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Capítulo Dez

O Principal Tronco da Árvore de Caitanya, Seus Galhos e Galhos Secundários

Este capítulo descreve os galhos da árvore chamada Śrī Caitanya Mahāprabhu.

VERSO 1: Ofereço repetidamente minhas respeitosas reverências aos devotos que, como abelhas, sempre provam o mel dos pés de lótus do Senhor Caitanya Mahāprabhu. Mesmo um não-devoto canino, que de alguma forma refugiar-se em tais devotos, desfrutará do aroma da flor de lótus.

VERSO 2: Todas as glórias ao Senhor Caitanya Mahāprabhu e ao Senhor Nityānanda! Todas as glórias a Advaita Prabhu e todas as glórias aos devotos do Senhor Caitanya, liderados por Śrīvāsa!

VERSO 3: A descrição do Senhor Caitanya como o jardineiro e a árvore é inconcebível. Agora, ouvi com atenção sobre os galhos desta árvore.

VERSO 4: Muitos eram os associados de Śrī Caitanya Mahāprabhu, mas não se deve considerar nenhum deles inferior ou superior. Não é possível determinar isso.

VERSO 5: Todas as grandes personalidades na linha do Senhor Caitanya relacionaram estes devotos, mas não puderam distinguir quem deles é maior ou menor.

VERSO 6: Presto-lhes minhas reverências, como um sinal de respeito, e rogo-lhes não considerarem minhas ofensas.

VERSO 7: Ofereço minhas reverências a todos os queridos devotos de Śrī Caitanya Mahāprabhu, a árvore eterna do amor a Deus. Presto meus respeitos a todos os galhos da árvore, os devotos do Senhor que distribuem o fruto do amor a Kṛṣṇa.

VERSO 8: Os dois irmãos Śrīvāsa Paṇḍita e Śrī Rāma Paṇḍita iniciaram dois galhos que são bem conhecidos no mundo.

VERSO 9: Os dois irmãos deles chamavam-se Śrīpati e Śrīnidhi. Esses quatro irmãos e seus criados e criadas são considerados um grande galho.

VERSO 10: Os galhos secundários desses dois galhos são incontáveis. Śrī Caitanya Mahāprabhu promovia o canto congregacional diariamente na casa de Śrīvāsa Paṇḍita.

VERSO 11: Esses quatro irmãos e seus membros familiares dedicavam-se plenamente ao serviço do Senhor Caitanya. Eles desconheciam qualquer outro deus ou deusa.

VERSO 12: Outro grande galho foi Ācāryaratna, cujos associados foram galhos secundários.

VERSO 13: Outro nome de Ācāryaratna era Śrī Candraśekhara Ācārya. Em uma encenação em sua casa, o Senhor Caitanya representou a deusa da fortuna.

VERSO 14: Puṇḍarīka Vidyānidhi, o terceiro grande galho, era tão querido pelo Senhor Caitanya Mahāprabhu que, em sua ausência, o próprio Senhor Caitanya às vezes chorava.

VERSO 15: Gadādhara Paṇḍita, o quarto galho, é descrito como uma encarnação da potência de prazer de Śrī Kṛṣṇa. Portanto, ninguém pode equiparar-se a ele.

VERSO 16: Seus discípulos e netos espirituais são seus galhos secundários. Descrevê-los todos seria difícil.

VERSO 17: O quinto galho da árvore, Vakreśvara Paṇḍita, era um servo muito querido do Senhor Caitanya. Ele podia dançar em êxtase constante durante setenta e duas horas.

VERSO 18: Śrī Caitanya Mahāprabhu cantou pessoalmente enquanto Vakreśvara Paṇḍita dançava, e, assim, Vakreśvara Paṇḍita caiu aos pés de lótus do Senhor e falou-Lhe o seguinte:

VERSO 19: “Ó Candramukha! Por favor, dá-me dez mil gandharvas. Deixa-os cantar enquanto eu danço, e então ficarei imensamente feliz.”

VERSO 20: O Senhor Caitanya respondeu: “Só tenho uma asa como tu, mas, se tivesse outra, decerto voaria no céu!”

VERSO 21: Paṇḍita Jagadānanda, o sexto galho da árvore de Caitanya, era célebre como a vida e alma do Senhor. Sabe-se que ele foi uma encarnação de Satyabhāmā [uma das principais rainhas do Senhor Kṛṣṇa].

VERSO 22: Jagadānanda Paṇḍita [sendo uma encarnação de Satyabhāmā] desejava sempre zelar pelo conforto do Senhor Caitanya, mas, como o Senhor era sannyāsī, não aceitava o luxo que Jagadānanda Paṇḍita Lhe oferecia.

