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VERSOS 8-9

ātmānaṁ brahma-nirvāṇaṁ
pratyastamita-vigraham
avabodha-rasaikātmyam
ānandam anusantatam

avyavacchinna-yogāgni-
dagdha-karma-malāśayaḥ
svarūpam avarundhāno
nātmano ’nyaṁ tadaikṣata

ātmānam — o eu; brahma — espírito; nirvāṇam — extinção da existência material; pratyastamita — terminada; vigraham — separação; avabodha-rasa — com o espírito de conhecimento; eka-ātmyam — unidade; ānandam — bem-aventurança; anusantatam — expandida; avyavacchinna — contínua; yoga — pela prática de yoga; agni — pelo fogo; dagdha — queimados; karma — desejos fruitivos; mala — sujos; āśayaḥ — em sua mente; svarūpam — posição constitucional; avarundhānaḥ — compreendendo; na — não; ātmanaḥ — além da Alma Suprema; anyam — nada mais; tadā — então; aikṣata — via.

Através da expansão de seu conhecimento do Brahman Supremo, ele já alcançara a liberação do cativeiro do corpo. Esta liberação é conhecida como nirvāṇa. Ele se encontrava em bem-aventurança transcendental, e continuava sempre naquela existência bem-aventurada, que se expandia cada vez mais. Isso lhe era possível através da prática contínua de bhakti-yoga, que é comparada ao fogo porque consome todas as sujeiras materiais. Ele estava sempre situado em sua posição constitucional de autorrealização, e não podia ver nada além do Senhor Supremo e nada além de ele mesmo ocupado em prestar serviço devocional.

SIGNIFICADO—Esses dois versos explicam o seguinte verso da Bhagavad-gītā (18.54):

brahma-bhūtaḥ prasannātmā
na śocati na kāṅkṣati
samaḥ sarveṣu bhūteṣu
mad-bhaktiṁ labhate parām

“Aquele que está transcendentalmente situado compreende de imediato o Brahman Supremo e se enche de alegria. Ele jamais se lamenta, tampouco deseja ter algo. Tem a mesma disposição para com todas as entidades vivas. Nesse estado, ele alcança o serviço devocional puro a Mim.” O Senhor Caitanya também explica isso em Seu Śikṣāṣṭaka, no início do primeiro verso:

ceto-darpaṇa-mārjanaṁ bhava-mahā-dāvāgni-nirvāpaṇaṁ
śreyaḥ-kairava-candrikā-vitaraṇaṁ vidyā-vadhū-jīvanam

O sistema de bhakti-yoga é o mais elevado sistema de yoga, e, nesse sistema, o canto do santo nome do Senhor é a principal prática de serviço devocional. Cantando o santo nome, pode-se alcançar a perfeição do nirvāṇa, ou o libertar-se da existência material e, assim, expandir a vida bem-aventurada de existência espiritual, conforme descreve o Senhor Caitanya (ānandāmbudhi-vardhanam). Quem se situa nessa posição já não tem interesse algum na opulência material ou mesmo em um trono real e na soberania de todo um planeta. Essa situação se chama viraktir anyatra syāt. Ela é o resultado do serviço devocional.

Quanto mais avançamos em serviço devocional, mais nos desapegamos da opulência material e das atividades materiais. Assim é a natureza espiritual – plena de bem-aventurança. Descreve-se isso também na Bhagavad-gītā (2.59). Paraṁ dṛṣṭvā nivartate: deixamos de participar do gozo material ao saborearmos a vida bem-aventurada em existência espiritual, que é superior. Através do avanço em conhecimento espiritual, que é considerado como o fogo abrasador, todos os desejos materiais reduzem-se a cinzas. A perfeição do yoga místico é possível quando se está continuamente em contato com a Suprema Personalidade de Deus através da prática de serviço devocional. O devoto sempre pensa na Pessoa Suprema, a cada passo de sua vida. Toda alma condicionada está cheia das reações de sua vida passada, mas toda sujeira imediatamente se reduz a cinzas caso se execute serviço devocional. Descreve-se isso no Nārada-pañcarātra: sarvopādhi-vinirmuktaṁ tat-paratvena nirmalam.

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