VERSO 50
pratigraha nāhi kare, nā laya kāra dhana
ātma-vṛtti kari’ kare kuṭumba bharaṇa
pratigraha nāhi kare — não aceitava caridade de ninguém; nā — não; laya — tomava; kāra — de ninguém; dhana — riqueza; ātma-vṛtti — própria profissão; kari’ — executando; kare — mantinha; kuṭumba — família; bharaṇa — provisão.
Śrīla Murāri Gupta nunca aceitava caridade dos amigos, nem aceitava dinheiro de ninguém. Ele exercia a medicina e mantinha sua família com seus ganhos.
SIGNIFICADO—Observe-se que o gṛhastha (chefe de família) não deve ganhar a vida mendigando de alguém. Todo chefe de família das castas superiores deve dedicar-se a seu próprio dever ocupacional como brāhmaṇa, kṣatriya ou vaiśya, mas não deve submeter-se a serviço de outros, pois esse é o dever do śūdra. Deve-se aceitar apenas aquilo que se ganha no exercício da própria profissão. As ocupações do brāhmaṇa são yajana, yājana, paṭhana, pāṭhana, dāna e pratigraha. Um brāhmaṇa deve ser um adorador de Viṣṇu, e também deve ensinar os outros a adorá-lO. Um kṣatriya deve tornar-se proprietário de terras e ganhar a vida cobrando impostos ou coletando aluguel dos moradores. Um vaiśya pode dedicar-se à agricultura ou ao comércio em geral como dever ocupacional. Como Murāri Gupta nascera em família de médicos (vaidya-vaṁśa), ele exercia a medicina, e os honorários que ganhava serviam para manter sua família. Como se afirma no Śrīmad-Bhāgavatam, todos devem cumprir seu dever ocupacional, e assim devem satisfazer a Suprema Personalidade de Deus. Essa é a perfeição da vida. Esse sistema chama-se daivī-varṇāśrama. Murāri Gupta foi um gṛhastha ideal, pois ele foi um grande devoto do Senhor Rāmacandra e de Caitanya Mahāprabhu. Exercendo a medicina, ele mantinha sua família e, ao mesmo tempo, satisfazia o Senhor Caitanya o melhor possível. Esse é o ideal da vida familiar.