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VERSO 30

manye giraṁ te jagatāṁ vimohinīṁ
varaṁ vṛṇīṣveti bhajantam āttha yat
vācā nu tantyā yadi te jano ’sitaḥ
kathaṁ punaḥ karma karoti mohitaḥ

manye — considero; giram — palavras; te — Vossas; jagatām — para o mundo material; vimohinīm — desconcertantes; varam — bênção; vṛṇīṣva — aceitai; iti — dessa maneira; bhajantam — ao Vosso devoto; āttha — falastes; yat — porque; vācā — pelas afirmações dos Vedas; nu — decerto; tantyā — pelos laços; yadi — se; te — Vossos; janaḥ — as pessoas em geral; asitaḥ — não amarradas; katham — como; punaḥ­ — repetidamente; karma — atividades fruitivas; karoti — executam; mohitaḥ — estando enamoradas.

Meu querido Senhor, o que disseste ao Vosso devoto imaculado é decerto muito desconcertante. Os atrativos que ofereceis nos Vedas certamente não são apropriados para os devotos puros. As pessoas em geral, atadas pelas palavras adocicadas dos Vedas, ocupam-se repetidamente em atividades fruitivas, enamoradas pelos resultados de suas ações.

SIGNIFICADO—Śrīla Narottama Dāsa Ṭhākura, grande ācārya do sampradāya gauḍīya­, diz que quem é muito apegado às atividades fruitivas dos Vedas, a saber, karma-kāṇḍa e jñāna-kāṇḍa, certamente está arruinado. Nos Vedas, há três categorias de atividades, conhecidas como karma-kāṇḍa (atividades fruitivas), jñāna-kāṇḍa (pesquisas filosóficas) e upāsanā-kāṇḍa (adoração a diferentes semideuses para se conseguir benefícios materiais). Aqueles que se dedicam a karma­kāṇḍa e a jñāna-kāṇḍa estão arruinados no sentido de que todos que estão presos na armadilha deste corpo material estão condenados, quer seja o corpo de um semideus, de um rei, de um animal inferior ou qualquer outro corpo. Os tormentos causados pelas três espécies de sofrimentos da natureza material são os mesmos para todos. Cul­tivar conhecimento para entender a posição espiritual também é, em certo sentido, uma perda de tempo. Como a entidade viva é uma eterna parte integrante do Senhor Supremo, sua função imediata é ocupar-se em serviço devocional. Portanto, Pṛthu Mahārāja diz que o encanto das bênçãos materiais é outra armadilha para nos enredarmos neste mundo material. Deste modo, ele diz francamente ao Senhor que a concessão de bênçãos por parte do Senhor, sob a forma de amenidades materiais, certamente é causa de desorientação. O devoto puro não tem interesse algum em bhukti ou mukti.

Às vezes, o Senhor oferece bênçãos aos devotos neófitos que ainda não entenderam que amenidades materiais não os farão feli­zes. No Caitanya-caritāmṛta, o Senhor diz, portanto, que o devoto sincero que não é muito inteligente poderá pedir algum benefício material ao Senhor, mas o Senhor, sendo onisciente, geralmente não dá recompensas materiais, senão que, ao contrário, tira quaisquer facilidades materiais desfrutadas por Seu devoto, de modo que, no final das contas, o devoto renda-se inteiramente a Ele. Em outras palavras, a oferta de bênçãos sob a forma de lucro material nunca é auspiciosa para o devoto. As afirmações nos Vedas que oferecem elevação aos planetas celestiais em troca de grandes sacrifícios são simplesmente desconcertantes. Portanto, na Bhagavad-gītā (2.42), o Senhor diz: yām imāṁ puṣpitāṁ vācaṁ pravadanty avipaścitaḥ. A classe menos inteligente de homens (avipaścitaḥ), atraída pela lin­guagem florida dos Vedas, ocupa-se em atividades fruitivas para tirar daí benefícios materiais. Assim, eles continuam, vida após vida, sob diferentes formas corpóreas, a buscar muitíssimo ardua­mente.

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