VERSO 6
tāvad bhayaṁ draviṇa-deha-suhṛn-nimittaṁ
śokaḥ spṛhā paribhavo vipulaś ca lobhaḥ
tāvan mamety asad-avagraha ārti-mūlaṁ
yāvan na te ’ṅghrim abhayaṁ pravṛṇīta lokaḥ
tāvat — até então; bhayam — medo; draviṇa — riqueza; deha — corpo; suhṛt — parentes; nimittam — quanto a; śokaḥ — lamentação; spṛhā — desejo; paribhavaḥ — parafernália; vipulaḥ — muito grande; ca — também; lobhaḥ — avareza; tāvat — até este momento; mama — meu; iti — assim; asat — perecíveis; avagrahaḥ — compromisso; ārti-mūlam — cheias de ansiedades; yāvat — enquanto; na — não; te — Vossos; aṅghrim abhayam — seguros pés de lótus; pravṛṇīta — refugiam-se; lokaḥ — as pessoas do mundo.
Ó meu Senhor, as pessoas do mundo estão desorientadas por todas as ansiedades materiais – elas estão sempre com medo. Sempre tentam proteger a riqueza, o corpo e os amigos, estão cheias de lamentação e desejos e parafernália ilegais, e avaramente baseiam seus compromissos nas concepções perecíveis de “eu” e “meu”. Enquanto não se refugiam em Vossos seguros pés de lótus, estão cheias de tais ansiedades.
SIGNIFICADO—Pode ser que se pergunte como alguém pode sempre pensar no Senhor, no Seu nome, fama, qualidade etc., ao embaraçar-se com pensamentos de assuntos familiares. Todos no mundo material estão cheios de pensamentos sobre como manter a família, como proteger a riqueza, como acompanhar o ritmo dos amigos e parentes, etc. Deste modo, estão sempre temendo e se lamentando, tentando melhorar o seu status. Em resposta a essa pergunta, este verso falado por Brahmā é muito apropriado.
Um devoto puro do Senhor nunca se considera o proprietário de sua casa. Ele entrega tudo ao controle supremo do Senhor e, desta maneira, não vive preocupado com a manutenção da família ou com a proteção dos interesses da família. Por causa de sua rendição, não sente mais nenhuma atração por riqueza. Mesmo que se sinta atraído por riquezas, ele não a usa para o gozo dos sentidos, mas, sim, para o serviço ao Senhor. Pode ser que um devoto puro esteja atraído a acumular riquezas assim como um homem comum, mas a diferença é que o devoto adquire dinheiro para o serviço ao Senhor, ao passo que o homem comum adquire dinheiro para o gozo de seus sentidos. Assim, a aquisição de riquezas por parte de um devoto não é uma fonte de ansiedades, como acontece no caso do homem mundano. E porque um devoto puro aceita tudo no sentido de servir ao Senhor, os dentes venenosos do acúmulo de riqueza são extraídos. Caso se tire o veneno da cobra e ela morda uma pessoa, essa mordida não tem efeito fatal. Analogamente, a riqueza acumulada para a causa do Senhor não tem dentes venenosos, e o efeito não é fatal. O devoto puro nunca se enreda nos assuntos materiais mundanos, mesmo que esteja neste mundo como se fosse um homem comum.