VERSO 23: Às vezes, eles pareciam desentender-se por ninharias, mas essas brigas baseavam-se em afeição mútua, sobre a qual falarei mais adiante.

VERSO 24: Entende-se que Rāghava Paṇḍita, o seguidor original do Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu, foi o sétimo galho. Derivou-se dele outro galho secundário, encabeçado por Makaradhvaja Kara.

VERSO 25: Damayantī, a irmã de Rāghava Paṇḍita, era a querida criada do Senhor. Ela sempre reunia diversos ingredientes, com os quais cozinhava para o Senhor Caitanya.

VERSO 26: Os alimentos que Damayantī cozinhava para o Senhor Caitanya enquanto Ele esteve em Purī eram levados num saco por seu irmão Rāghava, sem conhecimento dos outros.

VERSO 27: O Senhor recebia esses alimentos durante o ano inteiro. Esse saco ainda é célebre como rāghavera jhāli [“o saco de Rāghava Paṇḍita”].

VERSO 28: Vou descrever o conteúdo do saco de Rāghava Paṇḍita mais tarde neste livro. Ao ouvir esta narração, os devotos geralmente choram, e lágrimas deslizam de seus olhos.

VERSO 29: Paṇḍita Gaṅgādāsa foi o oitavo galho querido de Śrī Caitanya Mahāprabhu. Aquele que se lembra de suas atividades liberta-se de todo cativeiro.

VERSO 30: O nono galho, Śrī Ācārya Purandara, era um associado constante do Senhor Caitanya. O Senhor considerava-o como Seu pai.

VERSO 31: O décimo galho da árvore de Caitanya, Dāmodara Paṇḍita, era tão elevado no amor pelo Senhor Caitanya que, certa vez, sem vacilar, repreendeu o Senhor com palavras ásperas.

VERSO 32: Mais adiante no Caitanya-caritāmṛta, descreverei os detalhes do incidente da repreensão. Ficando muito satisfeito com essa repreensão, o Senhor enviou Dāmodara Paṇḍita a Navadvīpa.

VERSO 33: O décimo primeiro galho, o irmão mais novo de Dāmodara Paṇḍita, era conhecido como Śaṅkara Paṇḍita. Ele era famoso como sendo os sapatos do Senhor.

VERSO 34: Sadāśiva Paṇḍita, o décimo segundo galho, estava sempre ansioso por servir aos pés de lótus do Senhor. Foi uma boa fortuna que, ao vir a Navadvīpa, o Senhor Nityānanda tenha residido em sua casa.

VERSO 35: O décimo terceiro galho era Pradyumna Brahmacārī. Uma vez que ele era um adorador do Senhor Nṛsiṁhadeva, Śrī Caitanya Mahāprabhu mudou seu nome para Nṛsiṁhānanda Brahmacārī.

VERSO 36: Nārāyaṇa Paṇḍita, o décimo quarto galho, um devoto grandioso e liberal, não conhecia nenhum outro abrigo, a não ser os pés de lótus do Senhor Caitanya.

VERSO 37: O décimo quinto galho foi Śrīmān Paṇḍita, que era um servo constante do Senhor Caitanya Mahāprabhu. Ele costumava levar uma tocha enquanto o Senhor dançava.

VERSO 38: O décimo sexto galho, Śuklāmbara Brahmacārī, era muito afortunado, pois o Senhor Caitanya Mahāprabhu, quer de brincadeira, quer seriamente, mendigava sua comida ou às vezes arrancava-a dele à força e a comia.

VERSO 39: Nandana Ācārya, o décimo sétimo galho da árvore de Caitanya, é célebre no mundo porque os dois Prabhus [o Senhor Caitanya e Nityānanda] às vezes escondiam-Se em sua casa.

VERSO 40: Mukunda Datta, um amigo de escola do Senhor Caitanya, foi outro galho da árvore de Caitanya. O Senhor Caitanya dançava enquanto ele cantava.

VERSO 41: Vāsudeva Datta, o décimo nono galho da árvore de Śrī Caitanya, foi uma grande personalidade e um devoto muito íntimo do Senhor. Nem com milhares de bocas se poderia descrever suas qualidades.

VERSO 42: Śrīla Vāsudeva Datta Ṭhākura desejou sofrer pelas atividades pecaminosas de todas as pessoas do mundo de modo que o Senhor Caitanya Mahāprabhu pudesse libertá-las.

VERSO 43: O vigésimo galho da árvore de Caitanya foi Haridāsa Ṭhākura. Seu caráter era maravilhoso. Ele costumava cantar o santo nome de Kṛṣṇa trezentas mil vezes por dia, sem falta.

VERSO 44: Eram ilimitadas as qualidades transcendentais de Haridāsa Ṭhākura. Menciono aqui apenas uma fração dessas qualidades. Ele era tão elevado que Advaita Gosvāmī, ao realizar a cerimônia de śrāddha de seu pai, ofereceu-lhe o primeiro prato.

