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VERSO 17

dehy anya-deha-vivare jaṭharāgnināsṛg-
viṇ-mūtra-kūpa-patito bhṛśa-tapta-dehaḥ
icchann ito vivasituṁ gaṇayan sva-māsān
nirvāsyate kṛpaṇa-dhīr bhagavan kadā nu

dehī — a alma corporificada; anya-deha — de outro corpo; vivare — no abdômen; jaṭhara — do estômago; agninā — pelo fogo; asṛk — de sangue; viṭ — excremento; mūtra — e urina; kūpa — numa poça; patitaḥ — caída; bhṛśa — fortemente; tapta — queimado; dehaḥ — seu corpo; icchan — desejando; itaḥ — daquele lugar; vivasitum — escapar; gaṇayan — contando; sva-māsān — seus meses; nirvāsyate — eu me libertarei; kṛpaṇa-dhīḥ — pessoa de inteligência mesquinha; bhagavan — ó Senhor; kadā — quando; nu — de fato.

Caída numa poça de sangue, fezes e urina dentro do abdômen de sua mãe, com seu próprio corpo queimado pelo fogo gástrico da mãe, a alma corporificada, ansiosa por sair dali, conta seus meses e ora: “Ó meu Senhor, quando eu, mísera alma, estarei livre deste confinamento?”

SIGNIFICADO—Aqui se descreve a condição precária da entidade viva dentro do ventre de sua mãe. Em um lado do lugar onde a criança flutua, encontra-se o calor do fogo gástrico, e, no outro lado, estão a urina, o sangue e as fezes. Após sete meses, a criança, que acaba de recuperar sua consciência, sente a condição horrível de sua existência e ora ao Senhor. Contando os meses até sua libertação, ela anseia muitíssimo por escapar daquele confinamento. O dito homem civilizado não faz caso dessa horrível condição de vida, e às vezes, visando ao gozo dos sentidos, tenta matar a criança mediante métodos anticoncepcionais ou mediante o aborto. Tendo pouca seriedade quanto à horrível condição no ventre, pessoas desse tipo continuam no materialismo, abusando grosseiramente da oportunidade da forma de vida humana.

A expressão kṛpaṇa-dhīḥ é significativa neste verso. Dhī significa “inteligência”, e kṛpaṇa, “mesquinha”. Vida condicional é para pessoas que têm inteligência mesquinha ou que não utilizam sua inteligência corretamente. Na forma de vida humana, a inteligência é evoluída, e é preciso utilizar essa inteligência desenvolvida para escapar do ciclo de nascimentos e mortes. Quem não o faz é mesquinho, assim como uma pessoa que tem imensa riqueza, mas não a utiliza, guardando-a apenas para contemplá-la. Uma pessoa que não utiliza realmente sua inteligência humana para escapar das garras de māyā, o ciclo de nascimentos e mortes, é tida como mesquinha. O oposto exato de mesquinho é udāra – “muito magnânimo”. O brāhmaṇa é chamado de udāra por utilizar sua inteligência humana visando à compreensão espiritual. Ele usa essa inteligência a fim de pregar a consciência de Kṛṣṇa para o benefício do público, daí ser magnânimo.

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