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VERSO 9

devahūtir uvāca
prakṛteḥ puruṣasyāpi
lakṣaṇaṁ puruṣottama
brūhi kāraṇayor asya
sad-asac ca yad-ātmakam

devahūtiḥ uvāca — Devahūti disse; prakṛteḥ — de Suas energias; puruasya — da Pessoa Suprema; api — também; lakṣaam — características; puruṣa-uttama — ó Suprema Personalidade de Deus; brūhi — por favor, explica; kāraayoḥ — causas; asya — desta criação; sat-asat — manifesta e imanifesta; ca — e; yat-ātmakam — consistindo nas quais.

Devahūti disse: Ó Suprema Personalidade de Deus, por favor, explica-me as características da Pessoa Suprema e Suas energias, pois ambas são causadoras desta criação manifesta e imanifesta.

SIGNIFICADO—Prakṛti, ou a natureza material, relaciona-se tanto com o Senhor Supremo quanto com as entidades vivas, assim como uma mulher relaciona-se com o esposo como esposa e com os filhos como mãe. Na Bhagavad-gītā, o Senhor diz que fecunda a mãe natureza com filhos, as entidades vivas, após o que todas as espécies de entidades vivas se manifestam. Kapila Muni já explicou a relação das entidades vivas com a natureza material. Agora, Devahūti procura entender a relação entre a natureza material e o Senhor Supremo. Afirma-se que o produto dessa relação é o mundo material manifesto e imanifesto. O mundo material imanifesto é o mahat-tattva sutil, do qual emerge a manifestação material.

Os textos védicos dizem que a totalidade da energia material é fecundada pelo olhar do Senhor Supremo, depois do que tudo nasce da natureza material. o nono capítulo da Bhagavad-gītā também confirma que a natureza funciona sob Seu olhar, adhyakṣeṇa – sob Sua direção e por Sua vontade. Não é que a natureza funcione cegamente. Após entender a posição das almas condicionadas em relação com a natureza material, Devahūti quis saber como a natureza funciona sob a direção do Senhor e qual é a relação entre a natureza material e o Senhor. Em outras palavras, ela quis aprender as características do Senhor Supremo em relação com a natureza material.

A relação das entidades vivas com a matéria e a do Senhor Supremo com a matéria certamente não estão no mesmo nível, embora os māyāvādīs interpretem dessa maneira. Quando se diz que as entidades vivas se confundem, os filósofos māyāvādīs atribuem essa confusão ao Senhor Supremo. Mas não há coerência nisso. O Senhor jamais Se deixa confundir. Essa é a diferença entre os personalistas e os impersonalistas. Devahūti não é destituída de inteligência. Ela tem inteligência suficiente para entender que as entidades vivas não estão no mesmo nível que o Senhor Supremo. Como as entidades vivas são infinitesimais, elas se deixam confundir ou condicionar pela natureza material, mas isso não significa que o Senhor Supremo também Se deixa condicionar ou confundir. A diferença entre a alma condicionada e o Senhor é que o Senhor é o Senhor, o mestre da natureza material, de modo que Ele não está sujeito a seu controle. Ele não é controlado nem pela natureza espiritual, nem pela natureza material. Ele é o supremo controlador em pessoa, e não pode ser comparado às entidades vivas comuns, que são controladas pelas leis da natureza material.

Duas palavras usadas neste verso são sat e asat. A manifestação cósmica é asat – ela não existe –, mas a energia material do Senhor Supremo é sat, ou sempre existente. A natureza material é sempre existente sob sua forma sutil como a energia do Senhor, mas às vezes ela manifesta esta natureza material não-existente ou temporariamente existente, o cosmos. A esse respeito, pode-se fazer uma analogia com o pai e a mãe: a mãe e o pai existem, mas às vezes a mãe gera filhos. Da mesma forma, esta manifestação cósmica, que vem da natureza material imanifesta do Senhor Supremo, às vezes aparece e outra vez desaparece. Porém, a natureza material é sempre existente, e o Senhor é a causa suprema das manifestações sutil e grosseira deste mundo material.

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