VERSO 45: As ondas de suas boas qualidades eram como as de Prahlāda Mahārāja. Ele nem mesmo franziu levemente a sobrancelha ao ser molestado pelo dirigente muçulmano.

VERSO 46: Após o falecimento de Haridāsa Thākura, o próprio Senhor tomou o corpo dele em Seu colo e dançou com ele em grande êxtase.

VERSO 47: Śrīla Vṛndāvana Dāsa Ṭhākura descreveu vividamente os passatempos de Haridāsa Ṭhākura em seu Caitanya-bhāgavata. Tudo o que restou descrever tratarei de explicar mais tarde neste livro.

VERSO 48: Um galho secundário de Haridāsa Ṭhākura consistia nos residentes de Kulīna-grāma. O mais importante entre eles foi Satyarāja Khān, ou Satyarāja Vasu, que era um recipiente de toda a misericórdia de Haridāsa Ṭhākura.

VERSO 49: Murāri Gupta, o vigésimo primeiro galho da árvore de Śrī Caitanya Mahāprabhu, era um reservatório de amor a Deus. Sua grande humildade e mansidão derretiam o coração do Senhor Caitanya.

VERSO 50: Śrīla Murāri Gupta nunca aceitava caridade dos amigos, nem aceitava dinheiro de ninguém. Ele exercia a medicina e mantinha sua família com seus ganhos.

VERSO 51: Enquanto Murāri Gupta tratava seus pacientes, por sua misericórdia, tanto suas doenças corpóreas quanto espirituais saravam.

VERSO 52: Śrīmān Sena, o vigésimo segundo galho da árvore de Caitanya, era um servo muito fiel do Senhor Caitanya. Ele não conhecia nada além dos pés de lótus de Śrī Caitanya Mahāprabhu.

VERSO 53: Śrī Gadādhara Dāsa, o vigésimo terceiro galho, era tido como o mais elevado, pois induziu todos os Kazis muçulmanos a cantar o santo nome do Senhor Hari.

VERSO 54: Śivānanda Sena, o vigésimo quarto galho da árvore, era um servo extremamente íntimo do Senhor Caitanya Mahāprabhu. Todos os que iam para Jagannātha Purī visitar o Senhor Caitanya hospedavam-se e orientavam-se com Śrī Śivānanda Sena.

VERSO 55: Cada ano, ele levava um grupo de devotos da Bengala para Jagannātha Purī para visitar o Senhor Caitanya. Ele cuidava de todo o grupo enquanto eles viajavam pela estrada.

VERSO 56: O Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu concede Sua misericórdia imotivada a Seus devotos sob três aspectos: Seu próprio aparecimento direto [sākṣāt], Seu talento dentro de alguém a quem Ele concede poderes [āveśa] e Sua manifestação [āvirbhāva].

VERSO 57: O aparecimento do Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu na presença de todos os devotos chama-se sākṣāt. Seu aparecimento em Nakula Brahmacārī como sintoma de talento especial é um exemplo de āveśa.

VERSO 58: Śrī Caitanya Mahāprabhu deu o nome Nṛsiṁhānanda Brahmacārī ao antigo Pradyumna Brahmacārī.

VERSO 59: Em seu corpo, havia sintomas de āvirbhāva. Tais aparecimentos são incomuns, mas o Senhor Caitanya revelou muitos passatempos assim por meio de Seus diferentes aspectos.

VERSO 60: Śrīla Śivānanda Sena experimentou os três aspectos sākṣāt, āveśa e āvirbhāva. Mais adiante, descreverei os pormenores desse assunto transcendentalmente bem-aventurado.

VERSO 61: Os filhos, servos e membros familiares de Śivānanda Sena constituíram outro galho secundário. Todos eles eram servos sinceros do Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu.

VERSO 62: Os três filhos de Śivānanda Sena, chamados Caitanya Dāsa, Rāmadāsa e Karṇapūra, eram todos devotos heroicos do Senhor Caitanya.

VERSO 63: Śrīvallabha Sena e Śrīkānta Sena eram também galhos secundários de Śivānanda Sena, pois eram, não somente seus sobrinhos, mas também devotos imaculados de Śrī Caitanya Mahāprabhu.

VERSO 64: Govindānanda e Govinda Datta, o vigésimo quinto e o vigésimo sexto galhos da árvore, realizavam kīrtana na companhia de Śrī Caitanya Mahāprabhu. Govinda Datta era o cantor principal no grupo de kīrtana do Senhor Caitanya.

VERSO 65: Śrī Vijaya Dāsa, o vigésimo sétimo galho, outro dos principais cantores do Senhor, deu ao Senhor muitos livros escritos à mão.

