VERSO 10
parityakta-guṇaḥ samyag
darśano viśadāśayaḥ
śāntiṁ me samavasthānaṁ
brahma kaivalyam aśnute
parityakta-guṇaḥ — alguém que está dissociado dos modos materiais da natureza; samyak — igual; darśanaḥ — cuja visão; viśada — incontaminada; āśayaḥ — cuja mente ou coração; śāntim — paz; me — Minha; samavasthānam — situação igual; brahma — espírito; kaivalyam — liberdade da contaminação material; aśnute — atinge.
Quando o coração se purifica de toda a contaminação material, a mente do devoto torna-se mais ampla e transparente, e ele pode ver as coisas com igualdade. Nessa fase de vida, existe paz, e a pessoa se situa como sac-cid-ānanda-vigraha, igual a Mim.
SIGNIFICADO—A concepção māyāvāda de kaivalya é diferente da concepção da comunidade vaiṣṇava. O māyāvādī pensa que, tão logo alguém se liberte de toda a contaminação material, imerge na existência do Supremo. O conceito de kaivalya do filósofo vaiṣṇava é diferente. Ele entende tanto a sua posição quanto a posição da Suprema Personalidade de Deus. Na condição incontaminada, a entidade viva entende que é serva eterna do Supremo, e isso se chama compreensão de Brahman, a perfeição espiritual da entidade viva. Essa harmonia se atinge muito facilmente. Como se afirma na Bhagavad-gītā, quem se ocupa no transcendental serviço amoroso ao Senhor situa-se de imediato na plataforma transcendental de kaivalya, ou Brahman.