VERSO 169
jīvera nistāra lāgi’ sūtra kaila vyāsa
māyāvādi-bhāṣya śunile haya sarva-nāśa
jīvera — das entidades vivas; nistāra — libertação; lāgi’ — com o fim de; sūtra — Vedānta-sūtra; kaila — fez; vyāsa — Śrīla Vyāsadeva; māyāvādī — dos impersonalistas; bhāṣya — comentário; śunile — caso ouça; haya — torna-se; sarva-nāśa — toda a destruição.
“Śrīla Vyāsadeva apresentou a filosofia vedānta para a libertação das almas condicionadas, mas, caso alguém ouça o comentário de Śaṅkarācārya, esse alguém perde tudo isso.”
SIGNIFICADO—O serviço devocional ao Senhor é descrito, sim, no Vedānta-sūtra; porém, os filósofos māyāvādīs, os śaṅkaristes, editaram um comentário conhecido como Śārīraka-bhāṣya, no qual se nega a forma transcendental do Senhor. Os filósofos māyāvādīs acham que a entidade viva é idêntica à Alma Suprema, Brahman. Seus comentários sobre o Vedānta-sūtra opõem-se por completo ao princípio do serviço devocional. Portanto, Caitanya Mahāprabhu aconselha-nos a evitar esses comentários. Quem se entregar a ouvir o Śārīraka-bhāṣya śaṅkarite, certamente ficará destituído de todo o conhecimento verdadeiro.
Os ambiciosos filósofos māyāvādīs desejam fundir-se na existência do Senhor, o que pode ser aceito como sāyujya-mukti. Entretanto, essa forma de mukti implica a negação de nossa existência individual. Em outras palavras, é uma espécie de suicídio espiritual. Isso se opõe absolutamente à filosofia de bhakti-yoga. Bhakti-yoga oferece imortalidade à alma condicionada individual. Quem segue a filosofia māyāvādī perde sua oportunidade de se tornar imortal após abandonar o corpo material. A imortalidade do indivíduo é a fase de perfeição máxima que uma entidade viva pode atingir.