VERSO 66: Śrī Caitanya Mahāprabhu deu a Vijaya Dāsa o nome Ratnabāhu [“de mãos preciosas”], pois esse copiou para Ele muitos manuscritos. O vigésimo oitavo galho foi Kṛṣṇadāsa, que era muito querido pelo Senhor. Ele era conhecido como Akiñcana Kṛṣṇadāsa.

VERSO 67: O vigésimo nono galho foi Śrīdhāra, um comerciante de casca de bananeira. Ele era um servo muito querido do Senhor. Em muitas ocasiões, o Senhor fez brincadeiras com ele.

VERSO 68: Diariamente, o Senhor Caitanya Mahāprabhu, de brincadeira, apanhava frutas, flores e polpa de Śrīdhāra e bebia água de seu pote de ferro quebrado.

VERSO 69: O trigésimo galho foi Bhagavān Paṇḍita. Ele era um servo extremamente querido do Senhor, mas, mesmo anteriormente, foi um grande devoto do Senhor Kṛṣṇa, e sempre mantinha o Senhor dentro de seu coração.

VERSO 70: O trigésimo primeiro galho foi Jagadīśa Paṇḍita, e o trigésimo segundo foi Hiraṇya Mahāśaya, a quem o Senhor Caitanya, em Sua infância, mostrou Sua misericórdia imotivada.

VERSO 71: Tanto na casa de um quanto na do outro, o Senhor Caitanya Mahāprabhu mendigou alimentos em dia de Ekādaśī e comeu-os Ele mesmo.

VERSO 72: O trigésimo terceiro e o trigésimo quarto galhos foram os dois estudantes de Śrī Caitanya Mahāprabhu chamados Puruṣottama e Sañjaya, que eram ótimos alunos de gramática. Eles eram personalidades muito elevadas.

VERSO 73: Vanamālī Paṇḍita, o trigésimo quinto galho da árvore, foi muito famoso neste mundo. Ele viu nas mãos do Senhor uma maça e um arado de ouro.

VERSO 74: O trigésimo sexto galho, Buddhimanta Khān, era extremamente querido pelo Senhor Caitanya Mahāprabhu. Ele estava sempre pronto a cumprir as ordens do Senhor, e por isso era considerado um dos servos principais do Senhor.

VERSO 75: Garuḍa Paṇḍita, o trigésimo sétimo galho da árvore, dedicava-se sempre a cantar o nome auspicioso do Senhor. Devido à força deste canto, mesmo os efeitos de veneno não puderam afetá-lo.

VERSO 76: Gopīnātha Siṁha, o trigésimo oitavo galho da árvore, foi um servo fiel do Senhor Caitanya Mahāprabhu. O Senhor, de brincadeira, chamava-o de Akrūra.

VERSO 77: Devānanda Paṇḍita era um recitador profissional do Śrīmad-Bhāgavatam, mas, pela misericórdia de Vakreśvara Paṇḍita e pela graça do Senhor, ele compreendeu a interpretação devocional do Bhāgavatam.

VERSOS 78-79: Śrī Khaṇḍavāsī Mukunda e seu filho Raghunandana foram o trigésimo nono galho da árvore, Narahari foi o quadragésimo, Cirañjīva, o quadragésimo primeiro, e Sulocana, o quadragésimo segundo. Todos eles foram grandes galhos da todo-misericordiosa árvore de Caitanya Mahāprabhu. Eles distribuíram os frutos e flores do amor a Deus em toda parte.

VERSO 80: Satyarāja, Rāmānanda, Yadunātha, Puruṣottama, Śaṅkara e Vidyānanda pertenceram todos ao vigésimo galho. Eles eram habitantes da vila conhecida como Kulīna-grāma.

VERSO 81: Todos os habitantes da vila de Kulīna-grāma, encabeçados por Vāṇīnātha Vasu, eram servos do Senhor Caitanya, que era a única vida e riqueza deles.

VERSO 82: O Senhor disse: “Para não falar dos outros, mesmo um cão na vila Kulīna-grāma é Meu querido amigo.”

VERSO 83: “Ninguém pode falar sobre a posição afortunada de Kulīna-grāma. Ela é tão sublime que, mesmo os varredores que cuidam de seus porcos lá, também cantam o mahā-mantra Hare Kṛṣṇa.”

VERSO 84: No lado ocidental, estavam o quadragésimo terceiro, o quadragésimo quarto e o quadragésimo quinto galhos – Śrī Sanātana, Śrī Rūpa e Anupama. Eles eram os melhores de todos.

VERSO 85: Entre esses galhos, Rūpa e Sanātana eram os principais. Anupama, Jīva Gosvāmī e outros, liderados por Rajendra, foram seus galhos secundários.

