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VERSOS 24-25

ekadā dhanur udyamya
vicaran mṛgayāṁ vane
mṛgān anugataḥ śrāntaḥ
kṣudhitas tṛṣito bhṛśam

jalāśayam acakṣāṇaḥ
praviveśa tam āśramam
dadarśa munim āsīnaṁ
śāntaṁ mīlita-locanam

ekadā — certa vez; dhanuḥ — arco e flechas; udyamya — empunhando firmemente; vicaran — perseguia; mṛgayām — caçada; vane — na floresta; mṛgān — veados; anugataḥ — enquanto perseguia; śrāntaḥ — fatigado; kṣudhitaḥ — faminto; tṛṣitaḥ — estando sedento; bhṛśam — extremamente; jala-āśayam — reservatório d’água; acakṣāṇaḥ — enquanto procurava; praviveśa — entrou em; tam — aquele famoso; āśramam — eremitério de Śamīka Ṛṣi; dadarśa — viu; munim — o sábio; āsīnam — sentado; śāntam — completamente silencioso; mīlita — fechados; locanam — olhos.

Certa vez, Mahārāja Parīkṣit, enquanto se ocupava em caçar na floresta com arco e flechas, sentiu-se extremamente fatigado, faminto e sedento enquanto perseguia os veados. Enquanto procurava um reservatório d’água, ele entrou no eremitério do famoso Śamīka Ṛṣi e viu o sábio sentado silenciosamente com os olhos fechados.

SIGNIFICADO—O Senhor Supremo é tão bondoso com Seus devotos puros que, no momento adequado, Ele chama esses devotos de volta para Ele e, assim, cria uma circunstância auspiciosa para o devoto. Mahārāja Parīkṣit era um devoto puro do Senhor, e não havia razão para ele se tornar extremamente fatigado, faminto e sedento, porque o devoto do Senhor jamais fica perturbado por tais demandas corpóreas. Entretanto, pelo desejo do Senhor, mesmo um devoto assim pode ficar aparentemente fatigado e sedento, simplesmente para criar uma situação favorável para sua renúncia às atividades mundanas. É preciso abandonar todo o apego às relações mundanas antes de se tornar apto a voltar ao Supremo, e, desse modo, quando um devoto está demasiadamente absorto em afazeres mundanos, o Senhor cria uma situação para causar indiferença. O Senhor Supremo nunca Se esquece de Seu devoto puro, mesmo que este esteja ocupado em supostos afazeres mundanos. O devoto pode entender uma coisa como sinal do Senhor, embora outros a julguem desfavorável e frustrante. Mahārāja Parīkṣit se tornaria o meio para a revelação do Śrīmad-Bhāgavatam pelo Senhor Śrī Kṛṣṇa, assim como seu avô Arjuna fora o intermediário para a Bhagavad-gītā. Se Arjuna não tivesse sido dominado por uma ilusão de afeição familiar, pela vontade do Senhor, a Bhagavad-gītā não teria sido falada pelo próprio Senhor para o bem de todos os interessados. De forma semelhante, se Mahārāja Parīkṣit não tivesse se sentido fatigado, faminto e sedento naquele momento, o Śrīmad-Bhāgavatam não teria sido falado por Śrīla Śukadeva Gosvāmī, a principal autoridade do Śrīmad-Bhāgavatam. Assim, temos um prelúdio para as circunstâncias sob as quais o Śrīmad-Bhāgavatam seria falado para o benefício de todos os interessados. O prelúdio, portanto, começa com as palavras “certa vez”.

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