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VERSO 4

tvaṁ naḥ sapatnair abhavāya kiṁ bhṛto
yo māyayā hanty asurān parokṣa-jit
tvāṁ yoga-māyā-balam alpa-pauruṣaṁ
saṁsthāpya mūḍha pramṛje suhṛc-chucaḥ

tvam — Tu; naḥ — nos; sapatnaiḥ — por nossos inimigos; abhavāya — para matar; kim — é isso que; bhṛtaḥ — mantido; yaḥ — Ele que; māyayā — pela decepção; hanti — mata; asurān — os demônios; parokṣa jit — que venceste, permanecendo invisível; tvām — Tu; yoga-māyā-balam — cuja força é o poder ilusório; alpa-pauruṣam — cujo poder é deficiente; saṁsthāpya — após matar; mūḍha — tolo; pramṛje — hei de eliminar; suhṛt-śucaḥ — o pesar de meus parentes.

Ó patife, nossos inimigos Te incentivaram a nos matar, e, permanecendo invisível, tens matado alguns demônios. Ó tolo, Teu poder é apenas místico; desse modo, hoje alegrarei meus parentes ao Te matar.

SIGNIFICADO—O demônio usou a palavra abhavāya, que significa “para matar”. Śrīdhara Svāmī comenta que esse “matar” significa liberar, ou, em outras palavras, eliminar o processo de contínuos nascimentos e mortes. O Senhor mata o processo de nascimentos e mortes e Se mantém invisível. As atividades da potência interna do Senhor são inconcebíveis, mas, com uma leve manifestação dessa potência, o Senhor, por Sua graça, pode libertar-nos da ignorância. Śucaḥ significa “sofrimentos”; os sofrimentos da existência material podem ser eliminados pelo Senhor através de Sua energia potencial da yogamāyā interna. Nas Upaniṣads (Śvetāśvatara Upaniṣad 6.8), afirma-se: parāsya śaktir vividhaiva śrūyate. O Senhor é invisível aos olhos do homem comum, mas Suas energias atuam de várias maneiras. Quando os demônios estão em adversidade, pensam que Deus está Se escondendo e atuando através de Sua potência mística. Eles acham que, se puderem encontrar Deus, serão capazes de matá-lO com o simples ato de vê-lO. Hiraṇyākṣa pensava assim, e desafiou o Senhor: “Tu causaste imenso prejuízo à nossa comunidade, aliando-Te aos semideuses, e mataste nossos parentes de muitas maneiras, sempre mantendo-Te escondido. Agora que Te vejo face a face, não Te deixarei escapar. Matar-Te-ei e salvarei meus parentes de Teus atos perversos de misticismo.”

Não apenas estão os demônios sempre ansiosos por matar Deus com palavras e filosofia, como também acham que alguém materialmente poderoso pode matar Deus com armas materialmente fatais. Demônios como Kaṁsa, Rāvaṇa e Hiraṇyakaśipu julgavam-se poderosos o bastante para matar até o próprio Deus. Os demônios não podem entender que Deus, através de Suas potências multifárias, é capaz de atuar tão maravilhosamente que pode estar presente em toda parte e, não obstante, permanecer em Sua morada eterna, Goloka Vṛndāvana.

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