VERSO 86: Pela vontade do jardineiro supremo, os galhos de Śrīla Rūpa Gosvāmī e Sanātana Gosvāmī multiplicaram-se, expandindo-se por todos os países ocidentais e cobrindo toda a região.

VERSO 87: Estendendo-se até as margens do rio Sindhu e os vales das montanhas dos Himalaias, eles expandiram-se por toda a Índia, incluindo todos os lugares de peregrinação, tais como Vṛndāvana, Mathurā e Haridvāra.

VERSO 88: Os frutos do amor a Deus que frutificaram nesses dois galhos foram distribuídos em abundância. Ao saborear esses frutos, todos enlouqueciam por eles.

VERSO 89: As pessoas em geral, no lado ocidental da Índia, não eram nem inteligentes nem de bom comportamento, mas, pela influência de Śrīla Rūpa Gosvāmī e de Sanātana Gosvāmī, foram treinadas a prestar serviço devocional e ter boa conduta.

VERSO 90: Segundo as orientações das escrituras reveladas, ambos os Gosvāmīs escavaram os locais perdidos de peregrinação e inauguraram a adoração às Deidades em Vṛndāvana.

VERSO 91: Śrīla Raghunātha Dāsa Gosvāmī, o quadragésimo sexto galho da árvore, foi um dos servos mais queridos do Senhor Caitanya Mahāprabhu. Ele deixou todas as suas posses materiais para render-se inteiramente ao Senhor e viver a Seus pés de lótus.

VERSO 92: Quando Raghunātha Dāsa Gosvāmī aproximou-se de Śrī Caitanya Mahāprabhu em Jagannātha Purī, o Senhor confiou-o aos cuidados de Svarūpa Dāmodara, Seu secretário. Assim, ambos se ocuparam no serviço confidencial ao Senhor.

VERSO 93: Ele prestou serviço confidencial ao Senhor durante dezesseis anos em Jagannātha Purī, e, após o desaparecimento tanto do Senhor quanto de Svarūpa Dāmodara, ele deixou Jagannātha Purī e foi para Vṛndāvana.

VERSO 94: Śrīla Raghunātha Dāsa Gosvāmī pretendia ir a Vṛndāvana ver os pés de lótus de Rūpa e Sanātana, depois do que abandonaria seu corpo saltando da colina Govardhana.

VERSO 95: Assim, Śrīla Raghunātha Dāsa Gosvāmī foi para Vṛndāvana, visitou Śrīla Rūpa Gosvāmī e Sanātana Gosvāmī e prestou-lhes suas reverências.

VERSO 96: Contudo, esses dois irmãos não lhe permitiram que morresse, mas aceitaram-no como seu terceiro irmão, e mantiveram-no em sua companhia.

VERSO 97: Como Raghunātha Dāsa Gosvāmī era assistente de Svarūpa Dāmodara, ele sabia muito sobre os aspectos internos e externos dos passatempos do Senhor Caitanya. Assim, os dois irmãos, Rūpa e Sanātana, sempre costumavam ouvi-lo a respeito disso.

VERSO 98: Aos poucos, Raghunātha Dāsa Gosvāmī abandonou toda comida e bebida, tomando apenas algumas gotas de soro de leite.

VERSO 99: Como dever diário, ele regularmente prestava mil reverências ao Senhor, cantava pelo menos cem mil santos nomes e prestava reverências a dois mil vaiṣṇavas.

VERSO 100: Dia e noite, ele prestava serviço mentalmente a Rādhā e Kṛṣṇa, e, por três horas do dia, discorria sobre o caráter do Senhor Caitanya Mahāprabhu.

VERSO 101: Śrī Raghunātha Dāsa Gosvāmī tomava três banhos por dia no lago Rādhā-kuṇḍa. Assim que encontrava um vaiṣṇava residente de Vṛndāvana, ele o abraçava e prestava-lhe todo respeito.

VERSO 102: Ele se ocupava em serviço devocional por mais de vinte e duas horas e meia por dia, e dormia durante menos de duas horas, embora em alguns dias isso também não fosse possível.

VERSO 103: Fico maravilhado ao ouvir sobre o serviço devocional que ele executava. Aceito Śrīla Rūpa Gosvāmī e Śrīla Raghunātha Dāsa Gosvāmī como meus guias.

VERSO 104: Mais adiante, explicarei muito elaboradamente como todos esses devotos encontraram Śrī Caitanya Mahāprabhu.

VERSO 105: Śrī Gopāla Bhaṭṭa Gosvāmī, o quadragésimo sétimo galho, foi um dos grandes e elevados galhos da árvore. Ele sempre se dedicava a conversas sobre o amor a Deus na companhia de Rūpa Gosvāmī e Sanātana Gosvāmī.

