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VERSO 40

kṛcchro mahān iha bhavārṇavam aplaveśāṁ
ṣaḍ-varga-nakram asukhena titīrṣanti
tat tvaṁ harer bhagavato bhajanīyam aṅghriṁ
kṛtvoḍupaṁ vyasanam uttara dustarārṇam

kṛcchraḥ — incômodo; mahān — imenso; iha — aqui (nesta vida); bhava-arṇavam — oceano de existência material; aplava-īśām — dos não-devotos, que não se refugiam aos pés de lótus da Suprema Personalidade de Deus; ṣaṭ-varga — seis sentidos; nakram — tuba­rões; asukhena — com muita dificuldade; titīrṣanti — cruza; tat­ — portanto; tvam — tu; hareḥ — da Suprema Personalidade de Deus; bhagavataḥ — do Supremo; bhajanīyam — digno de adoração; aṅghrim — os pés de lótus; kṛtvā — fazendo; uḍupam — barco; vyasanam — toda espécie de perigos; uttara — cruza; dustara — muito difícil; arṇam — o oceano.

O oceano de ignorância é muito difícil de se atravessar porque está infestado de muitos tubarões perigosos. Embora aqueles que são não-devotos submetam-se a rigorosas austeridades e penitências para cruzar esse oceano, recomendamos que tu simplesmente te refugies aos pés de lótus do Senhor, que são como barcos para se cruzar o oceano. Apesar de o oceano ser difícil de transpor, abrigando-te a Seus pés de lótus, superarás todos os perigos.

SIGNIFICADO—A existência material é comparada neste verso ao grande oceano de ignorância. Outro nome desse oceano é Vaitaraṇī. Nesse oceano Vaitaraṇī, que é o Oceano Causal, existem inúmeros universos flutuando como bolas de futebol. No outro lado do oceano, está o mundo espiritual de Vaikuṇṭha, que a Bhagavad-gītā (8.20) descreve como paras tasmāt tu bhāvo ’nyaḥ. Logo, existe uma natu­reza espiritual eterna que está além desta natureza material. Muito embora todos os universos materiais sejam repetidamente aniquilados no Oceano Causal, os planetas Vaikuṇṭha, que são espirituais, existem eternamente e não estão sujeitos à dissolução. A forma humana de vida confere à entidade viva uma oportunidade de cruzar o oceano de ignorância, que é este universo material, e entrar no céu espiritual. Embora haja muitos métodos ou barcos com os quais alguém possa cruzar o oceano, os Kumāras recomendam que o rei se refugie aos pés de lótus do Senhor, assim como uma pessoa se abrigaria em um bom barco. Os não-devotos, que não se refugiam aos pés de lótus do Senhor, tentam cruzar o oceano de ignorância mediante outros métodos (karma, jñāna e yoga), mas se submetem a muitos incômodos. Na verdade, eles às vezes se absorvem tanto em desfrutar de seus problemas que jamais cruzam o oceano. Não há garantia alguma de que os não-devotos venham a cruzar o oceano, mas, mesmo que consigam fazê-lo, terão de submeter-se a rigorosas austeridades e penitências. Por outro lado, qualquer pessoa que adote o processo do serviço devocional e tenha fé de que os pés de lótus do Senhor são barcos seguros para cruzar esse oceano com certeza o cruzará com grande facilidade e conforto.

Portanto, Pṛthu Mahārāja é aconselhado a embarcar no barco dos pés de lótus do Senhor para transpor facilmente todos os peri­gos. Os elementos perigosos no universo são comparados a tuba­rões no oceano. Mesmo que alguém seja um grande nadador, não terá possibilidade de sobreviver caso seja atacado por tubarões. É fre­quente entre muitos ditos svāmīs e yogīs às vezes se declararem competentes para cruzar o oceano de ignorância e ajudar os outros a cruzá-lo, mas, na verdade, constata-se que eles são meras vítimas de seus próprios sentidos. Ao invés de ajudar seus seguidores a cruzar o oceano de ignorância, semelhantes svāmīs e yogīs são vitimados por māyā, representada pelo belo sexo, a mulher, e assim são devorados pelos tubarões neste oceano.

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