māyā duratyayā: “Esta Minha energia divina, que consiste nos três modos da natureza material, é difícil de ser suplantada.” Quando Kṛṣṇa vem, no entanto, a pa­lavra māyā refere-se à Sua compaixão ou misericórdia para com os devotos e as almas caídas. Através de Sua potência, o Senhor pode libertar a todos, quer as pessoas pecaminosas, quer as piedosas.

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