VERSO 106: O ācārya Śaṅkarāraṇya foi considerado o quadragésimo oitavo galho da árvore original. A partir dele, brotaram os galhos secundários conhecidos como Mukunda, Kāśīnātha e Rudra.

VERSO 107: Śrīnātha Paṇḍita, o quadragésimo nono galho, foi o amado receptáculo de toda a misericórdia de Śrī Caitanya Mahāprabhu. Todos, nos três mundos, espantavam-se de ver como ele adorava o Senhor Kṛṣṇa.

VERSO 108: Jagannātha Ācārya, o quinquagésimo galho da árvore de Caitanya, era um servo extremamente querido do Senhor, por cuja ordem ele decidiu viver às margens do Ganges.

VERSO 109: O quinquagésimo primeiro galho da árvore de Caitanya foi Kṛṣṇadāsa Vaidya, o quinquagésimo segundo foi Paṇḍita Śekhara, o quinquagésimo terceiro foi Kavicandra e o quinquagésimo quarto foi Ṣaṣṭhīvara, que era um grande executante de saṅkīrtana.

VERSO 110: O quinquagésimo quinto galho foi Śrīnātha Miśra, o quinquagésimo sexto foi Śubhānanda, o quinquagésimo sétimo foi Śrīrāma, o quinquagésimo oitavo foi Īśāna, o quinquagésimo nono foi Śrīnidhi, o sexagésimo foi Śrī Gopīkānta, e o sexagésimo primeiro foi Miśra Bhagavān.

VERSO 111: O sexagésimo segundo galho da árvore foi Subuddhi Miśra, o sexagésimo terceiro foi Hṛdayānanda, o sexagésimo quarto foi Kamala-nayana, o sexagésimo quinto foi Maheśa Paṇḍita, o sexagésimo sexto foi Śrīkara, e o sexagésimo sétimo foi Śrī Madhusūdana.

VERSO 112: O sexagésimo oitavo galho da árvore original foi Puruṣottama, o sexagésimo nono foi Śrī Gālīma, o septuagésimo foi Jagannātha Dāsa, o septuagésimo primeiro foi Śrī Candraśekhara Vaidya, e o septuagésimo segundo foi Dvija Haridāsa.

VERSO 113: O septuagésimo terceiro galho da árvore original foi Rāmadāsa, o septuagésimo quarto foi Kavicandra, o septuagésimo quinto foi Śrī Gopāla Dāsa, o septuagésimo sexto foi Bhāgavata Ācārya, e o septuagésimo sétimo foi Ṭhākura Sāraṅga Dāsa.

VERSO 114: O septuagésimo oitavo galho da árvore original foi Jagannātha Tīrtha, o septuagésimo nono foi o brāhmaṇa Śrī Jānakīnātha, o octogésimo foi Gopāla Ācārya, e o octogésimo primeiro foi o brāhmaṇa Vāṇīnātha.

VERSO 115: Os três irmãos Govinda, Mādhava e Vāsudeva foram o octogésimo segundo, o octogésimo terceiro e o octogésimo quarto galhos da árvore. O Senhor Caitanya e Nityānanda costumavam dançar quando eles executavam kīrtana.

VERSO 116: Rāmadāsa Abhirāma vivia plenamente absorto na doçura de amizade. Ele fez uma flauta de vara de bambu com dezesseis orifícios.

VERSO 117: Por ordem de Śrī Caitanya Mahāprabhu, três devotos acompanharam o Senhor Nityānanda Prabhu quando Este retornou à Bengala a fim de pregar.

VERSO 118: Esses três foram Rāmadāsa, Mādhava Ghoṣa e Vāsudeva Ghoṣa. Govinda Ghoṣa, contudo, permaneceu com Śrī Caitanya Mahāprabhu em Jagannātha Purī e, assim, sentiu grande satisfação.

VERSO 119: Bhāgavata Ācārya, Cirañjīva, Śrī Raghunandana, Mādhavācārya, Kamalākānta e Śrī Yadunandana estavam todos entre os galhos da árvore de Caitanya.

VERSO 120: Jagāi e Mādhāi, o octogésimo nono e o nonagésimo galhos da árvore, foram os maiores receptáculos da misericórdia do Senhor Caitanya. Esses dois irmãos foram as testemunhas que provaram que o Senhor Caitanya fazia jus ao nome Patita-pāvana, “o libertador das almas caídas.”

VERSO 121: Acabo de dar uma breve descrição dos devotos do Senhor Caitanya na Bengala. Na verdade, são inúmeros os Seus devotos.

VERSO 122: Mencionei todos esses devotos em especial, pois eles acompanharam o Senhor Caitanya Mahāprabhu pela Bengala e por Orissa e O serviram de diversas maneiras.

