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VERSO 12

bhinnasya liṅgasya guṇa-pravāho
dravya-kriyā-kāraka-cetanātmanaḥ
dṛṣṭāsu sampatsu vipatsu sūrayo
na vikriyante mayi baddha-sauhṛdāḥ

bhinnasya — diferente; liṅgasya — do corpo; guṇa — dos três modos da natureza material; pravāhaḥ — as mudanças constantes; dravya — elementos físicos; kriyā — atividades dos sentidos; kāraka — semideuses; cetanā — e a mente; ātmanaḥ — consistindo em; dṛṣṭāsu — quando experimentadas; sampatsu — felicidade; vipatsu — aflição; sūrayaḥ — aqueles que são avançados em conhecimento; na — nunca; vikriyante — ficam perturbados; mayi — a Mim; baddha-sauhṛdāḥ­ — atados pela amizade.

O Senhor Viṣṇu disse ao rei Pṛthu: Meu querido rei, as mudanças constantes deste mundo material devem-se à interação dos três modos da natureza material. Os cinco elementos, os sentidos, os semideuses que controlam os sentidos, bem como a mente, que é agitada pela alma espiritual – tudo isso, em conjunto, compreende o corpo. Uma vez que a alma espiritual é inteiramente diferente dessa combinação de elementos materiais grosseiros e sutis, Meu devoto, que está ligado a Mim por intensa amizade e afeição, nunca é agitado por felicidade e aflição materiais, pois tem conhecimento pleno.

SIGNIFICADO—Pode-se perguntar o seguinte: Se a entidade viva precisa agir como o superintendente das atividades da combinação corpórea, como, então, ela pode ser indiferente às atividades do corpo? Aqui se dá a resposta: Essas atividades são inteiramente diferentes das atividades da alma espiritual da entidade viva. A esse respeito, pode-se dar um exemplo grosseiro. Um homem de negócios via­jando em um automóvel está sentado no carro e supervisiona seu movimento e orienta o motorista. Ele sabe quanta gasolina o carro consome, e sabe tudo sobre o carro, mas, mesmo assim, é distinto do carro e está mais interessado em seus negócios. Mesmo enquan­to viaja no carro, ele pensa em seus negócios e em seu escritório. Ele não tem ligação com o carro, embora esteja sentado nele. Assim como o homem de negócios está sempre absorto em pensamentos relativos a seus negócios, a entidade viva pode absorver-se em pensamentos de prestar serviço amoroso ao Senhor. Nesse momento, será possível permanecer separada das atividades do corpo material. Essa posição de neutralidade só pode ser possível para o devoto.

A expressão baddha-sauhṛdāḥ – “atados pela amizade” – é usada especificamente aqui. Os karmīs, os jñānīs e os yogīs não podem estar absortos em serviço devocional. Os karmīs dedicam-se plenamente às atividades do corpo. Sua única meta de vida é dar conforto ao corpo. Os jñānīs procuram escapar do enredamento através da especulação filosófica, mas não conseguem estabelecer-se na posição liberada. Por não se refugiarem aos pés de lótus do Senhor, caem da posição elevada de compreensão do Brahman. Os yogīs também têm um conceito de vida corpóreo – eles pensam que podem obter algo espiritual exercitando o corpo através de dhāraṇā, āsana, prāṇāyāma etc. A posição do devoto é sempre transcendental devido à sua íntima relação com a Suprema Perso­nalidade de Deus. Portanto, permanecer sempre à parte das ações e reações do corpo e dedicar-se à verdadeira ocupação, ou seja, prestar serviço ao Senhor, só pode ser possível para os devotos.

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