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VERSO 168

veda nā māniyā bauddha haya ta’ nāstika
vedāśraya nāstikya-vāda bauddhake adhika

veda — a literatura védica;  — não; māniyā — aceitando; bauddha — os budistas; haya — são; ta’ — na verdade; nāstika — agnósticos; veda-āśraya — refugiando-se na civilização védica; nāstikya-vāda — agnosticismo; bauddhake — mesmo os budistas; adhika — ultrapassando.

“Os budistas não reconhecem a autoridade dos Vedas, razão pela qual são considerados agnósticos. No entanto, aqueles que se refugiaram nas escrituras védicas e, ao mesmo tempo, pregam o agnosticismo de acordo com a filosofia māyāvāda certamente são mais perigosos do que os budistas.”

SIGNIFICADO—Embora os budistas se oponham diretamente à filosofia vaiṣṇava, pode-se compreender facilmente que os śaṅkarites são mais perigosos, pois aceitam a autoridade dos Vedas ao mesmo tempo que agem contrariando a instrução védica. Vedāśraya nāstikya-vāda significa “agnosticismo sob o abrigo da cultura védica” e refere-se à filosofia monista dos māyāvādīs. O senhor Buddha abandonou a autoridade da literatura védica e, por causa disso, rejeitou as cerimônias ritualísticas e sacrifícios recomendados nos Vedas. Sua filosofia de nirvāṇa recomenda que se pare com todas as atividades materiais. O senhor Buddha não reconhecia a presença de formas transcendentais e atividades espirituais além do mundo material.
Ele simplesmente descreveu o niilismo além desta existência material. Os filósofos māyāvādīs adulam a autoridade védica, mas tentam escapar das cerimônias ritualísticas védicas. Eles criam uma ideia falsa de posição transcendental e chamam a si mesmos de Nārāyaṇa, ou Deus. Contudo, a posição de Deus é inteiramente diferente da imaginação deles. Tais filósofos māyāvādīs consideram-se acima da influência de karma-kāṇḍa (atividades fruitivas e suas reações). Para eles, o mundo espiritual equipara-se ao niilismo dos budistas. Há bem pouca diferença entre o impersonalismo e o niilismo. Pode-se entender diretamente o niilismo, mas o impersonalismo defendido pelos filósofos māyāvādīs não é nada fácil de compreender. Naturalmente, os filósofos māyāvādīs aceitam uma existência espiritual, mas não têm conhecimento do mundo espiritual e dos seres espirituais. Segundo o Śrīmad-Bhāgavatam (10.2.32):

ye ’nye ’ravindākṣa vimukta-māninas
tvayy asta-bhāvād aviśuddha-buddhayaḥ
āruhya kṛcchreṇa paraṁ padaṁ tataḥ
patanty adho ’nādṛta-yuṣmad-aṅghrayaḥ

A inteligência dos māyāvādīs não se purifica; portanto, apesar de praticarem austeridades em busca da autorrealização, não conseguem permanecer dentro do brahmajyoti impessoal. Em consequência disso, caem outra vez neste mundo material.

A concepção dos māyāvādīs de existência espiritual é quase idêntica à negação da existência material. Segundo creem os māyāvādīs, não há nada positivo na vida espiritual. Como resultado, eles não conseguem compreender o serviço devocional ou a adoração à Pessoa Suprema, sac-cid-ānanda-vigraha. Os filósofos māyāvādīs consideram que a adoração à Deidade em serviço devocional é pratibimba-vāda, ou seja, adoração a uma forma que é o reflexo de uma forma material falsa. Assim, os filósofos māyāvādīs desconhecem a forma transcendental do Senhor, que é eternamente bem-aventurada e plena de conhecimento. Embora no Śrīmad-Bhāgavatam se descreva explicitamente o termo Bhagavān, eles não conseguem entendê-lo. Brahmeti paramātmeti bhagavān iti śabdyate: “A Verdade Absoluta é chamada Brahman, Paramātmā e Bhagavān.” (Śrīmad-Bhāgavatam 1.2.11) Os māyāvādīs tentam entender apenas o Brahman, ou, no máximo, Paramātmā. Contudo, não conseguem compreender Bhagavān. Portanto, a Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, diz: māyayāpahṛta-jñānā. Devido ao temperamento dos filósofos māyāvādīs, eles são privados de conhecimento verdadeiro. Como não podem receber a misericórdia do Senhor, Sua forma transcendental sempre os confundirá. A filosofia impessoal destrói as três fases de conhecimento – āna, jñeya e jñatā. Quando se fala de conhecimento, deve haver uma pessoa conhecedora, o conhecimento em si e o objeto do conhecimento. A filosofia māyāvāda mistura essas três categorias, logo os māyāvādīs não conseguem entender como agem as potências espirituais da Suprema Personalidade de Deus. Devido a seu pobre fundo de conhecimento, eles não podem entender a distinção, no mundo espiritual, entre o conhecimento, o conhecedor e o objeto do conhecimento. Por causa disso, Śrī Caitanya Mahāprabhu considera os filósofos māyāvādīs mais perigosos do que os budistas.

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