VERSO 123: Deixai-me descrever brevemente alguns dos devotos do Senhor Caitanya Mahāprabhu em Jagannātha Purī.

VERSOS 124-126: Entre os devotos que acompanhavam o Senhor em Jagannātha Purī, dois deles – Paramānanda Purī e Svarūpa Dāmodara – eram o coração e a alma do Senhor. Entre os demais devotos, estavam Gadādhara, Jagadānanda, Śaṅkara, Vakreśvara, Dāmodara Paṇḍita, Ṭhākura Haridāsa, Raghunātha Vaidya e Raghunātha Dāsa.

VERSO 127: Todos esses devotos eram associados do Senhor desde o comecinho, e, quando o Senhor passou a morar em Jagannātha Purī, eles permaneceram ali, servindo-O fielmente.

VERSO 128: Todos os devotos que moravam na Bengala costumavam visitar Jagannātha Purī para ver o Senhor.

VERSO 129: Agora, enumerarei os primeiros devotos da Bengala a irem visitar o Senhor em Jagannātha Purī.

VERSO 130: Havia Sārvabhauma Bhaṭṭācārya, um dos maiores galhos da árvore do Senhor, e o esposo de sua irmã, Śrī Gopīnātha Ācārya.

VERSO 131: Na lista dos devotos em Jagannātha Purī [que começa com Paramānanda Purī, Svarūpa Dāmodara, Sārvabhauma Bhaṭṭācārya e Gopīnātha Ācārya], Kāśī Miśra era o quinto, Pradyumna Miśra era o sexto, e Bhavānanda Rāya era o sétimo. O Senhor Caitanya sentia muito prazer em encontrar-Se com eles.

VERSO 132: Abraçando Rāya Bhavānanda, o Senhor disse-lhe: “Outrora, apareceste como Pāṇḍu, e teus cinco filhos apareceram como os cinco Pāṇḍavas.”

VERSO 133: Os cinco filhos de Bhavānanda Rāya foram Rāmānanda Rāya, Paṭṭanāyaka Gopīnātha, Kalānidhi, Sudhānidhi e Nāyaka Vāṇīnātha.

VERSO 134: Śrī Caitanya Mahāprabhu disse a Bhavānanda Rāya: “Teus cinco filhos são todos Meus devotos queridos. Rāmānanda Rāya e Eu somos iguais, embora nossos corpos sejam diferentes.”

VERSOS 135-136: O rei Pratāparudra de Orissa, os devotos oriyās Kṛṣṇānanda e Śivānanda, Paramānanda Mahāpātra, Bhagavān Ācārya, Brahmānanda Bhāratī, Śrī Śikhi Māhiti e Murāri Māhiti constantemente se associavam com Caitanya Mahāprabhu enquanto Este residia em Jagannātha Purī.

VERSO 137: Mādhavīdevī, a décima sétima dos devotos proeminentes, era a irmã mais nova de Śikhi Māhiti. Considera-se que ela foi, anteriormente, uma criada de Śrīmatī Rādhārāṇī.

VERSO 138: Brahmacārī Kāśīśvara era discípulo de Īśvara Purī, e Śrī Govinda foi outro de seus queridos discípulos.

VERSO 139: Na lista dos devotos proeminentes em Nīlācala [Jagannātha Purī], Kāśīśvara foi o décimo oitavo, e Govinda, o décimo nono. Ambos foram ver Caitanya Mahāprabhu em Jagannātha Purī, segundo a ordem de Īśvara Purī à hora da morte.

VERSO 140: Tanto Kāśīśvara quanto Govinda eram irmãos espirituais de Śrī Caitanya Mahāprabhu, de modo que o Senhor prestou-lhes as devidas honras assim que chegaram. Todavia, como Īśvara Purī mandara-os prestar serviço pessoal a Caitanya Mahāprabhu, o Senhor aceitou o seu serviço.

VERSO 141: Govinda cuidava do corpo de Śrī Caitanya Mahāprabhu, ao passo que Kāśīśvara ia na frente do Senhor quando Este ia visitar Jagannātha no templo.

VERSO 142: Quando Caitanya Mahāprabhu ia ao templo de Jagannātha, Kāśīśvara, sendo muito forte, abria caminho entre as multidões com suas mãos de modo que Caitanya Mahāprabhu pudesse passar incólume.

VERSO 143: Rāmāi e Nandāi, o vigésimo e o vigésimo primeiro entre os devotos importantes em Jagannātha Purī, sempre ajudavam Govinda, vinte e quatro horas por dia, a prestar serviço ao Senhor.

VERSO 144: Todos os dias, Ramāi enchia vinte e dois grandes baldes de água, enquanto Nandāi pessoalmente ajudava Govinda.

VERSO 145: O vigésimo segundo devoto, Kṛṣṇadāsa, nasceu em uma família de brāhmaṇas puros e respeitáveis. Ao viajar pelo sul da Índia, o Senhor Caitanya levou Kṛṣṇadāsa com Ele.

VERSO 146: Como um devoto fidedigno, Balabhadra Bhaṭṭācārya, o vigésimo terceiro associado principal, agia como o brahmacārī de Śrī Caitanya Mahāprabhu quando Este viajava para Mathurā.

VERSO 147: Baḍa Haridāsa e Choṭa Haridāsa, o vigésimo quarto devoto e o vigésimo quinto devoto em Nīlācala, eram bons cantores e sempre acompanhavam o Senhor Caitanya.

VERSO 148: Entre os devotos que viviam com o Senhor Caitanya Mahāprabhu em Jagannātha Purī, Rāmabhadra Ācārya foi o vigésimo sexto, Siṁheśvara foi o vigésimo sétimo, Tapana Ācārya foi o vigésimo oitavo, Raghunātha Bhaṭṭācārya foi o vigésimo nono e Nīlāmbara foi o trigésimo.

VERSO 149: Siṅgābhaṭṭa foi o trigésimo primeiro, Kāmābhaṭṭa foi o trigésimo segundo, Śivānanda foi o trigésimo terceiro e Kamalānanda foi o trigésimo quarto. Antigamente, todos eles serviam a Śrī Caitanya Mahāprabhu na Bengala, porém, mais tarde, esses servos deixaram a Bengala para viver com o Senhor em Jagannātha Purī.

VERSO 150: Acyutānanda, o trigésimo quinto devoto, era o filho de Advaita Ācārya. Ele também vivia com o Senhor Caitanya Mahāprabhu, abrigado a Seus pés de lótus em Jagannātha Purī.

VERSO 151: Nirloma Gaṅgādāsa e Viṣṇudāsa foram o trigésimo sexto e o trigésimo sétimo entre os devotos que viviam em Jagannātha Purī como servos de Śrī Caitanya Mahāprabhu.

VERSOS 152-154: Os devotos proeminentes em Vārāṇasī eram o médico Candraśekhara, Tapana Miśra e Raghunātha Bhaṭṭācārya, filho de Tapana Miśra. Ao vir a Vārāṇasī após visitar Vṛndāvana, por dois meses o Senhor Caitanya viveu na residência de Candraśekhara Vaidya e aceitou prasāda na casa de Tapana Miśra.

VERSO 155: Quando Śrī Caitanya Mahāprabhu hospedou-Se na casa de Tapana Miśra, Raghunātha Bhaṭṭa, que então era um menino, lavava Seus pratos e massageava Suas pernas.

VERSO 156: Ao crescer e ficar um rapazinho, Raghunātha visitou o Senhor Caitanya Mahāprabhu em Jagannātha Purī, onde ficou por oito meses. Às vezes, ele oferecia prasāda ao Senhor.

VERSO 157: Mais tarde, por ordem do Senhor Caitanya, Raghunātha foi para Vṛndāvana, onde permaneceu ao abrigo de Śrīla Rūpa Gosvāmī.

VERSO 158: Enquanto esteve com Śrīla Rūpa Gosvāmī, sua ocupação era recitar o Śrīmad-Bhāgavatam para ele ouvir. Como resultado dessa recitação do Bhāgavatam, ele alcançou amor perfeito por Kṛṣṇa, que sempre o fazia enlouquecer.

VERSO 159: Dessa maneira, acabo de dar uma lista de apenas uma parte dos inúmeros devotos do Senhor Caitanya. Não é possível descrevê-los a todos.

VERSO 160: De cada galho da árvore, brotaram centenas e milhares de galhos secundários de discípulos e netos espirituais.

VERSO 161: Cada galho e galho secundário da árvore é cheio de frutas e flores inumeráveis. Eles inundam o mundo com as águas do amor a Kṛṣṇa.

VERSO 162: Cada galho dos devotos de Śrī Caitanya Mahāprabhu tem poder espiritual e glória ilimitados. Mesmo que alguém tivesse milhares de bocas, ser-lhe-ia impossível descrever os limites de suas atividades.

VERSO 163: Acabo de descrever brevemente os devotos do Senhor Caitanya Mahāprabhu em diferentes lugares. Nem o Senhor Śeṣa, que tem milhares de bocas, poderia enumerar todos eles.

VERSO 164: Orando aos pés de lótus de Śrī Rūpa e Śrī Raghunātha, desejando sempre a misericórdia deles, eu, Kṛṣṇadāsa, narro o Śrī Caitanya-caritāmṛta, seguindo seus passos.

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